quarta-feira, 1 de fevereiro de 2006

Eurovision

"3 - O discurso mural

Mais do que ver o mundo, lemo-lo
G. Deleuze

(..) Há tempo que a escrita conseguiu conquistar a independência no respeitante a formas da imaginação que antigamente a constrangiam. Uma experiência comum do habitante da megalópolis moderna impõe ao seu sistema de percepção uma travessia por cenários e fragmentos de uma ordem que se dá só sob a forma de uma ilusão tipográfica, de uma miragem babélica, barroca por excelência. Isso diz-nos que a cidade é livro, albúm de dedicatórias que nos são secretamente destinadas, mas que eludem ao mesmo tempo qualquer desejo de coerência e decifração.
Um discurso - um texto fragmentário e fracturado - disperso pela cidade, promete e adia simultaneamente a reconstrucção final de sentido em nome de um relato, de uma mitologia (não importa se pessoal ou colectiva), ou até de uma lenda. A cidade é o hiperespaço do texto, um lugar que se revela privilegiado para a inserção do sinal linguístico.
(..) Tecido urbano e texto aproximam-se agora da experiência quotidiana da travessia."
Fernando R. de la Flor

Palavras para quê?
Está tudo neste ensaio que o J.M.V.M. me ofereceu.
Tiragem muito pequena.
É comprar (ou roubar) já, que é bastante maravilhoso.
BiBlioclasmo, de Fernando R. de la Flor, Ed. Cotovia
Bibliolitia: Destruição voluntária de livros (BIBLIO-CLASTIA).