domingo, 31 de dezembro de 2006

sábado, 30 de dezembro de 2006

SELF-ESTEEM 2

Discotheater considerado um dos melhores espectáculos de 2006 pelo jornal Expresso

"[Existem em Lisboa] propostas de grupos que não sendo novos têm ainda toda a frescura de quem quer colocar tudo em causa, como o Teatro Praga."
Cristina Margato, Expresso, 30 de Dezembro de 2006
Photobucket - Video and Image Hosting
(fotografia: Ângelo Fernandes)

quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

SELF-ESTEEM

DISCOTHEATER considerado um dos melhores espectáculos de 2006 pelo Diário de Notícias.

"Assinalável, ainda, a consistência programática com que o projecto revolucionário do Teatro Praga continua a desestabilizar preconceitos estéticos"
MPQ in DN, 24 de Dezembro de 2006
Photobucket - Video and Image Hosting
(fotografia: Ângelo Fernandes)

terça-feira, 12 de dezembro de 2006

Shall We Dance em Faro

Photobucket - Video and Image Hosting
CENTRO DE ARTES PERFORMATIVAS DO ALGARVE
rua Frei Lourenço de Sta. Maria n 4, 8000-352 Faro
www.devir-capa.com
informações e reservas: 289 828784 / 91 8703414

sexta-feira, 1 de dezembro de 2006

status: dreamy

in Discotheater, June 2006:
"We feel as if we were in a dream.
We had a wonderfully beautiful dream and we scarcely dare to even think of it: because we fear to see it vanishing from us. And yet that’s precisely our task: to interpret and record dreams.
All this is nothing but dream interpretation."

fotos: Ângelo Fernandes
Photobucket - Video and Image Hosting

Photobucket - Video and Image Hosting

Photobucket - Video and Image Hosting

segunda-feira, 27 de novembro de 2006

COLINA 2006

Esta é a última edição do Colina e realiza-se durante as próximas duas semanas no GRAN Teater for Dans em Aarhus na Dinamarca .
A Paula Diogo participa pelo Teatro Praga e o que por lá vai acontecendo pode ser consultado aqui.
Photobucket - Video and Image Hosting

sábado, 18 de novembro de 2006

Nigredo, Albedo, Citredo, Rubedo

«Em seu livro " Psicologia e Alquimia", Jung refere-se às cores que caracterizam as quatro fases da transformação alquímica na tradição ocidental: a melanosis (o enegrecimento), leukosis ( embranquecimento), xanthosis (amarelecimento) e a Iosis ( enrubescimento),notando que, por volta dos séculos XV e XVI, as cores foram reduzidas a três, sendo que a xanthosis ( o amarelecimento)- também chamado Citrinitas foi caindo em desuso e sendo raramente mencionado. Jung também irá colocar que "quando a primeira meta principal da obra , o Albedo, é alcançada, ela é altamente valorizada pelos alquimistas como se fosse a última meta. Porém , a Albedo é por assim dizer, a aurora; mas só a Rubedo é o nascer do sol. A transição para a Rubedo constitui o amarelecimento (Citrinitas) da obra. A Rubedo sucede então diretamente à Albedo, mediante a elevação do fogo à sua maior intensidade. O branco e o vermelho- Rainha e o Rei – podem então celebrar suas núpcias alquímicas."»

fonte: http://www.rubedo.psc.br/Artigos/amarele.html

domingo, 12 de novembro de 2006

ESTA SEMANA - EUROVISION

Festival A8 LAB - Torres Vedras

15 de Novembro (11:30)
16 de Novembro (16:00)
17 e 18 de Novembro (21:30)

Photobucket - Video and Image Hosting

co-produção Teatro Praga / Transforma AC / ZDB
um espectáculo de Pedro Penim, André e. Teodósio e Martim Pedroso
com a colaboração de Rogério Nuno Costa
produção: Pedro Pires

Transforma AC/Tzero
Praça do Município, 8
2560 289 Torres Vedras
tel +351 261 336 320
e-mail info@transforma.mail.pt

quinta-feira, 9 de novembro de 2006

PUBLICIDADE

ARTE CONTEMPORÂNEA
Conferências "Conversas à volta das Margens" – 2006 (7ª edição)
11 e 12 de Novembro
Auditório da Biblioteca Municipal de Montemor-o-Novo

MARGENS é o conceito que circunscreve a programação geral de 2006 da Associação Oficinas do Convento e que visa contribuir para o aprofundamento e conhecimento da situação específica do lugar, promovendo a criação artística a partir do conceito - margem. Pensar a cidade como um lugar de margem, permeável por influências externas mas, onde se forjam circunstâncias específicas de produção e criação é uma forma de compreender as particularidades do lugar e potenciar as mesmas.

Inscrição no site www.oficinasdoconvento.com

Photobucket - Video and Image Hosting

DIA 11

10:15h – 1º painel Programar nas Margens
Virgínia Fróis (Oficinas do Convento, FBAUL)
Luís Firmo (Transforma Ac – Torres Vedras)
Isabel Corte Real ( Docente no Mestrado de Curadoria)
Moderação: Miguel Honrado (Escola Superior de Teatro e Cinema)

14:30h – 2º painel Corpo nas Margens
José Gil (Univ. Nova de Lisboa)
Ruth Rosengarthen ( Artista, Historiadora de Arte)
Jacinto Lageira (Crítico de Arte, Professor na Sorbonne)
Moderação: Dulce Neves (Socióloga)

DIA 12

10:00h – 3º painel Experiência das Margens
Ricardo Nicolau (Curador, Adj. do Director do Museu de Serralves)
Maria Teresa Cruz (Univ. Nova de Lisboa)
Maria João Gamito (FBAUL)
Moderador: Rita Fabiana (FCG – Serviço de Belas Artes)

14:30h – 4º painel Fazer nas Margens
Gabriela Vaz Pinheiro (Artista, FBAUP)
Liliana Coutinho (Curadora)
Rui Horta (O espaço do tempo)
Moderador: José António Fernandes Dias (Antropólogo, FBAUL)

sexta-feira, 3 de novembro de 2006

Herr T.P. Memória - Melodias de Sempre

Photobucket - Video and Image Hosting
(foto: Ângelo Fernandes)

Everybody's doin' a brand new dance now
(C'mon baby, do the locomotion)
I know you'll get to like it if you give it a chance now
(C'mon baby, do the locomotion)
My little baby sister can do it with ease
It's easier than learnin' your ABC's
So c'mon, c'mon, do the locomotion with me
You gotta swing your hips now
So, C'mon baby, jump up, jump back
Oh well, I think you've got the knack
Now that you can do it let's make a chain, now
(C'mon baby, do the locomotion)
Chug-a-chug-a-motion like a railway train now
(C'mon baby, do the locomotion)
Do it nice and easy now and don't lose control
A little bit of rhythm and a lotta soul
So c'mon, c'mon, do the locomotion with me

(The Locomotion - Little Eva)

Auto-ajuda nº9

"I WANT TO BE AS FAMOUS AS PERSIL AUTOMATIC*"

Victoria Beckham

(...)

*One of the UK's leading detergents

(in IT'S NOT HOW GOOD YOU ARE, IT'S HOW GOOD YOU WANT TO BE., de Paul Arden, ed. Phaidon)

Auto-ajuda nº8

"FAIL, FAIL AGAIN. FAIL BETTER"

Samuel Beckett

(in IT'S NOT HOW GOOD YOU ARE, IT'S HOW GOOD YOU WANT TO BE., de Paul Arden, ed. Phaidon)

Auto-ajuda nº7

THE PEROSN WHO DOESN'T MISTAKES IS UNLIKELY TO MAKE ANYTHING.

Benjamin Franklin said, "I haven't failed, I've had 10000 ideas that didn't work."

(...)

At the last company I worked you would not be fired for being wrong, but you would be fired for not having initiative.
It had a positive attitude to mistakes. It was a great company.
Failure was a major contributor to its success.

(...)

"THERE IS NOTHING THAT IS MORE CERTAIN SIGN OF INSANITY THAN TO DO THE SAME THING OVER AND OVER AND EXPECT THE RESULTS TO BE DIFFERENT"
Einstein

(in IT'S NOT HOW GOOD YOU ARE, IT'S HOW GOOD YOU WANT TO BE., de Paul Arden, ed. Phaidon)

Fui

Passo a estar aqui:
http://www.bosquedepenamacor.blogspot.com/
Bjs,
amet

De novo no activo

www.teatropraga.com

Photobucket - Video and Image Hosting

Ainda a necessitar de actualizações mas pelo menos está activo.

domingo, 29 de outubro de 2006

PUBLICIDADE

Performance: estudos
Ciclo de conferências que tem como ponto de partida o exercício da performance nas artes plásticas mas, pretendendo, complementarmente, abranger algumas extensões temáticas que contribuem para a definição da natureza individual de cada performance.
Para além de uma abordagem histórica, pretende-se uma concentração nessas extensões temáticas, conseguida através do convite a oradores de diferentes áreas, ocupações e zonas artísticas.


Photobucket - Video and Image Hosting
Programa:

Quinta-feira, 2 de Novembro -
Isabel Carlos *
Performance ou a Arte num Lugar Incómodo: Desde a sua génese nas vanguardas do séc.XX até à sua especificidade enquanto linguagem artística.

* Mestrado em Comunicação Social pelo Depart. de Comunicação Social, Fac. Ciências Sociais e Humanas, Univ. Nova de Lisboa, com a tese “Performance ou a Arte num Lugar Incómodo”; curadora e crítica de arte.

Quarta-feira, 8 de Novembro - Jacinto Lageira *
Forma, material e sujeito do corpo: o corpo considerado como forma, material e sujeito em produções performativas.

* Professor de estética na Université Paris 1 – Pathéon Sorbonne; crítico de arte.

Quarta-feira, 15 de Novembro - Liliana Coutinho *
Judson Dance Theatre: algumas repercussões

* Doutoranda na École Doctorale d’Arts Plastiques, Cinema e Sciences de l’Art, na Université Paris 1 – Pathéon – Sorbonne, onde desenvolve uma investigação intitulada: “Pour um discours sensible – sur la capacité cognitive du corps dans l’experience de l’art.”; curadora e crítica free-lancer.

Quarta-feira, 22 de Novembro - Rui Horta *
Corpo/Espaço: Perspectiva de um utilizador do corpo e do espaço enquanto matéria artística.

* Coreógrafo e director de “O Espaço do Tempo” – Centro Coreográfico de Montemor-o-Novo.

Quarta-feira, 29 de Novembro - Pedro Tudela *
Performance/Multimédia: Relação entre a performance e as novas tecnologias.

* Artista Plástico; colabora com o grupo Virose; co-fundador e um dos elementos do projecto de música electrónica @c; co-fundador e um dos elementos da media label crónica.

Quarta-feira, 13 de Dezembro - Delfim Sardo *
Da ideia de performatividade à questão da documentação; O surgimento do filme e da fotografia no contexto da performatividade; O conceito de “alta-performatividade” e os limites da acção.

* Curador, ensaísta e docente universitário.

Organização Renata Catambas, Lúcia Prancha e Ana Lúcia Luz (FBAUL)
Co–produção: AEAPDFBAUL/Culturgest
Apoio: Reitoria da Universidade de Lisboa/ Junta de Freguesia dos Mártires


conferências · 2, 8, 15, 22 e 29 de novembro e 13 de dezembro de 2006 - 18h30
Pequeno Auditório - Entrada Gratuita (Levantamento de senha de acesso 30 minutos antes do início da sessão, no limite dos lugares disponíveis)

quinta-feira, 26 de outubro de 2006

EUROVISION

Festival A8 LAB - Torres Vedras
27 e 28 de Outubro (21:30)
15 de Novembro (11:30)
16 de Novembro (16:00)
17 e 18 de Novembro (21:30)
Photobucket - Video and Image Hosting
co-produção Teatro Praga / Transforma AC / ZDB
um espectáculo de Pedro Penim, André e. Teodósio e Martim Pedroso
com a colaboração de Rogério Nuno Costa
produção: Pedro Pires

Transforma AC/Tzero Praça do Município, 8 - 2560 289 Torres Vedras
tel +351 261 336 320 - e-mail info@transforma.mail.pt
Livro XXI
?? 2004 Tabacaria na Avenida General Roçadas 5€
Sonhos
de Raul Brandão
O independente

(texto usado no espectáculo 5*****, no Teatro Nacional D.Maria II):
"O teatro aborrece e irrita. Em lugar de ser um espectáculo simples e que emocione, como o de uma árvore que se enche de flor, é uma coisa complicada e embirrenta. O público despreza-o e faz bem. Sempre que uma obra é humana, larga, grande, o público apaixona-se. As coisas simples e trágicas dão-lhe emoção. Terá apenas duas ou três palavras duras como pedras para exprimir o que sente, mas essas bastam para quem tiver imaginação para com elas criar...
O trabalho teatro deve ser, mais que nenhuma outra obra da literatura, uma peça sintética: a alma descarnada das coisas apenas, e, por isso mesmo, para que apaixone, é preciso que seja simples, e cavado fundo no coração humano. Tenho esta imagem: a peça de teatro deveria ser como uma grande árvore sem folhas - nua e coberta de flor. (..) Mas sem frases: vendaval que arraste os espectadores, sintético, sem se perder em palavras - actos seguidos como uma faca que se enterra."

Foi (publicidade)...

bLectum from bLechdom
26 de Outubro / ZDB
Photobucket - Video and Image Hosting
Quote from blevin.blectum.com: “While performing, Kelley and Erickson manipulate sound in real-time, triggering sounds by hand without the use of MIDI. During their performances, the two engage in constant dialogue. It may appear as though they are improvising, but they are actually triggering tracks that have been prerecorded and mixed down… The sound that rolls forth is a driving wave of layered tones, voices and unidentifiable sample mayhem that borders on the verge of structure and noise.”

sexta-feira, 20 de outubro de 2006

Livro XX
Verão de 2006 Espaço do Tempo 8,05€

Paleios de Borra-Tintas & A história da orelha cortada
de Paul Gauguin
& etc

"Saber desenhar não é saber desenhar bem."

terça-feira, 17 de outubro de 2006

DISCOS PEDIDOS

Aqui está a versão integral da entrevista de Cristina Margato que o Expresso publicou em 23-09 e que já não se encontra on-line:

Confronto
A verdade do teatro

Luís Miguel Cintra e André E. Teodósio num confronto no qual emergem as questões que os separam no teatro e na vida.

Quando Luís Miguel Cintra se estreou como encenador, em 1969, o fundador do Teatro da Cornucópia queria lutar contra uma ideologia política e um teatro que considerava morto. Só que «os tempos mudaram muito», diz o próprio. Mas o reconhecimento artístico, que na época lhe foi dirigido, não o abandonou em mais de 37 anos de trabalho. Esse lugar incontornável que Luís Miguel Cintra ocupa no panorama teatral actual não quer, porém, dizer que ele seja apenas um criador a quem se deve reverência. Para uma geração mais nova, Luís Miguel Cintra também corresponde a um modelo que pretendem contradizer e a um caminho do qual se querem desviar. André E. Teodósio (Teatro Praga), com 29 anos, dá voz a alguns dos argumentos que defendem a diferença face ao que consideram «a matriz» Luís Miguel Cintra. Num confronto que o EXPRESSO desencadeou, dois homens com quase trinta anos de diferença e muitas gerações pelo meio enfrentam-se, e, ao fazê-lo, não emergem apenas as questões que os separam - no teatro e na vida. Dois mundos seguem num ziguezague de encontros e desencontros.

EXPRESSO - Gostaria que começassem por tentar encontrar as diferenças na forma como existem no teatro.

ANDRÉ E. TEODÓSIO - O teatro, para mim, começou por ter muita importância desde que vi os vídeos apresentados por Jorge Silva Melo e muitas encenações de Luís Miguel Cintra, no Conservatório. O peso dos mestres iniciou-se aí. Durante muito tempo foi difícil quebrar o trabalho de Jorge Silva Melo ou de Luís Miguel Cintra. Queríamos perceber como nos poderíamos encaixar no espírito do tempo e conquistar um espaço. Nos primeiros espectáculos do Teatro Praga (há dez anos) ainda existia um aspecto naturalista e realista. Os trabalhos eram simulacros de trabalhos da Cornucópia. Não se entendia o âmago da própria questão teatral. Hoje, tentamo-nos encontrar em algo a que Richard Foreman chamou de bombas de diferenciação e criar novos espaços dentro do próprio teatro que o possam revitalizar, sem que, por isso, nos achemos os melhores. Procuramos um caminho diferente. Nem melhor nem pior.

LUÍS MIGUEL CINTRA - Uma das coisas que me faz respeitar o vosso trabalho - e por isso estranho que sublinhes a importância das companhias e das pessoas mais velhas - é reconhecer no vosso grupo essa vontade de fazer diferente, de inventar. Desde o princípio que desejo conseguir fazer em grupo. Foi uma ilusão da minha geração. Quando começámos no teatro independente queríamos constituir grupos contra o teatro de empresário ou institucional, em que as pessoas não fossem mandadas, em que fizessem o que correspondia ao seu desejo de inventar. Isso aconteceu por generosidade de umas pessoas em relação ao projecto de outras; e muito pouco, de facto, como uma criação estabelecida em grupo. Parece-me que vocês têm independência mesmo em relação aos programadores ou às salas institucionais. A maior distância entre nós pode estar na relação com o texto e naquilo que foi um sentido de missão pública. Porque na minha cabeça e na da minha geração ainda existe a ideia de que podemos e queremos intervir no espaço público. Quando começámos, queríamos formar espectadores, intervir culturalmente, provocar de forma política. Com as mudanças que o tempo trouxe é muito mais difícil e complicado encarar esses assuntos.

A.E.T. - No Teatro Praga somos nove e temos relações diferentes com o texto. No entanto, lembro-me de ter lido (no livro de Maria Helena Serôdio) que Luís Miguel Cintra diz tentar respeitar ao máximo o autor. Não tenho esse problema. Semioticamente, é um erro fatal. O autor é o autor. Interessa-me a minha relação com o texto, com determinadas imposições linguísticas, estilistas, históricas. A relação com o texto não é construtiva ou desconstrutiva, é a minha. Outra grande diferença entre nós passa pela questão do símbolo. O L.M.C. trabalha com a metáfora. Nós, mesmo parecendo que insistimos nas metáforas, apenas tentamos criar um jogo de ligações para o público. As metáforas levam-nos ao erro totalitário. Daí os nossos trabalhos não terem essa dimensão política. Demitimo-nos dessa dimensão por acreditar que em nome das grandes ideologias de esquerda e direita foram cometidos tantos erros! A política para nós é criar diferenciação, criar pequenos pólos e esperar que esses pequenos pólos façam frente a essa grande massa, que acaba por ser o país e Portugal.

L.M.C. - O que são esses pequenos pólos?

A.E.T. - Pequenos núcleos de pessoas que vivem à volta de opiniões políticas, mas não ideológicas. Nos anos 80, o político corria o risco de se tornar ideológico. Queremos que a nossa política não seja ideológica. É como na grelha rizomática de Gilles Deleuze, em que o mundo não tem núcleo e, em vez de ser redondo, tem vários quadradinhos, a partir dos quais as comunidades interagem.

L.M.C. - Vocês não têm nenhuma esperança nem nenhuma ilusão de poder mudar o mundo?

A.E.T. - Sei que não se pode mudar o mundo. É a verdade, embora me custe admitir.

L.M.C. - Aí há uma diferença fundamental. Quando tínhamos a vossa idade, acreditávamos que isso era possível, e por isso lutávamos para tentar modificar as pessoas. Por outro lado, percebo-te muito bem. Também me questiono sobre a possibilidade de um teatro que seja a criação de metáforas (ou que interprete um texto através de metáforas) se tornar impositivo...

A.E.T. - É muito perigoso.

L.M.C. - Num dos últimos trabalhos (A Gaivota, de Tchekov), escrevi um texto em que colocava esse problema; porque perante um texto como aquele senti que era errado tentar impor ao público uma interpretação. Procurou-se que no trabalho de encenação e de interpretação ficasse um espaço subtil ou frágil, de modo a não se tornar impositivo em relação ao público e a não impedir que se sentisse a distância que vai do texto escrito ao texto encenado. Entre nós há uma outra grande diferença, que passa pela humildade e pela postura quando se está a apresentar. Quando recebi o Prémio Pessoa disse que tenho muito orgulho em ser intérprete e tento ser apenas um intérprete, no sentido em que um director de orquestra é também intérprete de uma partitura que já tem e, portanto, parte sempre de um amor a um texto. Tenho a ilusão de poder servir como «actualizador» desse texto no momento de o apresentar. Podes dizer que isto é uma ilusão e que de qualquer maneira estou sempre a fazer obra mesmo que diga que não quero fazê-la. Por outro lado, o texto sozinho não interessa. É só o texto e nunca é só aquele texto. Basta passar para o corpo e para a cabeça das pessoas que estão a representar para haver uma apropriação que o transforma.

A.E.T. - Desrespeito o autor a partir do momento que o leio. Nesse momento, já estou a ler com a minha cadência.

L.M.C. - Mas não é isso também que acontece quando estás sozinho a lê-lo em casa?

A.E.T. - A questão passa pelo facto de eu querer servir-me desse texto... Quando diz, «tento respeitar o autor», eu respondo, «eu não sei em que é que ele pode ser respeitado». No teatro, faz-se um jogo com aquilo que o texto nos pode proporcionar, e é só isso.

L.M.C. - Eu não digo isto como crítica e aceito que queiram fazer algo vosso com um texto preexistente.

A.E.T. - Mas nós fazemos textos. Este ano, por exemplo, vamos fazer Frei Luís de Sousa. Gostamos, porém, de nos trocar as voltas e de trocar as voltas aos espectadores que nos vão ver. Outras vezes fazemos espectáculos sobre teorias filosóficas, porque não temos uma relação com o teatro que seja exclusiva ao texto teatral. Um texto teatral é tão bom ou pior do que um romance, um ensaio filosófico ou uma notícia de jornal. Há muitas coisas interessantes no quotidiano. As edições de teatro português são assustadoras, agrupam muitos textos maus que não valem a pena repetir. Não tenho a resposta para o chavão que repito, «devolver ao teatro o que é o teatro», não sou Deus. No entanto, sei que o teatro sempre foi a criação de novas dramaturgias; e nós gostamos de fazer novas dramaturgias. O teatro não é só a criação de um repertório. Não é porque se é alto que se tem de fazer o Romeu. O teatro pode não ter apenas texto. Beckett já escreveu actos sem palavras há 50 anos. Agora, há um esquema qualquer, gigante, que nos ultrapassa a todos, que a televisão e os outros meios de comunicação repetem, no qual se sublinha a necessidade de repertório e a importância dos clássicos... O teatro de repertório não pode ser a matriz; e não podemos ser todos julgados pelo «modelo» ou a «matriz» Luís Miguel Cintra.

L.M.C. - Agradeço imenso que o digas
.
A.E.T. - O Luís Miguel Cintra é muito importante, mas não pode ser o único. No teatro, tem de haver diferenciação. Para se fazer Brecht tem de se contrariar Brecht. Para se fazer teatro em Portugal tem de se contradizer Luís Miguel Cintra.

L.M.C. - Mas tu sentes que a existência de uma companhia como a nossa e que os trabalhos que nós fazemos estrangula a hipótese de se fazerem outras coisas?

A.E.T. - Estrangula muito! A nível do pensamento. Porque tem qualidade, porque é um trabalho total de encenador e porque surgiu num período em que girava à volta da Cornucópia muita gente com muito talento, realizadores, escritores, poetas, actores... Criou-se uma determinada facção da actividade cultural que parou no tempo, ao contrário do seu criador, e que julga tudo pela mesma bitola. O que é político para o L.M.C. é ideológico para outros.

L.M.C. - Eu percebo. Não acho que a culpa seja da Cornucópia. A forma como o chamado público encara um trabalho assim é que é errada. Também nos sentimos presos dessa recepção por parte dos espectadores...

A.E.T. - Os perigos também são do próprio trabalho, a partir do momento em que este é total.

L.M.C. - Os perigos são de uma sociedade como a nossa, na qual o espectador, em vez de vir ver o nosso trabalho com curiosidade e com a cabeça aberta (o que seria desejável), acha que este é «o» tipo de trabalho e não «um» tipo de trabalho. Tem a cabeça condicionada: vem ver uma companhia de prestígio. Já vivi num momento histórico em que a relação com o espectador não era essa. Hoje, essa relação prende o próprio trabalho dos criadores de teatro, abastarda a intenção dos trabalhos. Gostaria de me sentir numa situação de igualdade com vocês. Há uma hierarquização das companhias, com reflexos no apoio do Estado às companhias, e que é perfeitamente perversa. Anula e estraga uma relação muito mais leal com o espectador, ao contrário do que eu gostaria.

A.E.T. - Este fascínio pela Cornucópia deve-se em muito ao trabalho, é ele que cria esse fascínio. Há trabalhos que são arrasadores, e é por isso que eu acho que existem perigos na metáfora e no símbolo. Acho muito bem que o trabalho exista, mas é muito perigoso quando existe uma classe fora deste que considera que apenas deve existir uma determinada forma. Não há diversidade, mas só igualdade. Com esses espectadores, que são de uma determinada importância e que geram novas gerações em diversas áreas, continua-se a perpetuar a ideia de uma companhia com um teatro total. Há uns tempos, alguém me dizia que queria uma actriz que era da Cornucópia e só podia ser essa actriz. Depois há quem vá comprar o mesmo tecido vermelho que a Cornucópia usou num determinado espectáculo. Existe esta história da fama da Cornucópia que se intromete sempre no caminho.

L.M.C. - Não tinha essas ideias. É sinistro!

A.E.T. - Não acho que o L.M.C. tenha de mudar em nada. Há muitas outras companhias para criar diferenciação. A sociedade anda perdida e tenta-se agarrar a qualquer coisa. Apareceu uma linguagem tão arrasadora que as pessoas apanham-na e guardam-na.

L.M.C. - Não sentem que com a vossa companhia, que já tem alguns anos e muitos espectáculos feitos, pode estar presa a uma imagem de marca, que por sua vez impede uma comunicação verdadeira. Em companhias como a vossa, ou a da Lúcia Sigalho, a do Cão Solteiro... os nomes correspondem a uma imagem de marca...

A.E.T. - Assumo que essa imagem existe. Mas, no caso do Teatro Praga, é mais difícil. Somos nove, e uns fazem frente aos outros. A questão é: todas essas companhias de diferenciação vivem na eminência de morrer.

EXPRESSO - Têm apoio estatal...

A.E.T. - Até ver.

L.M.C. - É grave que, nalguns casos, não haja um lugar fixo para trabalhar. Para nós, foi fundamental ter uma casa, um centro onde as pessoas se encontram, onde se guardam os materiais, os documentos. Não sei como é que conseguem ter uma estrutura tão forte sem vos ser disponibilizada uma sala...

A.E.T. - Trabalhamos numa sala no Hospital Miguel Bombarda, onde temos pouco espaço para guardar material, e temos um escritório numa casa comprada pelos meus pais e que alugámos por uma módica quantia. Para uma companhia como o Cão Solteiro, que faz um teatro plástico, a questão é pior. Não tem onde guardar nada e tem de mandar coisas fora ou refazê-las nas reposições. A Mónica Calle, por exemplo, está instalada num bar. Nós existimos há dez anos, mas a Mónica Calle e a Lúcia Sigalho, que fizeram a diferenciação em relação ao L.M.C. e são os «nossos pais», são mais velhas. Elas não têm idade para ser categorizadas como nova geração!

L.M.C. - Mesmo na relação com o público tem sido fundamental. Há uma criação de um público regular. Isso estabelece uma espécie de diálogo em profundidade com os espectadores. Tenho a ilusão que aquilo que se passa no nosso momento de criação dos espectáculos, que é um diálogo com a nossa memória anterior e com a nossa prática anterior, passa também para o público.

A.E.T. - É verdade que temos sofrido com o facto de estarmos a saltar de um lado para outro. Agora, os espectadores já começam a reconhecer o nome. Demorou algum tudo. Se tivéssemos tido apenas uma sala, teria sido mais fácil fazer essa evolução com o público.

L.M.C. - Tenho pensado que uma forma de escapar a uma relação de cliente com o espectador é a possibilidade de estabelecer um público minoritário. Não ter medo de trabalhar para um pequeno grupo, em vez de ter uma relação com todo o público, o que acho necessariamente superficial e ilusório.

A.E.T. - Podemos funcionar em pequenas comunidades. Claro que a nossa comunidade será muito menor. Ser político é trabalhar para poucas pessoas. Não acredito em espectáculos para duas mil pessoas, isso é tornar todos iguais.

L.M.C. - Antes havia muito menos coisas. Um espectáculo tinha uma importância maior na elite que se interessava por artes. Quando fizemos O Anfitrião (em 1969), no Anfiteatro de Letras, a imprensa nacional foi ver. Logo depois tive direito a bolsa e fui estudar para Inglaterra. Houve pessoas com carreira já firme que aderiram ao nosso projecto, apesar de sermos apenas dois miúdos da faculdade. Vocês, com dez anos, ainda são uma novidade. Para a vossa geração, é muito mais difícil inserirem-se na vida cultural. Não sei até que ponto isso não tem reflexo nas escolhas artísticas. Como não é possível haver uma inserção na cidade, correm o risco de cair numa espécie de mecanismo do género «façamos o que gostamos mais e desistamos de ter muito público...» Não terão vocês se acomodado, consolando-se com o pequeno lugar que a sociedade vos permite e criando algo muito concentrado em vocês próprios, fazendo do teatro uma necessidade de expressão mais do que de comunicação?

A.E.T. - Nós nunca nos inserimos na sociedade. Se nós desistirmos, e muitos outros como nós, fica apenas o L.M.C. Não vamos desistir. Nunca vamos ser compreendidos por muitas pessoas. Tentamos não parar. Queremos criar a diferença.

L.M.C. - Só existes se fores diferente?

A.E.T. - É importante haver uma diferenciação, do ponto de vista político. Cada vez há menos indivíduos, cada vez há mais pessoas com as mesmas ideias. O que não quer dizer que as pessoas não sejam inteligentes. Os partidos políticos das pontas tendem a desaparecer. Só há partidos centrais.

L.M.C. - Não sentes que essa vontade de diferenciação é imediatamente integrada na sociedade, catalogada como «Os Diferentes» e colocada numa gaveta marginal? As pessoas já sabem o que esperam e olham-vos de uma outra maneira. Isso aterroriza-me... Tenho a ideia de que não assustando o público com a diferença e aceitando o lugar institucional que tenho posso confrontar o público, sem agressividade prévia, com algumas coisas que são fundamentais no pensamento humano, com as quais o público normalmente não se confronta. Embora muitas vezes fique com a sensação de que o público não ouve nada, nem percebe nada. Vem ver se as luzes estão melhores ou os fatos estão mais bonitos... É uma frustração enorme. A relação já prevista com o público corrompe a relação com o público. Vocês não acabam por superficializar a relação, porque estão só a falar sobre essa relação e não sobre outros assuntos?

A.E.T. - Um espectáculo sobre a interpretação da arte é um grande tema... Não é apenas político dizer que o governo vai bem ou mal...

L.M.C. - Vocês estão sempre a falar de vocês e nós consideramo-nos um instrumento, para falar de outros assuntos. Esta é uma grande diferença. Vocês encaram o teatro como uma forma de expressão própria...

A.E.T. - Isso deriva de determinadas ideias «clichéticas» que se criaram com alguns espectáculos de dança dos anos 90, nos quais alguns coreógrafos tentaram afirmar uma certa individualidade. Algumas pessoas optam por dizer isso quando não sabem analisar os nossos espectáculos de outra forma; mas o nosso interesse não é falar sobre nós... Somos desinteressantes.

L.M.C. - Vocês dividem-se entre o grupo e algo parecido com uma «carreira profissional»?

A.E.T. - Sim. Ninguém vive apenas do grupo.

L.M.C. - Isso não é limitativo?

A.E.T. - Seria um sonho viver do grupo. Mas sei que nunca vai ser assim.

L.M.C. - Não se deviam acomodar a essa situação, e é importante dizer isto publicamente. Deviam ter direito a existir de uma forma que não vos obrigasse a fazer outras coisas para sobreviver.

A.E.T. - Costumo usar uma frase do Eduardo Lourenço: «Os artistas são todos filhos da burguesia». Pedimos dinheiro aos pais.

L.M.C. - Então existem porque são um projecto de juventude? Vocês vão crescer! O que me passa pela cabeça é o seguinte: davam-vos um teatro, o da Trindade. E depois? Em que é que isso mudava o vosso trabalho? E vocês até podiam dizer: «Não quero um teatro clássico, mas um armazém»...

A.E.T. - É um mito dizer que as companhias independentes querem armazéns. Nós podemos trabalhar num teatro clássico, e não vou deixar de fazer um teatro de diferença só porque ocupo um teatro clássico e tenho um ordenado ao fim do mês.

L.M.C. - Pensando em vocês, e nos mais novos, tenho defendido uma ideia de teatro nacional que não seja um lugar de honra nem de luxo. Em meu entender, os teatros nacionais deveriam ser um instrumento à disposição de toda a gente e sobretudo daqueles que têm menos capacidade de inserção dentro da cidade. O que aconteceria se uma direcção do teatro nacional vos desse quatro meses para trabalhar num projecto e assim sucessivamente para outros grupos, criando um núcleo de várias estruturas com vida própria?

A.E.T. - Aceitávamos, desde que o L.M.C. aceitasse lá estar no meio de nós. Aos olhos das pessoas, a Cornucópia tem de ser uma companhia de diferença e não de matriz. Há uma pirâmide, quando devia existir um círculo.

L.M.C. - Tudo bem. A minha esperança é que a minha diferença não seja a prevista para os diferentes. E vocês às vezes, sem darem por isso, encaixam-se no lugar previsto para os diferentes...

Entrevista de Cristina Margato
in Expresso [Actual], 23-09-2006

sábado, 14 de outubro de 2006

Livro XIX
12/12/05 Fnac Chiado 21,65€
Photobucket - Video and Image Hosting
On Directing - Interviews with Directors
Organizado por Gabriella Giannachi e Mary Luckhurst
faber and faber

"Pete Brooks - in the next couple of years I'm determined to make a couple of independent short films. I' m disappointed by a great deal of theatre. I love it, but I am beginning not to like its transience; as I get older I want to do something fixed. "

"Tim Etchells - The strong literary theatre tradition in Britain does make life difficult for anyone working ina different way. In mainland Europe things are more open, more interesting, and so there have been plenty of opportunities for us there. People often remark that what we're doing is 'shockingly new', but in fact it has a leneage and a context that is just too rarely known."

"Garry Hynes - It's also responsibility, and now that I'm half way through a career in the theatre I am very conscious that the world does not need yet another production of a classic play without a very good reason indeed. These days I see little point in doing a great many established plays. Why do the 900th production of The Cherry Orchard? What could I possibly offer?"

"Simon McBurney - One of the prolems in the twentieth century has been the death of popluar theatre: variety and music hall have been swallowed up by television, which has nothing of the 'presence' of theatre. So theatre has become a place for the middle-class intellectuals."

"Clifford McLucas e Mike Pearson - We always do the research ourselves; it's part of the process of creating this composite art. We often use bodies of material that co-exist in our pieces: historical material, personal textual material, analytical material. I'm always surprised that others don't work like this.(..) The theories which currently operate at the centre of theatre are not suitable for us."

"Julia Pascal - I always know that rehearsals are going well if the actors are telling sexy jokes."

sexta-feira, 13 de outubro de 2006

Herr T.P. Memória

Título - 18 de Setembro de 2004

Photobucket - Video and Image Hosting
Quadro gentilmente emprestado pelo autor (Julião Sarmento)

terça-feira, 10 de outubro de 2006

Livro XVIII

08/11/2005 Fnac Chiado 9,90€
Photobucket - Video and Image Hosting
Literatura, Defesa do atrito
de Silvina Rodrigues Lopes
Vendaval

"A salvaguarda da liberdade, exigindo a atenção ao singular, implica um enfraquecimento dos processos globalizantes, uma debilitação dos modelos e ideais de universalização, a qual só pode decorrer de uma força de pensamento capaz de, pela sua potência de interrupção, abrir espaços vazios no manto liso da cultura e impedi-la de ser inteiramente dominada pelo emaranhado das trocas sociais. "

"É preciso impedir que a banalidade que aparece hoje consensualmente como literatura não se arrogue em breve um direito de exclusividade."

"Quem for ler «O problema da habitação», poema de Ruy Belo, para escrever um programa de intervenção social ficará decepcionado, assim como quer for ler «literatura» de massas ficará decepcionado se não for à procura de alguma coisa (um certo entretenimento, uma certa partilha de lugares comuns, um certo anestesiamento e embrutecimento)."

"Aquilo que se destina ao grande público é a espectacularização, que esteriliza ao colocar a diversão como substituta da estranheza, tornando-se eficaz na relegação do humano para o nível mais triste da vida animal - a domesticação."

Herr T.P. Memória

Teste ao Público

(Os actores tiram o cenário do palco, deixando-o vazio. A Sofia vem falar com o público.)

Vou agora abrir um espaço de improvisação dentro deste espectáculo. Um momento que não está preparado. É assim como… pedir-vos para se porem dentro de um puzzle, ou vestir uma roupa e fingir que são uma coisa que não são.
A partir de agora não há guião, não há preparação, tudo é feito em cima do joelho.
A partir de agora não há resolução possível para este espectáculo.
Não há forma imposta para além daquela que é visível. E como viram, tirámos tudo do palco. Só cá estamos eu e vocês.

Tudo o que acontecer neste espaço que eu estou aqui a abrir está nas mãos do acaso, do imponderável, do acidente. Os acidentes são muito importantes _ ocorrências que podem proporcionar uma lógica teatral. Assim como coisas que acontecem e que não estavam planeadas. (Silêncio. Faz uma expressão.)
Este silêncio, por exemplo, não estava programado. O que aconteceu foi que nem eu nem vocês conseguimos enchê-lo.
Peço-vos que não contem com a minha imaginação ou com o meu virtuosismo para construir coisa alguma.
Estejam à vontade para sugerir a ocupação deste espaço. Aliás este espaço é vosso. Pressupõe-se neste momento que o público comande.
Há aqui uma metáfora óbvia pronta a ser lida. Um óbvio simulacro.
(Silêncio.) Isto não devia acontecer outra vez. É sinal de alguma ineficácia vossa, e em parte minha também, e de algum bloqueio.
Às vezes durante o trabalho, ficamos bloqueados e o melhor é pôr-mo-nos a andar pelo espaço e a pensar: Porque é que as coisas que estão aqui neste espaço vazio não podem fazer parte do espectáculo? Como é que se pode fazer um espectáculo que fale do mundo em que vivemos agora? Que coisas teria de ter? Que tipo de cenas fariam se tivessem um espaço como este?

Posso também fazer outra pergunta: O que é que gostariam de ver aqui no palco? O que é que gostariam de ver fazer aqui, que ainda não tenham visto fazer aqui, ou noutro sítio qualquer?
Provavelmente isto não se aproxima suficiente da folha em branco.
Vou tirar a roupa.
Convido-vos a fazer o mesmo. Ficamos mais disponíveis. Ficamos mais livres para criar. Já vi que há pessoas que não concordam comigo, mas vou ficar nua à mesma. O quê? (Risos.) O quê? A sério, não percebi. Diz lá. (Pausa.) Continuo aberta a sugestões e o tempo está a passar.
(Nua.) Pronto. Não fiquem com vergonha. Quero dizer… Mais do que aquela que já têm… Pelo facto de isto se estar a passar agora. Este momento que eu abri, quero eu dizer. Pelo facto de isto estar a acontecer e de vocês estarem a ser testemunhas. (Silêncio.)

É horrível. Isto está a ser um momento horrível.
Compreendo perfeitamente que não se diga nada. Nada aqui inspira a criar o que quer que seja? É? Provavelmente tirar a roupa foi só a cereja no topo do chantilly. Só ajudou ao vazio.
Precisavam pelo menos de um tema.
Não? Há cabeças a abanar em sinal de discórdia.
Então porque é que não propõem nada? Acho que precisam de um objecto. Ou de vários objectos. (Silêncio.) Claro que precisam. Precisam certamente, pelo menos, de uma personagem… Não? Ou de uma história… Que vos permita criar um qualquer foco de interesse que aqui não existe.
Ok ,não precisam de uma história, a história pode ser o que acontece aqui e agora à vossa frente. Uma narrativa que não está preparada para ser contada. As histórias são… as acções que as pessoas fazem.

Isto é um verdadeiro bloqueio. Não corre uma brisa de inspiração que seja.
Podemos desbloquear pensando o que outras pessoas fariam nesta situação.
Por exemplo:
O que faria o Patrice Chereau nesta situação?

Aconselho-vos a pegarem num cigarro e a fumá-lo. (Fá-lo) E em casos mais extremos irem até ao bar beber um café ou uma bebida qualquer. Depois de beber, pode-se fazer um trabalho muito bom. Muito criativo.
Às vezes quando não sabemos o que fazer, ou quando estamos bloqueados é bom parar tudo e olhar para o palco, para o cenário. (Fá-lo.) Bloquear. Bloquear muito. É bom quando se bloqueia porque se podem fazer perguntas muito difíceis sobre o material produzido. Do género: gostamos do material, depois bloqueamos e de seguida odiamos o material.
Podemos também pôr um disco e pensar no que vai acontecer a seguir. (Põe um disco.)

(Durante o disco.) Podemos forçar o material. Até sair qualquer coisa.

Devem perguntar-me alguma coisa. Alguma merda caralho.
Se isto fosse um ensaio geral, se a estreia fosse amanhã, não teríamos grande coisa para apresentar, pois não?
Este espaço nunca começou. Nunca aconteceu. Este espaço nunca acaba.
(Entram os outros actores.) Não deu. Hoje não deu.

in Agatha Christie (2005)

Photobucket - Video and Image Hosting
(foto: Ângelo Fernandes)

Auto-ajuda nº6

George Bernard Shaw said:

"The reasonable man adapts himself to the world.
The unreasonable man adapts the world to himself.
All progress depends upon the unreasonable man."

(Paul Arden, Whatever you think think the opposite. Penguin.)

segunda-feira, 9 de outubro de 2006

Livro XVII

18-08-2005 Livraria Almedina 13,23€
Photobucket - Video and Image Hosting
A Nova Ignorância e o problema da cultura
de Thomas De Koninck
Edições 70

"Colocar a questão «O que é a música?» pode bem ser uma forma de perguntar: «O que é o homem?» (George Steiner). A afinidade entre a alma e o som também era admirada pelos Pitagóricos, que acreditavam, por esta razão, que a alma devia ser uma harmonia. (A afinidade entre os dois é evidente pelo facto de a música gerar em nós a alegria, a tristeza, etc. Não há dúvida de que, mais uma vez, não se trata de «representação» no sentido de «imagem» ou de «retrato». A imitação, a mimêsis, visa na verdade, o efeito sobre nós, como a luva que se ajusta à mão).

Auto-ajuda nº5

The best piece of advice ever given was by the art director of Harper's Bazaar, Alexey Borodovitch to the young Richard Avedon destined to be one of the world's great photographers.
The advice was simple:

'ASTONISH ME!'

(Paul Arden, Whatever you think think the opposite. Penguin.)

sexta-feira, 6 de outubro de 2006

Auto-ajuda nº4

STEAL

Steal from anywhere that reasonates with inspiration or fuels your imagination.
Devour films, music, books, paintings, poems, photographs, conversations, dreams, trees, architecture, street signs, clouds, light and shadows.
Select only things to steal from that speak directly to your soul. If you do this, your work (and theft) will be authentic.
Authenticy is invaluable.
Originality is non-existent.
Don't bother concealing your thievery _ celebrate it if you feel like it.

Remember what Jean-Luc Godard said: "It's not where you take things from - it's where you take them to."

I stole this from Jim Jarmush

(Paul Arden, Whatever you think think the opposite. Penguin.)

quinta-feira, 5 de outubro de 2006

Auto-ajuda nº3

TRAPPED.

IT'S NOT because you are making the wrong decisions, it's because you are making the right ones.
We try to make sensible decisions based on the facts in front of us.
The problem with making sensible decisions is that so is everyone else.

(Paul Arden, Whatever you think think the opposite. Penguin.)

quarta-feira, 4 de outubro de 2006

Auto-ajuda nº2

TURN UP

If you don't have the degrees or fees to go to university, just turn up.
If you want to be in a job where they won't accept you, just turn up.
Go to all the lectures, run errands, make yourself useful. Let people get to know you.
Eventually they will accept you, because you are a part of their community.
They will not only respect your perseverance but will like you for it.
It may take time, a year say, but you will be in, not out.

Photobucket - Video and Image Hosting
WHEN ASKED THE SECRETS OF SUCCESS, WOODY ALLEN REPLIED, "TURN UP".

(Paul Arden, Whatever you think think the opposite. Penguin.)

terça-feira, 3 de outubro de 2006

Auto-ajuda nº1

I WANT

I WANT MEANS: if I want it enough I will get it.
Getting what you want means making the decisions you need to make to get what you want.
Not the decisions those around you think you should make.
Making the safe decision is dull, predictable and leads nowhere new.
The unsafe decision causes you to think and respond in a way you hadn't thought of.
And that thought will lead to other thoughts which will help you achieve waht you want.
Start taking bad decisions and it will take you to a place where others only dream of being.

(Paul Arden, Whatever you think think the opposite. Penguin.)

quarta-feira, 27 de setembro de 2006

Livro XVI
15/11/05 Fnac Colombo 33,66€
Photobucket - Video and Image Hosting
Les Grands Spectacles (120 Years of Art and Mass Culture)
orgn. de Agnes Husslein-Arco + Margrit Brehm e Roberto Ohrt
Hatje Cantz

"The middle class too, having sorted out its interests in rising to the position of leading force in the world, took every effort to maintain a discreet distance from the former pleasures. In the late 19 th century, the established theatre had clearly eliminated all the typical ingredients from the old witches' kitchen of the spectacle. Since then, the German term Schauspiel (for the dramatic performances in the theatre) has had a more sober or sublime ring to it. Wild exaggerations, carnivalesque elements, freaks, agitation or apparent profanity - all that could only be tolerated on the cultural periphery, in sideshows and cabaret, in circus marquees, at the zoo or in the, mainly temporary, fun fairs that served to «amuse the people». "

Agatha Christie (Lyric)

This is a song
About my dearest friend Agatha Christie

It was a sunny day
But she was feeling lousy
Her husband just fell in love with a bitch
And that was tragic, and that was tragic

Agatha was pretty fucked up
So she decided to get wasted
And so she did, and so she did

She was driving down the street
With her head full of whispers
So she jumped out of the car
To get some air

And nearby there was a river
And she was looking to her own reflection in the water
Saying: God, oh God… Why me? Why me?

So God decided to come down
And put his hand on her shoulder
Saying: Agatha don’t you cry no more
Agatha, you are beautiful to me

Agatha, Agatha
You have to trust your sexuality
Trust the beauty within
I’m you’re hero for the night
Let’s stay together
Come on, come on
Let’s stay together

After that evening
She felt herself reborn
So she decided to join a spa
With the bitches name

And nevermore, did she thought about suicide

Agatha, Agatha
Don’t you cry no more
Agatha, Agatha
You are beautiful
So beautiful
To me…

terça-feira, 26 de setembro de 2006

Livro XV

(Verão???) Feira do Livro ??€
Photobucket - Video and Image Hosting
Serenidade
de Martin Heidegger
Instituto Piaget

"O pensamento que calcula (das rechnende Denken) faz cálculos. Faz cálculos com possibilidades continuamente novas, sempre com maiores perspectivas e simultaneamente mais económicas. O pensamento que calcula corre de oportunidade em oportunidade. O pensamento que calcula nunca pára, nunca chega a meditar. O pensamento que calcula não é um pensamento que medita (ein besinnliches Denken), não é um pensamento que reflecte (nachdenkt) sobre o sentido que reina em tudo o que existe.
Existem, portanto, dois tipos de pensamento, sendo ambos à sua maneira, respectivamente, legítimos e necessários: o pensamento que calcula e a reflexâo (Nachdenken) que medita."

segunda-feira, 25 de setembro de 2006

Sobre a mesa a faca

texto final do espectáculo 'Sobre a mesa a faca' a partir de Hubert Reeves:

" Fiquei muito tempo diante deste espectáculo com a impressão de estar a viver um momento importante. Por detrás desta curiosidade, reconheço, sem dúvida, uma componente de ansiedade, senão mesmo de angústia. O que me chamou sobretudo a atenção foi a tristeza que dele emana. Creio que tenho muita sorte. Faço aquilo de que gosto e sou pago para isso. Quantas pessoas neste planeta terão esse privilégio? A vida trata-me bem e eu estou-lhe profundamente reconhecido. Sei que tudo isto é frágil e está ameaçado, por isso tento usufruir plenamente enquanto dura. Vou-te contar uma história que me marcou muito. Tinha mais ou menos 10 anos. Era Inverno. Subia para cima dos bancos de neve nos bordos das ruas. Na noite, que quase já tinha caído, uma janela atrai a minha atenção. No interior, as luzes dos pinheiros de Natal piscam e cintilam. Há mamãs, há bolos, há crianças que cantam. A trepidez do lugar contrasta com o vento frio que me fustiga a cara. Queria estar ali. Nada tinha de semelhante à minha família, onde os estudos são a única e hegemónica preocupação. Tenho subitamente a impressão de passar ao lado da vida. Esta imagem de festa de crianças nesse dia de ventos gelados regressa-me muitas vezes à memória. Provocou em mim uma vontade feroz de viver e de criar vida. Apoiou-me em certos momentos em que, ultrapassado pelas emoções, fui tentado a fechar-me na minha concha. Tenho um desejo premente de ser afectivamente tocado por seres humanos. A palavra «compreender» não tem o mesmo sentido para toda a gente. Creio que uma fada boa me deu, quando nasci, um presente inestimável: uma espécie de optimismo inveterado e inextirpável, em relação, por exemplo, ao sentido da realidade."
Livro XIV

03/12/04 Fnac Chiado 0€
Photobucket - Video and Image Hosting
Design and Crime (and other diatribes)
por Hal Foster
Verso

"What are the findings that Seabrook makes? Not surprisingly, they boil down to hypotheses about identity and class. "Once quality is deposed", he argues, identity is "the only shared standard of judgment." For Seabrook this identity must be "authentic," and it can only be made so in nobrow culture through a personal sampling of pop goods at the Megastore: "Without pop culture to build your identity around, what have you got?" "

sábado, 23 de setembro de 2006

NOTÍCIAS

HOJE no Expresso [Actual], "A Verdade do Teatro",
entrevista conduzida por Cristina Margato
a Luís Miguel Cintra e André e. Teodósio.
A ler aqui.
Photobucket - Video and Image Hosting
(fotografia: Ana Baião, Expresso)

sexta-feira, 22 de setembro de 2006

Livro XIII
(2004) Tate Bookshop £19.99
Photobucket - Video and Image Hosting
Hardcore from the Heart (The Pleasures, Profits and Politics of Sex in Performance)
de Annie Sprinkle (edited by Gabrielle Cody)
Continuum

"Dear Reader. Gee it's been swell.
Possibly you're working on your dissertation, or you saw one of my performances and were curious about the behind-the-scenes aspect of them. Maybe you are a sex worker branching into the art world, or an academic branching into the sex world. You must be interested in theater, and you no doubt are interested in sexuality. Whoever you are, I am grateful for your attention and your interest in my work. I am honored and humbled by it. It is my sincere hope that you got something of use from this book."

PUBLICIDADE - Misérias Ilimitadas, Lda.

(clicar na imagem para aumentá-la)

terça-feira, 19 de setembro de 2006

Livro XII

(Verão 2004) Feira do Livro 15,64€

O mundo fragmentado (as encruzilhadas do labirinto)
de Cornelius Castoriadis
Campo da Comunicação

"Qualquer designação é convencional: o carácter absurdo do termo "pós-moderno" nem por isso se torna menos evidente. O que se nota menos é que se trata de uma derivação. Porque o "termo" moderno já em si é infeliz e a sua inadequação não podia deixar de se evidenciar com o tempo. Que poderá haver depois da modernidade? Um período que se chame moderno só pode pensar que a História chegou ao fim e que os seres humanos passarão a viver num presente perpétuo.
O termo "moderno" exprime uma atitude profundamente autocêntrica (ou egocêntrica). A proclamação "somos os modernos" tende a anular qualquer desenvolvimento ulterior verdadeiro. Mais do que isso, contém uma curiosa antinomia. A componente imaginária e autoconsciente do termo implica a autocaracterização da modernidade como abertura indefinida em relação ao futuro, e contudo essa caracterização só tem sentido relativamente ao passado. Eles eram os antigos, nós somos os modernos. Então como chamar aos que vêm depois de nós?"

PUBLICIDADE

Photobucket - Video and Image Hosting
foto: Luísa Casella

A Censura Prévia AC apresenta em Braga:

VOU A TUA CASA uma performance de Rogério Nuno Costa

mediante marcação prévia para os seguintes contactos:
962743638, 919960490 ou aqui
DIAS 21, 22 e 23 DE SETEMBRO DE 2006(quinta, sexta e sábado)
3 sessões por dia:15:00 h18:00 h 21:00
MAIS INFO: aqui ou www.vouatuacasa.blogspot.com ou +351 916 409 998

segunda-feira, 18 de setembro de 2006

Livros XI

(2003?) Viseu 9,45€
Photobucket - Video and Image Hosting
A falar da hospitalidade
de Jacques Derrida
Ed. Palimage

"A língua não é senão a partir de mim. Ela é também aquilo de onde eu parto, aquilo que me desvia e me separa. O que se separa de mim partindo de mim. O ouvir-se-falar, a dita «auto-afecção» do ouvir-se-falar-a-si-mesmo, o ouvir-se-falar um ao outro, o ouvir-se-falar na língua ou de boca a orelha, tal é o mais móvel dos móveis, porque o mais imóvel, o ponto-zero de todos os telefones móveis, o solo absoluto de todos os deslocamentos; por isso se pensa que a cada passoa a transportamos, como se diz, na sola dos pés."

Left-Overs IV

4th Theorie- Apocalypse is not predictable
Ok, it has happened to everyone to be sitting around and then something totally uncalled for happens! (Eg. A beautiful sunny day turns cold and rainy) Maybe, just maybe it’s because some smartass is toying with us. Perhaps Earth is just another scenario in one of those Sim games and some little 6 year old is playing with all the keys! Just you wait, soon that kid is going to find the "Quit this Game" button! Then what will happen????

sexta-feira, 15 de setembro de 2006

Livro X

(há duas semanas) Fnac Chiado 29€
Photobucket - Video and Image Hosting
(finalmente a obra completa, mas completa MESMO)
Guy Debord
Oeuvres
Quarto-Gallimard

"Je devrai faire un assez grand emploi des citations. Jamais, je crois, pour donner l'autorité à une quelconque démonstration; seulement pour faire sentir de quoi auront été tissés en profondeur cette aventure, et moi-même. Les citations sont utiles dans les périodes d'ignorance ou de croyance obscurantistes. Les allusions, sans guillemets, à d'autres textes que l'on sait très célèbres, comme en voit dans la poésie classique chinoise, dans Shakespeare ou dans Lautréamont, doivent être réservées aux temps plus riches en têtes capables de reconnaître la phare intérieure, et la distance qu'a introduite sa nouvelle application."

Left-overs III

3rd Theorie- Yawning as the primal movement
Yawning Is Contagious: You yawn to equalize the pressure on your eardrums. This pressure change outside your eardrums unbalances other people's ear pressures, so they must yawn to even it out. Therefore in rather a Popperian movement, the movement of today’s possible yawn is nothing less than the perpetuation of the first Historical yawn.

quinta-feira, 14 de setembro de 2006

Livros IX

(algures em 2004) Capitals Oferta (custa 5€ na Fundação Calouste Gulbenkian)
Photobucket - Video and Image Hosting
Capitals
edited by Maria de Assis and Marten Spangberg
Fundação Calouste Gulbenkian

"He's no "surfer boy" no more, he is "sportif et très chic" ".

Left-overs II

2nd theorie – On blindness
I will start my theory with a definition of West: n. from the greek occedere, which means where the sun disappears, darkness. And it is very curious that almost all masters in literature are blind such as Tiresias, the blind master of the Greeks. They, the blind masters, are a representation of the occident, of the West. They have their eyes shut to the outside so they can have some new and personal ideias. In conclusion, blindness may be a way to the aufklarung (enlightenment).

quarta-feira, 13 de setembro de 2006

Livro VIII
(Verão) Feira do Livro 2005 2€
Photobucket - Video and Image Hosting
Onde vais drama-poesia?
de Maria Gabriela Llansol
Relógio D'Água

"Estive quase a dar ouvidos a essa voz humana que insistia que eu estava a crescer mal."
"Fugir ao destino do vate. Fugir à mediocridade da autobiografia."
"O preocupante é sentirmos o nosso pensamento a perder ritmo, a desacelerar, a encostar-se à berma da imagem."
"Haverá alguém que, por sua livre vontade, queira ser vagabundo? Por que se lhes exige o preço - e um preço tão elevado -, pela sua errância? Por que são tão implacáveis com o novo?"
"Onde encontras tu uma comunidade?"

Left-overs

The Master of Theories did not exist in Discotheater. Here are some of the theories that he had (before disappearing)...

1st theorie – Large Trousers
Everyone knows that poverty has always existed. But my theory around large trousers has its focus on the poverty produced by the apocalyptic nourishment of the industrial advent. The base of my thesis is that, since the empowerment of the middle class, with it’s rise to a kind of richly modus vivendi of bourgeoisie, the space between the lower class and the middle class has deepened, and therefore poor got thinner as the richer got fatter. And since the poorer have always kind of recycled in some medieval way, things and objects left or abandoned by these new noble people, the pants which they get hand to in some garbage can or in some charity shop, have also growned. So, in a very unexpected way, whereas we would think that it would be the other way around, they try to fit their little bodies into those large trousers. And because lifestyle is destined to a massive number of people, and since the poorer have growned in percentage, by a tautological deduction, what was born as a necessity has become a master rule of the aesthetics of society. Everybody wants to wear large trousers. Here lies the big problem. As the rich get larger, and since they want also a part of the cake, they will demand industry even bigger trousers for their big bodies. And therefore, one day we will have a pair of trousers so large that will dress the whole world.

terça-feira, 12 de setembro de 2006

Livro VII

?? Gulbenkian 10€ (com desconto cerca de 5€, acho eu)
Photobucket - Video and Image Hosting
Dramaturgia de Hamburgo (Selecção antológica)
de Gotthold Ephraim Lessing
Edições Gulbenkian

"A arte do actor situa-se, assim, em pleno centro entre as artes plásticas e a poesia."

segunda-feira, 11 de setembro de 2006

+ blogs

André Godinho: aqui.
Catarina Campino: aqui.
Javier Núñez Gasco: aqui.

PUBLICIDADE

Vigilâmbulo Caolho apresenta:
FIN DEPARTURE
a mare e gratis (sem acentos) ou o pinga amor


Praia do Clube Naval Barreirense
15 e 16 de Setembro, às 21.30 - ENTRADA LIVRE
Photobucket - Video and Image Hosting
"O espectáculo FIN DEPARTURE - a mare e gratis (sem acentos) ou o pinga-amor é um espectáculo informal, tal como já fizemos com amor e gratis (sem acentos), em Março, no contexto do Mês do Teatro. Estes espectáculos são apresentações baseadas num princípio de experimentação artística, de pesquisa das convenções e linguagens artísticas. São criações marcadas pela brevidade, pelo risco e pela espontaneidade. A exigência de criar e decidir com rapidez conduz a uma maior consciência do acto artístico e do acontecimento teatral."
Vigilâmbulo Caolho

Texto

Gosto deste texto de Osvaldo M. Silvestre:

Parte 1 - link
Parte 2 - link
(após fim-de-semana de descanso)
Livros VI

(Verão 2005) Feira do Livro 5€
Photobucket - Video and Image Hosting
Sobre Literatura
de Umberto Eco
Difel

"O problema social e cultural não é representado pelos vigaristas, mas sim pelos palermas, que evidentemente são ainda uma legião."

sexta-feira, 8 de setembro de 2006

Um jogo pessoal (talvez universal)??....

Castori-adis-cá-vir-tual
Jelinek-l-ace-ventura
Derr-ida-nha-a-nova-dança portuguesa
Jean-Luc Goda-rre burro que amanhã é sexta
Charles Peirce Bros-Non ou a vã glória de mandar
Heiner Mül-ler devagar se vai ao longe da vista, longe do coração
Romeo Caste-lucci-ano Pavar-ó! Ti-a Anica!
Jérôme Bell-miro de Azev-ade retro Satanás
Marc Augé-ma d'ovo-lacto-vegetari-ano bissexto
Guy Debord-a d'água mole em pedra dura, tanto dá até que fura
Pierre Bour-Dieu, Patrie et Famille
Chris Burden-merda
Erwin Wurm-ester de Carv-alhos e bugalhos
Nuno Bragança de Miranda do Corvo
Thomas Bernhard-rock hallelujah irmãos catita
Pina Bausch&Lomb-o de porco assado no forno
(© RNC)
Livro V
(finalmente uma versão portuguesa)

RIZOMA
de Gilles Deleuze/Felix Guattari
5.85€
Assírio e Alvim

"Escrevemos a dois o Anti-Édipo. Como cada um de nós era vários, já fazia muita gente."

PUBLICIDADE

Em breve, brevemente.... com desenho de luz de Alejandro Gangotyena...
Photobucket - Video and Image Hosting
Tudo sobre o espectáculo no blog do Cão Solteiro: clique aqui.

quinta-feira, 7 de setembro de 2006

Livros IV
(Verão 2005) Napoli 8.78€
Photobucket - Video and Image Hosting
Pragmatismo e oltre
por Charles S. Peirce

Edições Bompiani

"Ora, Lettore, como definiresti un segno? Non sto chiedendo come sia usata normalmente questa parola. Voglio una definizione quale uno zoologo la darebbe di un pesce, o un chimico di un corpo oleoso o di un corpo aromatico - un'analisi della natura essenziale di un segno, se bisogna usare la parola in quanto applicabile a tutto ciò deve riguardare la scienza generale della semiotica (semeiòtic) come matria del suo studio; sia che esso abbia la natura di una qualità significante, o di qulacosa che una volta pronunciato è passato per sempre, o di un modello stabile, come il nostro solo articolo determinativo; sia che sostenga di stare al posto di una possibilità, di una cosa singola o di un evento, o di un tipo di cose o di verità; sia che sia in relazione con la cosa che rappresenta, verità o invenzione che sia, imitandola, o come un effetto del proprio oggetto, o per una convenzione o abitudine; sia che lanci il suo appello per simpatia, per enfasi o per familiarità; che sia una parola singola, una frase, o Declinio e caduta di Gibbon; la natura di uno scherzo, o sia sigillato e controllato, o che poggi su una forza artistica; e certamente non è che mi fermi que perché la varietà dei segni sia in quelque modo esaurita."

quarta-feira, 6 de setembro de 2006

Texto

(texto para o JL*)
Latas de Tinta

Levaram-me tudo. Roubaram-me tudo. Anularam-me tudo. Desintegraram-me tudo. As imagens da TV. Gratuitas, já sem taxa cobrada. E eu choro. Com o punho erguido. Com a flor torneada pelos dedos. Aquela realidade que não é a minha, e ao mesmo tempo é real. Isto é, está a acontecer na realidade. Aos meus olhos. A realidade que só consigo imaginar a preto-e-branco. Ou a sépia. Não a cores. Nunca a cores. A cores não. A cores é a outra realidade. O vermelho do bólide do puto sépia. A preta e o branco que estão rosados/roçados nos bancos da medieval Portugália. A noite azul que tranca todas as liberdades em quatro paredes de sólido tijolo invisível coberto por betão multicolorido de tintas decididas, decididamente, como as do ano; tudo e todos frente a uma TV que já não precisa de ser vista às escondidas em prateleiras de metal marmóreo, ou caves improvisadas contrabandeadas do leste; famílias inteiras condenadas pela fábula, à procura de novas tonalidades.
Mais, o dia amarelo pardacento que devolve essas liberdades à calçada tonificada de antiquíssimos cagalhões e mijo de pombo, para finalmente, sim, acabarem de vez com a árdua tarefa de privatizar os seus desejos e direitos. E mais ainda. As lojas giras que me inundam de geometria e efeitos. As gentes rasando, de livro na mão, as montras culturais nobres que destacam esse mesmo livro, e toda a panóplia artesanal da aldeia universal. Coisas importantíssimas. De outra forma não teríamos acesso. As gentes arrogantes que te entreabrem os olhos usando as suas pestanas pincéis para se pintarem e pintarem o país de cores garridas, para tapar a negridão do seu interior, o sépia do seu cérebro.
E eu choro. Com o punho erguido. Com a flor torneada pelos dedos. Aquela realidade que não é minha, e ao mesmo tempo é real. Todos os anos na mesma data. A minha avenida é interrompida. E lá me encontro eu interrompido no meu trajecto. Dentro do carro. Cigarro na boca. A ouvir berros de apoio, choro convulsivo. A imagem da CDU. A mesma que se via da ponte 25 de Abril, lá em baixo no Ginjal, julgo eu, durante paragens intermináveis de Verão a caminho da Fonte da Telha. E eu choro. Com saudades não sei bem de quê. Das histórias ilegais dos meus pais, de quem não faço sequer a menor ideia de que tivessem sido alguma vez jovens. Os canteiros plantados da Calle, localizados não sei bem onde. O Penim sénior que dorme assaltado por imagens de tiroteios desenfreados no corno sabe-se lá bem de que floresta. A Bella Ciao, e qual é a versão original, perguntar-me-ia eu para passar o tempo naquele maple-single-sem-braços e sem espaço para esticar as pernas. E o Pêra de câmara-ao-léu no meio do cortejo maioritariamente debilitado e sustentado por varas herdadas. E as cooperativas, vi na TV, que ideia maravilhosa. Bem… lembro-me da UCAL. Cheguei a beber. E o Zip-zip, comprei um vinil 45 rpm há pouco tempo na feira da ladra. Uma foto a preto e branco, com o Carlos Cruz, novo, parecido com o meu pai numa fotografia que eu tenho, dizem milhares de pessoas como eu em coro. E a Lisboa das grandes avenidas; Wagner num livro de música, tenho a foto, a preto-e-branco também.
Misturo tudo.
Divido a vida por cores: a parte a preto-e-branco, e a multicolor. Divido-a por actividade: a parte a preto-e-branco é cheia de Vida, e a multicolor está morta. E acuso frequentemente como assassinos desta minha era os mesmos que deram movimento à anterior, seja lá ela a que for. E esse movimento embora possa facilmente ser associado a Vida, é a meu ver, simplesmente um acto mecânico, o ir à procura de pincéis para pintar esta merda toda que me gira à volta. Um caralho de país que no interior está esturricado e bolorento ao mesmo tempo, e por fora bandeirola de uma puta de produtos cosméticos. Será que posso dizer isto, perguntaria a atrasada mental da agente cultural da 2:? Claro que podes minhota de bigode, isto é muito mais colorido do que os “de todo”, e…….
- Já posso passar, senhor polícia? (Pausa.) É que vou ali ao hospital, fazer uma transfusão de sangue… mas quando voltar, estaciono para ali… fora da avenida. Desculpe? Ainda não decidi, talvez troque com o Nuno Bragança, ou o José Mário Branco, e que tal o Sérgio Godinho. Pode ser com o Otelo. Ou mesmo com um pide. Eh pá, é que mais do que sentir, também quero saber. Não tenho liberdade para saber como é que foi?

André e. Teodósio
06-04-2004

* Texto escrito a convite do Jornal de Letras para as comemorações do 25 de Abril (nunca chegou a ser editado)

Publicidade

Photobucket - Video and Image Hosting © Nuno Coelho

A não perder no aniversário do blog O Melhor Anjo...
Livros III
(um belo dia em 2005) Fnac Colombo (cerca de 17 €)
Photobucket - Video and Image Hosting
Jean-Luc Godard - Interviews
edited by David Sterritt
University Press of Mississippi

"I'm sorry, I can't answer that question because I see no difference between the concrete and the abstract."

"Before I was an amateur in a professional system. Now I'm a professional in an amateur system."

"I see no difference between the theater and movies. It is all theater. It is simply a matter of understanding what theater means. That is not generally understood. I mean, what do you call the place where a movie is seen if it is not a theater?"

Publicidade

Photobucket - Video and Image Hosting
"O Desterrado"
Um filme de André Godinho
De 4 de Setembro a 4 de Outubro na Fundação Calouste Gulbenkian
(Foyer do Museu Gulbenkian)

terça-feira, 5 de setembro de 2006

Texto

(texto para o nelly*...)

Este é o ponto de partida.
Bem, comecemos assim. Estou aqui. Á tua frente. A ler-te isto que escrevi. O tema deste texto é transdisciplinaridade. Portanto é isto mesmo. Sim, confiro. Como é que dois corpos (duas estruturas), ou mais, uma orgia de corpos (de estruturas), produzem um outro corpo (outra estrutura). Um filho? Produzido nessa confusão libidinosa? Como agora. Vocês miram-me. E eu não vos miro. No entanto sei que fiz isto e vocês sabem que estão a ver. Não há nada entre nós. Só isto. Este agora. Vou dizer ‘agora’ para ser agora. Agora. No entanto não posso dizer aqui. Porque não sou eu. Nem és tu. Sabemos que isto está presente. Mas não sabemos como. “Eu não sou eu /nem sou o outro/ sou qualquer coisa de intermédio”. Não, também não é isto. Estaria certo se estivesse a falar sobre um objecto interdisciplinar. Tenho sempre este costume de escrever a palavra disciplinaridade com E, disciplinari(E)dade. Facto que resulta do hábito de assinar (eu e a minha família materna) com um E entre o nome e o sobrenome. E logo todas as palavras complexas (isto é, longas) para mim têm sempre um E algures no meio. Faz parte do meu sangue. Da minha transdisciplinaridade visível interdisciplinarmente.
Prossigo.
Transdisciplinaridade. Eis o enigma, ou melhor, para pseudo-citar Eduardo Lourenço, a esfinge. Etimologicamente há uma grande diferença (apesar de na prática, todas as palavras difíceis do saco semântico da artes pertencerem à mesma ideia, i.e. a de experimentação), dizia eu, há uma grande diferença entre as palavras transdisciplinaridade e interdisciplinaridade. Uma diferença assaz importante para estabelecer as bases deste texto. Poderia simplesmente transportar tudo para a palavra Gesamtkunstwerk, e sobre esta fazer um discurso algo evasivo sobre a questão. Gesamtkunstwerk. Reequacionar este problema contemporâneo através da eterna contemporânea Obra de Arte Total do eterno contemporâneo Richard Wagner. Mas não. Vou tentar evitar clichés, de uma vez por todas.
Tento a perfeição.
Vou ao dicionário. Um pouco pesado. Aposto que o dicionário modernista é bem mais leve. Pois bem. Interdisciplinar: aquilo que diz respeito a duas ou mais disciplinas em simultâneo (portanto, um terceiro corpo que torna possível a coexistência de diferentes células (as células da árvore genealógica, por exemplo)). O facto de, como já anteriormente referi, eu escrever interdisciplinaridade com um E no meio, é disso um bom exemplo. A criação de uma nova palavra através da coexistência de duas células diferentes: 1) uma palavra reconhecível como léxico instituído (raciocínio), e 2) um E meramente visual (afectivo). Interdisciplinari(E)dade, uma terceira palavra. Ora, o prefixo trans diferencia-se do inter por exprimir a ideia de ir para além de, através de. Portanto, não diz respeito a qualquer coisa (como no caso do inter), mas ultrapassa largamente (e já estou eu a ultrapassar) essas mesmas coisas (no caso de trans). Sendo assim, Trans pode também assumir outras formas como: tra, tras, tres. O que em si define tudo. Enquanto que inter inter est. Inter é inter. Ela é ela mesma. Inter. Trans é trans, mas também pode ser qualquer outra coisa: tra, tras, ou tres. Encarna. Tra, tras, tres, tra, tras, tres, tras, tras, tres. Errei, é isso mesmo que ela quer, está sempre em constante (Trans)formação. Ao contrário da inter, trans não é ela, é sempre uma outra coisa. Mata o Pai e mata a Mãe. E é esta a grande falha teórica contemporânea, ao obrigar a transdisciplinaridade (que sabe-se lá porque é que a inventaram) a agir segundo os costumes e ditames da interdisciplinaridade. Porque enquanto a interdisciplinaridade é reconhecível, a transdisciplinaridade, como mutante que é, nunca se reconhece.
Resumindo.
A interdiscipliniari(E)dade ( e o facto de ter errado é já em si o exemplo auditivo deste conceito) é a coexistência em tempo real de um número plural de formas, ora cruzando-se (aquilo a que eu chamo uma relação afectiva) ora não; isto é, comunicando paralelamente (relacionando-se racionalmente). Estas duas perspectivas (bem como todas as outras, provavelmente) só são possíveis de consciencializar no modus operativo do autor. O espectador não tem, nem deverá ter esta capacidade de diferenciar em tempo real estas características (ou tenta-se que não tenha), para puder usufruir da melhor forma possível o trabalho que lhe é apresentado (esse terceiro objecto). Mas a transdisciplinaridade não cruza nem paralela. Não se importa a quem é que é obrigada a apresentar-se. Não tem consciência do que ela é. Porque ela já não é ela. Em termos libidinosos, diria que a interdisciplinaridade é quando um casal faz amor; e a transdisciplinaridade o resultado desse amor ( e não necessariamente desse casal) sob a forma de um/a pré-adolescente na fase difícil de crescimento. A transdisciplinaridade é, assim, um nonato. O bebé que é suposto vir e não vem. É forçado a sair, portanto veio. Foi-se-lhe a vontade, e veio-nos o proveito. Vai e vem. Um projecto transdisciplinar. O bebé arrancado do corpo da mãe. A teenager louca por subir aos andares das compras. Figuras tutelares assassinadas. Nome assinado sem prefixo, e sem E no meio.
Este é o ponto de chegada.
Um vazio total para dar voz à transdisciplinaridade.

André e. Teodósio
Abril/Maio de 2005

*Texto escrito e gravado em video para o espectáculo de Nelson Guerreiro (sim, o homem que escreve ao lado de Marc Augé): 'Vaivém - a história verdadeira de um projecto transdisciplinar'.

Livros

Livro II:

(30/11/2005) Fnac Chiado 9€
Photobucket - Video and Image Hosting
Interdisciplinaridade: Ambições e Limites
de Olga Pombo
Relógio D'Água

"Entre a recusa indolente das especializações e a fertilidade heurística dos cruzamentos de competências, a palavra «interdisciplinaridade» foi-se impondo como uma password universal."

Nobel (sobre teatro): II

About Brecht
Brecht out of fashion

by Elfriede Jelinek


I am very interested in fashion. And since now even the hippie look of the late sixties has become fashionable again as grunge, and has naturally also disappeared the way fashion always does, I ask myself whether misery, poverty, and exploitation as literary subjects can come into and go out of fashion just as well. Brecht's leather coat, for example, this icon in the photographs, a piece of clothing deliberately sewn together crookedly (so that the collar would nicely stick out!), proves to me that appearance--that which is "put on" the literary subject matter--was very important to Brecht. But if the tireless naming of victims and their exploiters remains something strangely external to his Didactic Plays, something like a sewn-on collar (even though the naming of perpetrators and victims is really the main point), one could say that the work of Brecht, just like fashion and its zombies, very visibly bears the date stamp of his time. It is, however, exactly in the disappearance of the opposites, which are exposed as mere externals (misery and luxury, poverty and wealth), that the differences, strangely, come ever more irrefutably to the fore; and that is precisely what Brecht wanted! The basic tension, namely the gap between the real and what is said, is incessantly thematized by Brecht. Language fights against its subject matter, which is put on it like clothing (not the other way around!), a subject matter which is a piece of fashion; but how is one to describe fashion now? One can't. Thus the opposites master/servant etc., not unlike clothing, elude any description--even mock the very attempt at it. The real truth about these appearances we have to regain, time and again, from the codes of the externals by which the members of class societies are catalogued like pieces of clothing. That is to say, we have to look for the opposites behind the subject matters. Since we will not succeed, as little as Brecht could ever have succeeded in producing such a description (because the description would have used up everything that there might have been as its own raw material), there remains, even in Brecht's Didactic Plays, which seemingly are entirely congruent with their function, an ineffable, indescribable residue about which nothing can be said. And it is only about this residue that one can now talk.

Translation: Jorn Bramann

segunda-feira, 4 de setembro de 2006

Livros

Para um 'melhor' entendimento sobre o teatro e as artes performativas (que não na base de teorias rasteiras resultantes de uma especialização modernista tautológica e redundante, especialização que tenta anular qualquer tipo de diferença de pensamento, especialização que tem na mira a medianização do conhecimento e do conceito de cultura e, logo, cria uma 'crise da educação' [para recriar uma ideia Arendtiana] , começo a partir de hoje a partilhar titulos.
Não recebo royalties.
Não sou amigo de nenhum dos autores (não à letra, infelizmente)
Por favor leiam.
Um livro por semana não faz mal a ninguém, e um por dia muito menos.
Porque o que é bom, deve ser muito difícil. (Steiner)

Livro I

(2004/12/17) Livraria Bertrand 9.43€
Photobucket - Video and Image Hosting
A Idéia do Teatro
de José Ortega y Gasset
Editora Perspectiva

"Agora podemos dar uma segunda definição do Teatro, uma migalha mais completa que a primeira e dizer: o Teatro é um edifício que tem uma forma interior orgânica constituída por dois orgãos - a sala e cenário - dispostos para servir as duas funções opostas mas conexas: o ver e o fazer ver."

Nobel (sobre o teatro): I

I want to be shallow
by Elfriede Jelinek

I don't want to play, and I don't want to see others play, either. I also don't want to get others to play. People shouldn't say things, and pretend they are living. I don't want to see that false unity reflected in the faces of actors: the unity of life. I don't want to see that play of forces of this "well-greased muscle" (Roland Barthes)--the play of language and movement, the so-called "expression" of a well-trained actor. I don't want voice and movement to fit together. In Theatre Today something is being revealed--invisibly, for all the stage strings are pulled behind the scene. The machinery, in other words, is hidden; the actor is surrounded by contraptions, is well-lit, and he walks about. Senselessly he imitates human beings. He produces nuances of expression, and he pulls a whole other person out of his mouth, a person who has a fate that is being laid out. I don't want to bring to life strange people in front of an audience. I don't know, but somehow I prefer not to have anything on stage that smacks of this sacred bringing to life of something divine. I don't want theatre. Perhaps I just want to exhibit activities which one can perform as a presentation of something, but without any higher meaning. The actors should say something that nobody ever says, for this is not life. They should show work. They should say what's going on, but nobody should ever be able to say of them that something quite different is going on inside of them, something that one can read only indirectly on their faces or their bodies. Civilians should say something on stage.
A fashion show perhaps--during which women speak sentences in their clothes. I want to be shallow!
A fashion show, because on that occasion one could also send out the clothes by themselves. Get rid of human beings who could fabricate a systematic relationship to some invented character! Like clothes, you hear me? Clothes don't have their own form either. They have to be poured over bodies that ARE their form. Sagging and neglected hang these covers, but then somebody gets into them, somebody who talks like my favorite saint, and who exists only because I exist: I and the one who I am supposed to be--we won't appear on stage anymore.
Neither individually nor together. Take a good look at me! You won't ever see me again! Deplore it! Deplore it now. Holy, holy, holy. Who, after all, would be able to tell what characters should say what in a theatre. Any number of them I line up against each other; but who's who? I don't know these people! Every one of them could be someone else, and could be represented by some third party who is identical with a fourth, without anyone noticing it. A man says. The woman says. A horse comes to a dentist and tells a joke. No, I don't want to get to know you. Good bye!
Actors tend to be false, while their audiences are genuine. For we, the audiences, are necessary, while actors are not. For this reason the people on stage can be vague, with blurred outlines. Accessories of life without which we would leave again, pocketbooks glued to the slackening crooks of our arms. The actors are as superfluous as these bags--filled as they are, like dirty handkerchiefs, with candy boxes, cigarette cartons, and--yes!--poetry. Blurred ghosts. Products without sense, for their sense is, after all, "the product of a supervised liberty" (Barthes). For every move on stage a certain quantity of liberty is available from which the actor can take a portion. There is the pond of liberty, and the actor--please help yourself!--takes his portion of the juice, his distress-liquid, his secretions. There's no secret about that. He adds his snot. But however much he is going to take from his supply of gesturing and strutting about, the gabbing must be imitable, for he and others like him must be able to mimic it exactly. Like fashion clothing: Each piece is defined, but at the same time not too tightly delimited with respect to what it is supposed to do. Sweater, dress--they all have their leeways and holes for the arms. Yes. And what's really necessary: that's us! We don't have the liberty to be false. Those guys on the stage, however, they do. For they are the ornaments of our life--movable and removable by the hand of God, the director.
And then he tears down a whole chunk of human beings and saddles us with something he likes better. Or he will shorten the human smock by re-aligning the hem--this executive of a regional office of a toy store chain. Don't bother us with your substance! Or with whatever you use to fake substance--like dogs who circle each other with excited growls. Who's the boss? Don't be presumptious! Go away! The meaning of theatre is to be without sense, but also to demonstrate the power of the directors to keep the machinery going. Only with his own importance can the director make the empty shopping bags glow--those sagging, leaking recepticles with more or less poetry in them. So, suddenly the meaningless has meaning! When Sir Director reaches into eternity and pulls out something wriggling. At that point he murders everything that was, and his production, although itself based on repetition, becomes the only thing that is allowed to exist. He negates the past, and at the same time censores (fashion!) that which lies in the future, for that will have to heed what he lays down for the next few seasons. What lies in the future will be domesticated, and whatever is new will be regulated before it even exists. Then a year passes, and the newspapers are screaming again with joy about something new, something unpredictable, which replaces the old. And the theatre starts all over again; the past can be replaced by the present--can be redeemed. The present, nevertheless, always has to bend over the past. That's why there are trade journals. To be able to see anything one has to have seen everything.
But now to our collaborators: How can we remove these dirty marks, these actors, from the theatre, so that they won't pour themselves from their zip-lock packages all over us? I mean: That they won't overwhelm us with their fluids! For it is these people who disguise themselves, who drape themselves with attributes, and who arrogate a double life to themselves. These people allow themselves to be multiplied without running any risk, for they won't ever get lost. In fact, they don't even toy with their own being! They are always the same; they never fall through the bottom, and they never rise into the air. They remain without consequence. Let's simply remove them from the inventory of our life! Let's flatten them out into zelluloid! Perhaps we'll make a movie out of them. From there the odor of their sweat (symbol of a work from which they have tried to escape by way of a luxurious personality) won't be able to waft over to us. But a film as theatre is not a film as film! Just aim and shoot! What you see it what you get. Nothing can be changed, and thus the eternal recurrence of that which is never quite the same will be subverted. They will simply be banned from our lives. They will be punched into piano rolls that whimper wobbly tunes. They drop out of our body perception and turn into surfaces that move before our eyes. They become impossible, and thus don't have to be outlawed, for they are nothing, and they don't exist anymore. Or else: With every performance a whole new crew will take over, and they will do something totally new every time they perform. They have a supply of possible moves, but as with our clothes, nothing will be repeated the way it was done before. It's only time that threatens us with passing away! There must be no theatre anymore. Either the same will always be repeated in exactly the same way (film documentation of a secret performance which can be seen by us humans only as this UNIQUE and ETERNAL repetition), or never twice the same!
Always something quite different! Nothing lasts forever, anyway. In the theatre we can prepare ourselves for entering the dimension of time. Stage people do not perform because they are something, but because their unimportant traits become their real identity. Their wild gesturing, their clumsy, wishy-washy pronouncements, put in their mouths by those who do not comprehend--only by this are they distinguished from each other. They assume, indeed, the identity of persons whom they are supposed to represent, and they turn into ornaments, into performers of performers--in an endless chain. On the stage the ornament becomes the essential thing. And what's essential--Hold it! Step back!--becomes decoration, mere effect. Without being concerned with reality the effect becomes reality. The actors signify themselves, and they become defined by themselves. And I say: Get rid of them! They are not real! Only we are real. We are most of what there is when we, slim and chique, hang in our elegant theatre outfits. Let's look exclusively at ourselves! We are the performers of ourselves. We don't need anything besides us. Going into ourselves, and staying inside--everybody hopes, after all, that as many people as possible will look at him, as he struts through the world, regulated by magazines and their pictures, like a well-greased machine. Let's become our own patterns, and sprinkle snow, meadows, and knowledge with--with what? With ourselves! That's how everything is all right.

Translation: Jorn Bramann

in: Theater Heute Jahrbuch 1983, S. 102.