quinta-feira, 26 de outubro de 2006

Livro XXI
?? 2004 Tabacaria na Avenida General Roçadas 5€
Sonhos
de Raul Brandão
O independente

(texto usado no espectáculo 5*****, no Teatro Nacional D.Maria II):
"O teatro aborrece e irrita. Em lugar de ser um espectáculo simples e que emocione, como o de uma árvore que se enche de flor, é uma coisa complicada e embirrenta. O público despreza-o e faz bem. Sempre que uma obra é humana, larga, grande, o público apaixona-se. As coisas simples e trágicas dão-lhe emoção. Terá apenas duas ou três palavras duras como pedras para exprimir o que sente, mas essas bastam para quem tiver imaginação para com elas criar...
O trabalho teatro deve ser, mais que nenhuma outra obra da literatura, uma peça sintética: a alma descarnada das coisas apenas, e, por isso mesmo, para que apaixone, é preciso que seja simples, e cavado fundo no coração humano. Tenho esta imagem: a peça de teatro deveria ser como uma grande árvore sem folhas - nua e coberta de flor. (..) Mas sem frases: vendaval que arraste os espectadores, sintético, sem se perder em palavras - actos seguidos como uma faca que se enterra."