sábado, 13 de janeiro de 2007

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"Carta a todos os que se preocupam com a cultura"
«vimos por este meio informar a todos aqueles que acreditam na cultura e na arte como alavanca para o progresso das sociedades, que foi conhecido mais um caso aberrante de proscrição de um projecto artístico que tem vindo a desenvolver o seu trabalho desde 1996. a companhia projecto teatral, formada há precisamente 10 anos por uma equipa profissional de actores e artistas plásticos, pertencente já ao grupo de estruturas subsidiadas pelo ministério da cultura/instituto das artes, ao esperar pela prorrogação do subsídio bianual, recebeu uma carta assinada pelo sub-director do instituto, Orlando Farinha, em nome do actual director Jorge Vaz de Carvalho, dizendo que lhe iria ser cortado o subsídio para os próximos dois anos 2007/2008. os argumentos que usaram para a “decapitação” desta estrutura foram argumentos falaciosos e suspeitos, como o da companhia “não se dedicar a projectos de teatro”. esta consideração, vinda de uma comissão de avaliação de teatro do instituto de maior relevo para as artes, é demasiadamente subjectiva, infundada e perigosa e merece ser debatida por uma comissão mais alargada de indivíduos especializados. questionamo-nos se essa comissão do instituto composta por três júris dos quais a maior parte não vê os trabalhos e desconhece o percurso das companhias que trabalham numa continuidade (por razões até que se prendem com a própria efemeridade dos seus cargos), poderá, de um momento para o outro e sem convocar uma audiência prévia (o que, por si só já é um acto que a lei não prevê), decidir a vida de um projecto sério e dedicado, profissional, e um dos mais importantes dinamizadores de um pensamento sobre o teatro como disciplina artística. (...) esta decisão, que achamos negligente e contraditória, faz-nos interrogar mais uma vez sobre os reais critérios de avaliação do instituto das artes e objectivos dos subsídios do ministério da cultura: para que servem afinal os apoios estatais para a cultura? não serão para fomentar valores artísticos e culturais que, de outra forma, não teriam lugar? ou apenas se dirigem a projectos de sucesso adquirido cujo principal objectivo não é o da reavaliação e questionamento desses mesmos valores mas sim o de angariar o maior número de receitas de bilheteira? (...) como compactuar com este episódio igualmente primário e tão pouco democrático em amputar uma companhia (...) que tem representado portugal no estrangeiro, para além de ter recebido o prémio acarte (...)? apelamos, então, a todos os artistas (...), assim como a todos os programadores, jornalistas e cronistas, como a todos os simpatizantes que acreditam na diversidade de propostas culturais e no enriquecimento que estas imprimem na identidade cultural de um país, que assinem esta petição de forma a demonstrar o descontentamento que esta atitude provocou na classe artística portuguesa. salientamos que este é só mais um caso de limpeza, entre outros, e o primeiro de muitos que estarão para vir a projectos que não se destinam às “grandes massas” mas que têm uma função específica de formação de mentalidades tão importante para o crescimento intelectual e artístico de uma sociedade. »
(excerto escolhido pelo Roger)
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