Dia 4 – 08/02
Começamos com os comentários ao filme do Cassavetes.
Questões que o realizador põe permanentemente ao público:
- Sentem? Quanto?
- Sabem? Quanto?
- Apercebem-se disto?
- Viram isto?
- Conseguem lidar com isto?
- Que problemas têm que eu também tenho?
- Que parte da vida gostaria de conhecer melhor?
Personagens multi-dimensionais.
Amor como tema principal. (Começo a gostar desta coisa das grandes temáticas. Daqui a pouco dou por mim a discutir o poder, tema de 90% dos espectáculos de teatro feitos em Portugal.)
Não conhecemos a totalidade da vida em momento nenhum. Inclusivamente destas personagens.
Visão da condição humana não baseada apenas na psicologia.
Chamadas constantes para a realidade.
Loucura como pretexto para uma indefinição
Todo o filme é bipolar.
Como todas as questões técnicas se deixam abalar pela sensação que alguma coisa está realmente a acontecer entre aqueles actores.
Como os actores reclamam para si a inventividade do que estão a fazer, para além do texto escrito. E como reclamam as personagens em oposição à composição d'O Método.
Perguntas e dúvidas: é difícil fugir aos estereótipos de O Avarento.
Só se quisermos.
Mais Ortega y Gasset: “Prosa e verso há fora do teatro – no livro, no discurso, na conversação, no recital de poesia – e nada disso é o Teatro.”
Actores que dizem as deixas que querem. Como isso é importante no filme e no nosso workshop.
Leitura do quinto e último acto. E agora? O que fazemos com isto?
Discussão:
Pensar no espectáculo por correspondências. O Avarento é um dono de um bordel ou um dealer. (Ou seja, contrariaríamos tudo o que acabámos de ver no filme.)
Exemplos de actualizações de peças de Shakespeare: A 1ª guerra, a 2ª guerra, a Guerra do Iraque (tema de 90% dos espectáculos feitos nos últimos dois anos em Portugal, com “o poder” sempre à espreita claro).
Fugir da convencionalidade e do óbvio como o Diabo da cruz.
Ideias melhores: O Avarento “craves cocaine”.
Todos são Avarentos, ou cada um tem a sua tara.
Ideias piores: personagens demultiplicadas, do género: 2 avarentos cada um representando um estado de espírito diferente.
Silêncio.
Exercício (afinal fazem-se):
Olhar durante quinze minutos para a cena vazia.
Pergunta: “O que é eu gostaria de ver aqui feito, que nunca tenha visto ser aqui feito, nem aqui nem noutro sítio qualquer?”
Tempo. Go.
Sugestões:
Pessoas coladas com fita tape à parede. (Hello Maurizio Cattelan! Nota: já alguém reparou que ele é o spitting image do John Cassavetes??)
Cleanto preso (literalmente) ao pai. (Hello Simbolismo!)
Uma televisão gigante.
Galinhas.
Raios infra-vermelhos. (I love it)
Um tabuleiro de xadrês. (I hate it)
Pessoas penduradas do tecto. (Hello 60’s)
Percursos marcados no chão. (Hello 60’s, 70’s, 80’s, 90’s and 00’s)
Caras e mãos pintadas de branco. (Hello UAU @ CCB)
Pessoas-Marionetas.
Um aquário.
Fazer buracos na parede.
Um bailado clássico. (the best!)
Um leilão de actores. (the second best!)
Um espectáculo do TEUC. (the meta-best!)
Um espectáculo em rewind.
Espaço dividido em compartimentos. (Aparentemente ninguém quer o espaço tal como ele é.)
Pessoas em jaulas.
Pessoas no chão cobertas de nhanha.
Escuridão.
Pessoas penduradas no tecto.
Pessoas penduradas no tecto.
Pessoas penduradas no tecto. (Um clássico desde já.)
Um final infeliz.
Bastidores visíveis.
Espectadores que entram em diferentes fases do espectáculo. (Hello Durational Performance)
Coisas que se alteram e acontecem de forma diferente, tendo como referência os filmes Smoking/No Smoking. (um + na caderneta para a Ana Linda, já!)
Coreografias.
Gritos de guerra. Como no rugby. (Sai um + para a Filipa. Hehehehe)
Mais confusões na geografia do espaço.
Uma acção perturbadora durante o espectáculo, que não tem qualquer ligação com a suposta acção principal. (Filipa rules!!!)
Público que não pode pisar o chão.
Mais divisões da sala.
Cronologia das cenas trocadas e depois organizadas pelo público.
Uma manta tecida por todos… Não se percebeu bem esta ideia. Alguém falou do Nody. E já era hora de terminar. A Maria Inês começa no dia seguinte com a questão da manta.