During my whole life I have met some female theater directors who decided to become a mother. Everytime I see them, I often ask: So, when is your child going to be in a performance? They all reply immediately: Never! I am against child labour and exploitation. For me, this answer has always been a problem. And it is not regarding the child's position that I find this answer intriguing (almost all children, at a certain age, have the probably-not-totally-conscious-urge-to-belong-to-the-revolutionary-
party-who-will-execute-the-partage-du-sensible); I find it problematic
in the parents' position. So here is my negative dialectic:
1st They find themselves entangled with invisible dictatorships where they shouldn't. Theater (especially independent theater companies) should be conscious of the bullying rules of the symbolic hegemonic, but doesn't have to obey to it necessarily (I mean, why do theater companies in Portugal have a free day on Monday, exactly the day in the week that a child restarts to go to school making it difficult for a mother to spend a single whole day with them; and why Monday? Is it because people will stay at their houses watching the news of what happened during the weekend? Unfortunately, the answer is YES. 1 point to cap, 0 points to us.), but rather on the contrary, the whole society should slowly want to turn itself into a performative state. So one should start at their own house, not being afraid of the hierarchical aristotelic regime (that is, wanting to break the illusion, the famous irony 'yes Santa Claus is coming baby'). Of course economically it might be difficult, having the whole family concentrated in one "company", but that's the state of welfare, and it is the only way to fight the invisible (but now very visible for someone who is ethically awaken) dictatorship.
2nd When a mother firmly states that she's against "child labour and exploitation", who is she really afraid of? Herself or the opinions that others have upon her? About being afraid of the opinions I can only say this proverb: Join the good, good you will be; join the bad, you will be worst then them (THIS IS HOW A SYSTEM IS BUILT), but about our own will, it is a completely different matter. I also think that truth emerges from a dialectical negative position, but come on, one should not be afraid of the truth of him/herself so much; it happens if you desire a particularism without any other hidden particularism, it is probably ok for you to turn that particularism into a universalism. That doesn't mean that you know what's going to happen (the formulae partage-du-sensible). It only means that you did it as close to the intention as you could have ever done. Therefore, one can only say that if a mother is able to say that she's against "child labour and exploitation" it is because, of course, she is the first one thinking and capable of "child labour and exploitation". Be afraid child, be very afraid.
Ao longo da minha vida tenho vindo a conhecer encenadoras que decidiram tornar-se mães. Sempre que isso acontece, pergunto: Então, quando é que o teu filho entra num espectáculo? E elas respondem: Nunca! Sou contra o trabalho e exploração infantil. Uma resposta problemática, parece-me. E não a acho problemática pela posição em que se encontra a criança (a partir de uma determinada idade, quase todas as crianças têm o desejo-talvez-não-totalmente-consciente-de-pertencer-ao-party-revolucionário-
que-leva-a-cabo-uma-partage-du-sensible); acho-a intrigante pela posição em que se encontram os pais. Eis a minha dialética negativa:
1º Eles (os pais) encontram-se desnecessariamente emaranhados numa teia de ditaduras invisíveis. No Teatro (sobretudo nas companhias de teatro independentes) devemos ter consciência das regras implicativas da hegemonia simbólica, mas não necessariamente de lhes obedecer. Ou seja: porque é que as companhias de teatro em Portugal folgam à Segunda-feira, precisamente o dia da semana em que as crianças recomeçam as aulas, impossibilitando a mãe de passar um único dia com ela? E porquê à Segunda? Porque é o dia da semana em que mais pessoas ficam em casa (a ver as notícias do fim-de-semana)? Infelizmente, a resposta é SIM. 1 ponto para o cap.; 0 pontos para nós.
Toda a sociedade deveria, isso sim, tender lentamente a tornar-se num Estado performático. É pela nossa própria casa que devemos começar, começar por não ter medo do regime hierárquico aristotélico, ter vontade de quebrar com a ilusão e com a velha ironia do ‘sim, querido, o pai natal vem a caminho’. Claro que ter uma família inteira dependente de uma “companhia” pode ser uma catástrofe económica, mas é esse o estado do social, é essa a única forma de batalhar a invisível ditadura (desde há muito visível para qualquer ser eticamente desperto).
2º Quando uma mãe afirma ser contra o "trabalho e exploração infantil", o que é que ela teme? Ela própria ou a opinião que os outros possam ter dela? Quanto à opinião alheia, limito-me a isto: Junta-te aos bons e serás como eles; junta-te aos maus e serás pior que eles (É ASSIM QUE SURGEM OS SISTEMAS). Já quanto à vontade própria, é outro o assunto. Também eu defendo que a Verdade emerge de uma posição dialética negativa, mas vá lá, não devemos temer assim tanto as nossas próprias vontades. Pode acontecer-me desejar um particularismo sem um outro particularismo escondido, e se assim for não faz mal querer elevá-lo a universalismo. Também não quer dizer que saibamos o que pode acontecer (a formulae partage-du-sensible). Só significa que o que foi feito aproximou-se o mais possível da intenção de o fazer. E assim podemos dizer que uma mãe que tem a capacidade de afirmar que é contra o “trabalho e exploração infantil” apenas o pode fazer porque ela mesma se encontra na posição de ter pensado e de ser capaz do “trabalho e exploração infantil”. Cuidado, criança, muito cuidado.
2º Quando uma mãe afirma ser contra o "trabalho e exploração infantil", o que é que ela teme? Ela própria ou a opinião que os outros possam ter dela? Quanto à opinião alheia, limito-me a isto: Junta-te aos bons e serás como eles; junta-te aos maus e serás pior que eles (É ASSIM QUE SURGEM OS SISTEMAS). Já quanto à vontade própria, é outro o assunto. Também eu defendo que a Verdade emerge de uma posição dialética negativa, mas vá lá, não devemos temer assim tanto as nossas próprias vontades. Pode acontecer-me desejar um particularismo sem um outro particularismo escondido, e se assim for não faz mal querer elevá-lo a universalismo. Também não quer dizer que saibamos o que pode acontecer (a formulae partage-du-sensible). Só significa que o que foi feito aproximou-se o mais possível da intenção de o fazer. E assim podemos dizer que uma mãe que tem a capacidade de afirmar que é contra o “trabalho e exploração infantil” apenas o pode fazer porque ela mesma se encontra na posição de ter pensado e de ser capaz do “trabalho e exploração infantil”. Cuidado, criança, muito cuidado.