«Se o século XIX e a primeira metade do século XX foram a época das narrações sobre a consciência infeliz à procura da sua libertação, vivemos hoje numa época em que a consciência mais ou menos satisfeita aprendeu a arte de acomodar o seu espaço. O homem moderno é uma espécie de “curador” [...], ou seja, um comissário de exposição do espaço que ele próprio habita. Cada homem tornou-se uma espécie de curador de museu. Criar a sua própria instalação é, por assim dizer, uma metaprofissão que toda a gente é obrigada a exercer. A inocência do habitat tradicional foi perdida para sempre. Depois da destruição real e da prova de destrutibilidade de todas as coisas, cada habitante de qualquer apartamento, de qualquer cidade, de qualquer país, tornou-se, ou foi forçado a tornar-se, numa espécie de comissário do seu lugar.»
Peter Sloterdijk