domingo, 18 de maio de 2008

Livre/o 7 & 8


Art as far as the eye can see
Paul Virilio
Ed. Berg
+
Palácio de Cristal
Peter Sloterdijk
Relógio d'Água

Começo pelo segundo livro. Seguindo as "arqueologias" foucaultianas, a primeira parte do "Palácio de Cristal" conta a narrativa da globalização (fazendo um decoding do tempo 'heideggeriano', e tomando como novo ponto de vista o 'espaço'); é essa narrativa que muito deve a Paul Virilio e à sua dromologia (que tem como transgressão inerente, a não consumação do que se deseja, i.e. o seu profundo regresso ao cristianismo). Paul Virilio tem concentrado o seu trabalho na luta lyotardiana contra as meta-narrativas apesar de, e paradoxalmente, quase sempre apoiar o seu discurso na elaboração (na ordem da teoria) de teses cientificas (supostamente, de ordem pragmática). Sim, os anos 60 e o sci-fi ainda não desapareceram por completo! "Art as far as the eye can see" retrata assim a rapidez de assimilação da/na arte, a queda da "perspectiva", o encurtar do espaço, o mundo global, o fim da fronteira, a imersão do espectador na obra, o site-specific, o land art, as instalações (instala acções) i.e. esse mundo do agir sob o comando do 'grande Outro' consolador, esse agir que vem do nada e leva a nada. "Art as far as the eye can see" nesta recta final do global, pode acabar por ir tão longe quanto so mente o nosso reflexo ao espelho. A segunda parte do "Palácio de Cristal" trata disto também (a filosofia do monstruoso tem aqui o seu auge); deixando foucault e passando ao reticulado deleuziano, Sloterdijk decide também mudar de objecto de observação quanto ao factor rizomático i.e. em vez de fazer uma apologia ao reticulado (Sloterdijk tem alergia ao rizoma, acha-o demasiado subterrâneo), concentra-se na hegemonia dos que criaram a espuma dos dias dos pobres. No "Palácio de Cristal" proprimamente dito. E de novo se sentem os anos 60 e o sci-fi.
I just love them.