terça-feira, 27 de maio de 2008

Livre/o 9


Se a Europa Acordar
Peter Sloterdijk
Ed. Relógio D'Água

"Claro, os últimos conservadores, sejam eles católicos, estóicos ou prussianos, conservam restos de uma extemporânea fé no espírito das missões sérias e das tarefas objectivas, mas as maiorias há há muito se converteram à internacional agnóstica dos consumidores finais - para adaptarmos uma observação de Gellner, historiador da cultura inglês. Na sua qualidade de consumidor, o Europeu finissecular apercebe-se da sua situação no vazio. Já não está condenado à liberdade, mas à frivolidade. Frívolo é quem, sem motivos sérios decorrentes da natureza das coisas, tem de escolher entre isto e aquilo - o verde-gaio e não o carmim, o teriyaki de salmão e não o carré de borrego, as Seychelles e não Acapulco, Naomi e não Vanessa, os Bad Boys e não os Depeche Mode, Jeff Koons e não Markus Lupertz, as grandes cilindradas da Honda e não os BMW, Long Island e não Bogenhausen. Tudo isto sabendo perfeitamente que o contrário seria igual. Estética - a comédia de preferência."

ou então

"Podem animar-se com o dito do herói do mar Vasco da Gama que correu mundo em barcos à vela e, uma vez, gritou para a tripulação desesperada durante uma tormenta no oceano Índico: "Avante, homens, treme o mar de nós!" Para nós, a nova política começa com a arte de criar palavras que designarão o horizonte aos humanos que vogam no navio do real."