segunda-feira, 5 de maio de 2008

O AVARENTO EM GUIMARÃES















Dia 12 de Junho - Centro Cultural Vila Flor

Um novo Avarento, de José Maria Vieira Mendes: revisitação de um texto de 1668, na perspectiva do conflito entre duas gerações, no qual Molière serve apenas para o esqueleto: o autor parte a estrutura original e deixa buracos, fracturas, peças soltas, mistura linguagens e estilos, para realizar uma reflexão sobre o conflito entre a geração pós-25 de Abril e a geração dos pais dela. Uma nova versão da peça, livre e esquiva, ou a escrita daquilo que se gostaria de ler já na obra original.


Ana Dias Ferreira Time Out 09 de Janeiro 2008
Uma das grandes qualidades deste Avarento é a enorme lucidez por trás da loucura. Vieira Mendes queria falar dos “problemas das gerações”. Queria “fazer a última festa” do Teatro Praga, obrigar a companhia a continuar em palco depois de partir tudo. E o resultado demonstra como se pode ser o enfant terrible do teatro e questionar as convenções ao mesmo tempo que se revela inteligência e maturidade (…) O lado tragicómico e acentuado pelo cruzamento entre a linguagem medieval e moderna, e há uma série de referências que vão sendo introduzidas ao longo da peça, sempre com o tema pais e filhos como pano de fundo: o Édipo de Sófocles, Os Irmãos Karamazov de Dostoeivski, o Aulularia de Plauto. (…) Diz Vieira Mendes: “Uma das coisas de que gosto no teatro é que se vou falar numa coisa triste, não tenho de o fazer de uma forma triste”. E esta é uma comédia onde se fala da morte, mas onde se ri. Muito.