quinta-feira, 26 de junho de 2008

A Augusto o que é de Augusto

Discordando das nossas leituras da French Theory (ou da Pop Theory), sobretudo as 'cometidas' em inglês (ao que respondi: - ... passar de mortos para vivos já é um grande salto!), ele sugere estas:
a) Du nouveau : Essai d'économie culturelle aqui
b) Politique de l'immortalité aqui
ambos de Boris Groys (e aqui a leitura em inglês e francês não é um problema, até porque é um Russo bilingue; o mesmo poderia ser dito do Slavoj, um Russo bilingue hihihihihi).
Assim sendo, também eu volto a sugerir estes livros dele sobre o Ilya Kabakov:
aqui
e
aqui.
Em termos de 'Teoria da Recepção', e embora não seja verdade que só leia a French Theory em Inglês, é incontornável que a leitura de certos autores vivos seja feita em Inglês. E passo a explicar:
1) em termos económicos ainda sai mais barato comprar livros em Inglês do que os 'originais' em Francês ou mesmo as traduções portuguesas, o que para leitores compulsivos como nós é um factor a ter em €onta.
2) o impacto destes autores é bastante maior nos países dos cultural studies (e obviamente estou a falar da Inglaterra e dos States) do que nos 'seus países de origem' (o retorno à direita de Sarkozy ou de Merkel tornam estes escritores 'esquerdistas' malditos). Por exemplo, há uns tempos o Zé Maria conheceu um programador Alemão e conversando com ele, numa tentativa de 'interculturalidade' (que não existe), tropeça no nome de Sloterdijk (esse deleuziano disfarçado de foucault). O tal produtor em reconhecimento patriótico responde que conhece perfeitamente, pois frequenta o mesmo ginásio. Moral: ler para quê, quando tudo vai bem no melhor dos Palácios de Cristal?
3) dado o tempo necessário para a sua tradução, muitos destes livros de autores da french theory na versão inglesa vêm 'recheados' de textos de outros autores (por exemplo, os livros do Rancière com textos inéditos do Zizek, ou de Badiou com introduções extensas do Feltham) e prefácios ou textos inéditos desses mesmos autores (quase todos os do Virilio, por exemplo, ou do Balibar). A maioria destes autores está traduzido já em português (do Brasil, obviamente) e em Espanhol (é o caso da Trilogia 'Esferas' do Sloterdijk). Mas as edições inglesas são sem dúvida as mais exaustivas e, por isso mesmo, as mais interessantes. (Para não falar da imagem/design, porque o objecto pode ser um meio que permita o evento badiou dixit, hihihih, uma farpazita).
4) por experiência própria, a amazon.com ou amazon. uk são muito mais eficazes que a ex-cooperativa trostkista Fnac tanto no tempo de entrega como na possibilidade de compra em alfarrabistas (é fácil comprar livros em segunda mão a 1/5 do preço através da amazon, embora tal como a floresta no brasil, cada vez haja menos livros disponíveis i.e. o consumismo aumenta, a necessidade de uma nova fé talvez).
Mas como não há quatro em cinco, aqui vai a quinta:
5) e citando Debord (que falava de citações e não do problema das linguas nesta era tão pouco faladora de francês): "Je devrais faire un assez grand emploi des citations. Jamais, je crois, pour donner de l'autorité à une quelconque démonstration; seulement pour faire sentir de quoi auront été tissés en profondeur cetter aventure, et moi-même. Les citations sont utile das les périodes d'ignorance ou de croyances obscurantistes. Les allusions, sans guillemets, à d'autres textes que l'ont sait très célèbres, comme onvoit dans la poésie classique chinoise, dans Shakespeare ou dans Lautréamont, doivent être réservées aux temps plus riches en têtes capables de reconnaître la phrase antérieure, et la distance qu'a introduite sa nouvelle application." Panégyrique 1, pág.1659, ed. Quarto/Gallimard
A French Theory não é perfeita (também não o ambiciona) mas é o melhor que existe.
O que me leva a este ponto:
Para quando um livro do Augusto? Lembrando-me da sua recente e muito importante recensão aos Mil Planaltos aqui (e para quem tenha dúvidas, o Augusto não é grande fã do Teatro Praga, pelo contrário, somos demasiado Euro-Trash meets old Euro-Philosophy) é importante que publique. É com certeza a nossa única ponte com a tal French Theory (aliás, muitos foram seus colegas hihihihi) que ainda vai mantendo um pouco de lucidez no meio disto tudo a que chamamos 'auge da era da globalização intercultural'.
Eu por mim comprava... em português.