terça-feira, 29 de julho de 2008

Debaixo do vulcão - O FIM

"Mas ali nada havia: nem cimos, nem vida, nem subidas. Nem aquele cume era afinal bem um cume; não possuía material, nem base firme. Além disso, o que quer que fosse que o sustentava começava a desintegrar-se, enquanto ele próprio ia caindo, caindo para dentro do vulcão; mas deve ter conseguido subi-lo antes, pois agora rugia-lhe aos ouvidos o som obcecante da lava; tratava-se de uma erupção terrível, só que não era o vulcão, era o próprio mundo que explodia, explodia, com negros jactos de aldeias catapultadas no espaço, com ele próprio a cair por entre tudo aquilo, por entre o pandemónio inconcebível de um milhão de tanques, por entre o imenso braseiro de dez milhões de corpos a arder, caindo, caindo, numa floresta…
De repente soltou um grito e foi como se esse grito fosse atirado de uma árvore para outra, no meio de ecos que se repetiam incessantemente, como se as próprias árvores se aproximassem umas das outras, num denso aglomerado, fechando-se piedosamente em torno dele, num movimento de compaixão.
E, depois dele, alguém atirou com um cão morto às profundidades do despenhadeiro. "
Fim