"8. Não penso que a principal questão do nosso tempo seja o horror, o sofrimento, o destino ou a derrelicção. Estamos saturados disso e, para além do mais, a sua fragmentação em ideias-teatro é incessante. Apenas vemos o teatro coral e compassivo. A nossa questão é a da coragem afirmativa, da energia local. Apoderar-se dum ponto e conservá-lo.
A nossa questão é, assim, menos a das condições duma tragédia moderna, do que a das condições duma comédia moderna. Beckett sabia-o, cujo teatro, correctamente completado, é hilariante. É mais inquietante que não saibamos visitar Aristófanes ou Plauto, que não seja grato verificar mais uma vez que sabemos dar força a Ésquilo. O nosso tempo exige uma invenção, aquela que liga em cena a violência do desejo e os papéis do pequeno poder local. Aquela que transmite em ideias-teatro tudo aquilo de que a ciência popular é capaz. Queremos um teatro da capacidade, não da incapacidade."