quinta-feira, 22 de outubro de 2009
Cappuccetto Rosso by René Pollesch
Para além do espectáculo, do texto, do tom e dispositivo e espírito e aura do espectáculo, para além de tudo isso, a Praga ficou claramente marcada pelo actor. O investimento intelectual e físico do actor, a invisibilidade da técnica apenas possível graças a uma presença segura ou forte ou resistente ou trabalhada, não sei, a uma qualidade que nunca tínhamos visto (entre os quatro actores estava Sophie Rois, por exemplo…). Diz-se muito texto, sim, parecem actores a discutir, a defender com tudo o que podem as suas ideias, a divertir-se enquanto o fazem. Claro que não há personagens, há pensamento. É teatro mesmo, mas teatro como nunca vimos. Minado por dentro, propõe-se sem a necessidade de afirmação. Sem o discurso da desconstrução. Está vários níveis à frente, muitos furos acima. Está muito mais perto do que devia ser. Não se está a justificar. Não é auto-reflexivo. É o que é.