domingo, 8 de novembro de 2009

Sexta-feira em Berkeley

Comecei às seis da manhã (ainda estou em jet lag, só posso) a ler dois capítulos do Cormac McCarthy (Blood Meridian), tomei o pequeno-almoço com a net, voltei a um livro (Howard Hampton, Born in Flames – não vale a pena, desisti), fui até ao café com o computador e dediquei tempo ao primeiro acto da Hedda Gabler (estou a trabalhar sobre a traduçao), depois perdi quinze minutos a ver o Power Point da legendagem francesa do Padam Padam (voltou para trás, ainda não estava bem) e levantei-me, subi para cima da bicicleta com a energia da cafeína americana e desci até a uma loja de reparações de binas onde a depositei (a chinfrineira era grande e melhor afinar os travões…), segui a pé até à universidade para dar uma aula a alunos do departamento de português, chovia, cheguei molhado mas com vontade de falar e depois fui à biblioteca e encontrei um catálogo em formato de bolso de uma exposição Beuys/H.Müller/J.Meese a propósito de utopias e aproveitei para uma leitura breve de um livro da Judith Butler chamado Antigone's Claim por culpa do Vasco Araújo com quem tenho de escrever um texto e descobri na mesma estante o Handbook of Inaesthetics do Badiou onde estão as suas teorias do teatro (já publicadas neste blog) mas vai ter de ficar para outra altura porque não dava para check out e depois fui ao café ter com a Deolinda e a Orlanda (professoras do departamento) para tratarmos de burocracias e discutir como será a sessão final da minha presença aqui e fui à biblioteca do departamento de música check out o livro do Žižek e do Mladen Dolar sobre ópera (Opera's Second Death – fiquei a olhar para a partitura do Fairy Queen como boi para palácio) e então finalmente comi (algures entre isto fiz-me a uma banana e um iogurte) num restaurante tailandês onde queimei a boca e intestinos com um másculo picante que me deu energia para ir buscar a bicicleta devidamente oleada e com travões no sítio e pedalei até ao quarto onde fechei o dia comunicando com Lisboa e, já na cama, apreciei metade do Midsummer Night’s Dream do Max Reinhardt. Adormeci a ler o livro com que acordei e fechei o círculo para arredondar o dia.