quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Übersetzung

Estou a traduzir, porque me apetece (é tão bom ter tempo...):

Michael Hirsch
Subversão e Resistência
Dez teses sobre arte e política
(artigo publicado no nº 1 da revista Inaesthetic que a Patrícia trouxe de Frankfurt)

Pretendo abordar neste artigo a questão das diferentes interpretações de arte contemporânea dentro de um contexto político e teórico mais alargado ou, mais precisamente, no contexto da evolução da teoria política e dos sistemas políticos no ocidente. Irei concentrar-me na relação entre fenómenos políticos e fenómenos culturais: o modo como a descrição que fazemos de nós próprios é formatado por discursos culturais e políticos. Como se define a arte contemporânea a si própria? Como se contextualiza? Temos para isso de analisar sobretudo a politização da arte e dos discursos culturais em conjunto, a fim de reconhecermos a forma graças à qual estes discursos se tornaram (ou foram tornados) políticos. Sem este reconhecimento as nossas tentativas de desenvolver teorias e práticas críticas ou subversivas não terão uma base intelectual satisfatória.
Protesto, resistência, recusa e subversão são nomes utilizados para descrever um instinto comum de oposição e crítica. Trata-se de um instinto com um certo poder unificador. Muitos de nós concordam instintivamente com a necessidade, bem como a beleza, de gestos negativos em reacção a ordens sociais vigentes. O que fazemos com esse instinto e como trabalhamos com ele? Como ligamos esta posição simbólica às estruturas vigentes da realidade social? Podemos desenvolver modelos para a descrição de posturas críticas e culturalmente subversivas (o que significa também éticas) no contexto social que simbolicamente contradizem? Será que modelos culturalmente subversivos podem reflectir a sua própria realidade e função tanto dentro como fora do campo em que agem? Ou será que acabam por cair num voluntarismo político que é, neste momento, e do meu ponto de vista, o modelo dominante de uma auto-descrição social “crítica” presente no discurso cultural e político contemporâneo?
(...)