segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Morreu pintora e cenógrafa Vera Castro

Sentada na plateia “x” foca um pequeno quadrado de pano que não é exactamente o que ainda agora focou, ou não parece, ou qualquer coisa de imperceptível mudou. Aguarda, e há alguma expectativa para que chegue o momento de a luz se apagar e do ruído de fundo também. Enfim, a memória de um ritual que sabe reconhecer desde há muito.
Do outro lado do quadrado que ainda agora focou, “y” pode espreitar sem ser vista por um pequeno buraco, os olhares que não tarda muito se irão cravar sobre si, e isso cria-lhe uma certa tensão. Se calhar, aquele ali vai morrer de tédio, mas talvez aquele outro até a vá desejar e o do lado esboce um certo sorriso. Ah, se pudesse ver como a vão olhar... mas ainda bem que não, pois seria um desastre.