Podes-me traduzir é como quem diz, podes-me atravessar o rio,
eu dou-te uma moeda, por favor, traduz-me, assim aparece a certa altura naquele
livro pequenino que muita gente leu quando era novo, editado na minerva, o siddartha, do
escritor mais ou menos manhoso hermann hesse. O siddartha quer atravessar o
rio, pede ao barqueiro que o atravesse no seu barco e no original alemão é como
quem diz, traduz-me, por favor, traduz-me para o outro lado, uberzetzen, é
assim que aparece, e nem sequer é preciso dizer «uberzetzen» para o outro lado,
porque «uberzetzen» já contém «para o outro lado», não me traduzas para o outro
lado, traduz-me simplesmente, não me traduzas para o outro lado porque isso é
voltar de novo para aqui. Traduz-me e é suficiente. Eu dou-te uma moeda. Mas tem
de ser marco, marco alemão. Eu marco alemão, tu marcas alemão, ele marca alemão.
Espera. Marca alemão? Não, marca alemã. Qual marca alemã. sei lá, uma qualquer. Está bem eu traduzo, está bem, eu vou traduzir-te.