O nascimento de uma vocação artística: deixamos de pertencer ao universo relativamente acolhedor dos mamíferos, não temos mãe que se contraia e tenha dores para nos dar ao Sol. Descobrimo-nos então - aterrados - feitos planta; que tem de raspar as primeiras tenras células de encontro à terra dentro da qual nasceu e cuja crosta lhe cumpre furar a todo o custo para chegar a verde, a árvore. E esta terra portuguesa está uma espécie de greda ressequida; seca que já vem de trás, de longe - perguntem ao Antero e ao Garrett. Ao wagon-dor do Sá Carneiro-Cesariny-Express. Às lágrimas de aguardente do Fernado: à minha mãe Florbela (os remorsos que sinto por ter sido malcriada quando ela me ralhava por me portar bem à mesa ou querer ir cedo para a cama). Nuno Bragança |