segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

Licença Sabática – nº1

Data: 13 de Janeiro 2007 /Local: Escritório / Horas: 15:30

(a gravação começa a 15 minutos depois do início da conversa.)


Espectáculos? Alguém viu? Viste? Quem viu?

Parafraseando a ópera Pollicino:
(toca o telemóvel)
– É o teu?
– Ah é o meu… Estou… Tenho aqui umas crianças, amanhã vou comê-las, vou esquartejá-las. Queres vir? Não podes vir? A tua filha quer ir ao teatro? Oh pá deixa-te disso. O Teatro não interessa para nada.
(Nessa parte ninguém se riu.)


Filmes? Alguém viu? Borat? A Rainha? O odor de sangue? Filmes? Filmes? Alguém viu? O último filme que fui ver foi…

Formatos? Não tenho nada contra. “Os críticos são super preconceituosos em relação a essas coisas.”
Continuamos politicamente correctos? Como nos anos 90?
Já se podem fazer piadas com o cancro e com a sida?
Já se podem fazer filmes com crianças nuas como nos anos 70?

“O veado de A Rainha era a Diana, por causa dos cornos…”
É como os filmes da TVI? Não é como os filmes da TVI?
Hiperealismo.

Agenda cultural diversa: conferências, filmes, óperas, discos…

Voltando à Rainha:
Utilização de uma realidade da qual ainda não há distanciação. Temas sobre os quais aparentemente já não há nada a dizer, por sobrexposição.
Ou como usar num espectáculo um hit do momento que passa na rádio e como isso pode ser um elemento perturbador.
ou
Fait-divers sobre a realeza inglesa: William, Charles, Elizabeth, Diana
Fait-divers sobre o nosso Presidente da República.

Silêncio

Mais Presidente da República. Gossip.

“Viram o filme do Pedro Costa?”
Personagens ficcionadas?
Dodots em crioulo. “As coisas para mim são partituras.”
Tempo e espaço diferentes dos outros filmes.
Atraso do tempo produtivo? Resistência à aceitação consensual?

Nota do Transcritor
Comentários idiotas acerca do filme tirados no IMBD:

“I saw the beginning of this film at the Vancouver Film Fest. The description sounded great, and apparently it was getting good reviews - but about 1.5 hours into it, I couldn't bear the monotony, *beep* acting, and boring camerwork. I couldn't understand why this movie existed, what the point of it was. When they introduced it, they said it was slow, but if you stuck with it, you'd be amply rewarded. I'm just curious about what happened to the old man - whether the movie did become interesting or what. Anybody make it to the end?”

“Why did it get such great reviews? The monotony and the boring camerawork. Because anything that is an exact oposit of mainstream cinema, is for some reason imediately consider genius.”

Fim da nota do transcritor

"No Líbano o que conhecem de Portugal é a Amadora e as Fontaínhas."
"A Amadora está em último lugar no ranking das cidades portuguesas."

Cidades… O Porto.

Nada a dizer. “A questão do Carrilho interessa-vos?”

COLINA
T-shirt da Colina. Colina no coração. Vestir a camisola.

Desvio ----> "Quarteto"

- O momento das colagens é mau. É fraco.
- Não vou tirar nada do espectáculo.
(…)
- São coisas recorrentes nos espectáculos do Teatro Praga.
- O que é uma coisa recorrente?
- Isto é uma discussão eterna.
- Podia ser uma coisa recorrente mas que me fizesse imenso sentido…
- Isso vai aonde? E então?
- Estão-te a fazer uma proposta e tu estás a pôr-te numa posição de intolerância em relação ao que te estão a apresentar. (…) Mas se é uma coisa formal…
- Se calhar é uma coisa formal. (…) Com as imagens sinto que as ideias se encadeam mais facilmente.
(…)
- Anjos e caralhos, caralhos e anjos… É mais literal.
- Eu vou pensar mais profundamente porque é que aquilo não me bate. Há uma razão mais racional de certeza. (…) Eu nunca percebi porquê.
- O que mais me impressiona é tu tomares isso como se fosse um erro.
- Este espectáculo não funciona para mim porque tem aquilo no meio
- Mas isso é muito arrogante.
- Mas por isso é que estamos aqui juntos. Não iria a este nível com mais ninguém.
- Acho que em relação às artes performativas há mais arrogância pela parte do público.
- Se vires um quadro não te passa pela cabeça dizer que o pintavas doutra cor.
- É porque pode. Porque está ali, porque é agora.
- Posicionas-te no lugar do criador. Mas esse não é o teu lugar.
- Não, claro que não é. Mas fazes esse exercício: o que é que prescindias dali e o que é que me é absolutamente vital.
- Mas há uma hierarquia: ela não deixa de ser a criadora e tu não deixas de ser público. (…) Uma coisa é dizer que a música está muito alta. Outra coisa é criticar um momento conceptual.
- Podem-me dizer que com a imagem é exactamente a mesma coisa, mas não é. As pichas são grandes e os clitóris também. Mas há uma subjectividade maior.
- Mas o espectáculo é muito certinho, e neste espectáculo isso é uma qualidade.
- Não há muitas pontas soltas.
- Para mim a dobragem é incompreensível.
- Eu não vou explicar, desculpem.
- Para mim era um momento de entretenimento.
- Se calhar acho que [colar papeis nas paredes] é uma coisa muito imediata e mais fácil.
- Mas isso também não é um critério de avaliação.

(fim do minidisc.)
(Vários minutos sem gravação.)
(Rebobina-se e grava-se sobre o principio.)

COLINA:
Revisão COLINA – Ahrus
Questão: Colaboração / Co-criação
Projectos. Artistas. Projectos. Artistas. Projectos. Relações.
Artistas que se identificam com artistas, e não com propriamente com projectos.
“Havia pessoas com quem eu não queria trabalhar e que nem sequer queria ouvir o que elas tinham para dizer.”
Descrição do processo.

(fim dos quinze minutos de sobreposição sobre o início da conversa)