terça-feira, 3 de abril de 2007

Workshop E.S.T.C.

4ªsessão

Voltaram à Helena Rubinstein depois de estarem no alto da torre de marfim d’O Outro. Voltaram a ser só dois Ele e Ela.

Ele – Então pronto, começámos a gravar agora.

Ela – Mais uma vez voltamos à Lena Rubinstein…

Ele – Para mim ontem foi… Eu no fim já não estava a conseguir pensar.

Ela – Bem ontem foi muita duro eu também fiquei com os cornos em aguadilha…

Ele – Fiquei completamente estafado, estafado, estafado, estafado!

Ela – Tens de estar a dar resposta a cinco grupos diferentes, n’é?

Ele – Sim, sim, sim, andas a saltar, a saltar e depois… É um jogo altamente perverso que é…ahhhh…tu tentas dar-lhes a volta e eles tentam-te dar a volta.

Ela – Sim.

Ele – Então tu estás ali sempre… a tentar…ver quem é que dá a volta a quem…

Ela – Sim, sim a ver quem é que desiste primeiro.

Ele – Sempre.

Ela – Mas isso é bom sinal!

Ele – Sim, sim, sim, sem, sim é bom sinal. Mas eu também sinto que eles, se calhar, às vezes estão a crashar um bocado demais e… e… se calhar devíamos fazer outras coisas para… p’ra…p’ra descompenetrar, p’ra desc… para descomplexificar mais, nuns momentos, não sei às vezes parece que estão…entram em tilt rapidamente.

Ela – Pois , mas eu, eu acho que isso é pela falta de hábito neste tipo de exercício de pensamento… por que pá, é muita difícil, MESMO, é mesmo muito difícil… e… pá e os gajos… o que eu sinto é que como… como não têm esse calo ainda facilmente aquilo… Basta um dizer não e não sei o quê e aquilo tilta logo.

Ele – Pois.

Ela – (Risos) Gostei muito da Catarina e da Joana que ontem resolveram ir beber cervejas. (Risos)

Ele – Isso foi bom. Isso foi bom. Foi óptimo.

Ela – Aquilo não estava a ir para lado nenhum, elas estavam a tiltar completamente e foram arejar. Depois chegaram às 23 e 30 muito contentes, aquele género, já arejamos. (Risos) Já estamos capazes outra vez.

Ele – Eu gostei bastante do Tiago porque ele mudou radicalmente, propôs –se, ok, mesmo que não seja aquilo que ele queira fazer propôs-se fazer… a… a, a entrar no nosso jogo.

Ela – Sim, sim.

Ele – De alguma forma.

Ela – Também achei.

Ele – Já não estava a resistir, já estava a… a entrar no jogo.

Ela – Também achei que foi alto salto no grupo dele da Margarida do Nuno e da Carla…

Ele – Sim, sim, sim…

Ela …Que estavam altamente resistentes na, na, na….na sessão anterior de trabalho.

Ele – Sim, sim, sim.

Ela – Pá e parece-me que se os gajos apostarem, se fundamentarem bem o caminho que estavam a encontrar, pode ser muito interessante.

Ele – Depois eu vinha no comboio e vinha a falar com o Diniz e ele disse-me uma frase absolutamente maravilhosa que é…uma espécie de…ahhh….nuvem ….

Ela - Diz, desculpa?!

Ele – De nuvem.

Ela - Sim.

Ele – Que é quando tu olhas para um texto…ahhh….encarares um texto como um catálogo de emoções. Ele estava a dizer… É uma coisa muita gira tu veres… Essa coisa que ele estava a dizer, tu olhas para um texto e é um catálogo de emoções, olha agora aqui estou triste, vou fazer isto triste, ou não, isto é um texto de mau, assim uma espécie de catálogo… é uma ideia gira. E ele estava a dizer que era um problema que os actores tinham… que… que olhavam muitas vezes para os textos e encaram o texto como um catálogo de emoções em vez de outra coisa qualquer. Eu escrevi logo, copiei, claro!

Ela – Fizeste muito bem.

Ele – Vou já pôr no meu blog, quando tiver Internet.

(Risos Ele e Ela)

Ele – Se calhar não temos mesmo tempo, devíamos comer lá ao pé.

Ela – Não! Temos. Então já estamos quase ao pé do Babilónia

Ele – Acho que também nos devíamos dividir, às vezes…

Ela – P’ra, p’ra conseguirmos estar com mais pessoas?

Ele – Sim. E também para quem está a trabalhar cenas, eles têm tantas questões sobre o texto, como dizer o texto, pá quem está a trabalhar cenas começar logo a fazer exercícios: então diz-me lá como é que dirias esse texto, pronto, não é por aí ou é por aí.

Ela – sim mas eu acho que, se calhar, temos de passar a fazer isso para a semana, acho que é bom… essa ideia da coisa ser mais prática e de… por que acho que… aquela coisa de que falámos, se eles não arranjam um caminho certo muito facilmente vão encostar numa…

Ele – Não, não, não. Mas o que eu estou a dizer é, estão sentados e estão a trabalhar sobre uma cena, pronto, independenteme… não é, não vão fazer a cena, estão sentados e estão sempre com aquelas questões: ai e o texto, como é que se diz o texto e não sei quê. Fazer logo umas pequenas experiências.

Ela – Ok.

Ele – Sem cena, sentados, a dizer o texto. Como é que se diz o texto? É mais isso não é nada fazer só para ficarem divertidos a fazer, de todo… de todo. Mas para mim ontem foi completamente…

Ela – Eu saí de lá arrasada

Ele – Eu também.

Ela – Arrasada.

Ele – Eles estavam cheios de energia e eu estava morto.

Ela – Pá, porque quer tu queiras, quer não, estás ali a especular sobre ideias de cinco grupo e…e estás completamente a meter-te naquilo.

Ele – Pois, pois.

Ela – É impossível estares a trabalhar ideias e cenas e coisas assim se não te implicares verdadeiramente e isso é muita esgotante.

Ele – Pois, pois. Mas foi o contrário, exactamente o contrário dos dias anteriores em que nós estávamos cheios de energia e eles cansados a consumir a consumir e agora estavam eles cheio de energia a produzir…

Ela – E nós, tipo, AHHHHHHHHH PÁREM!!!!!!!!!!!

Ele – A ficar mortos (Risos)

Ela – Eu no fim quando estava a falar com o grupo do Nuno, do Tiago, Da Carla e da Margarida, já estava enlouquecida. Eles começaram a falar e só me diziam: o riso, o riso eu, eu a crashar...

Ele – E eu, fiz um ponto… no final queria fazer um ponto de ordem…

(Risos Ele e Ela)

Ela - Não foste capaz (Risos)

Ele – (Risos) Não fui capaz de fazer nada, caralho. Disse: pronto, então é assim controlem-se uns aos outros…

(Muitos risos Ele e Ela)

Ela – Foi tão bom! Foi muito bom!

Ele – Foi a única coisa que eu consegui dizer. (Risos) Não consegui fazer ponto de ordem nenhum!

Ela – Aquele género, ponto de ordem não há!

(Risos cada vez mais largados Ele e Ela)

Ele – NÃO HÁ!!!!!!!! É muito triste.

Ela – Eu acho que para a semana isto vai ser fodido é para nós porque os gajos vão estar de férias, nós vamos estar com ensaios à tarde…

(Risos já a tocar na demência Ele e Ela)

Ela – Ou seja, vamos queimar os cornos a tarde toda , depois chegas aqui e tens de queimas os cornos mais uma vez.

( Conversa cortada pelo lápis azul da censura)

Ele – Pronto, é isto. Não se passa mais nada no reino da Germânia. Já não tenho mais nada a acrescentar.

(Pausa)

Ele – Como tentar respeitar o texto, ou servir o texto numa bandeja, sem qualquer tipo juízo moral sobre ele?

Ela - Isso eu acho que está a ser difícil.