O João Carneiro escreveu uma crítica sobre o Conservatório no Expresso que, em oposição a outras, revela uma compreensão clara do espectáculo. E não estou a escrever este post pelo facto da crítica ser positiva; o Augusto Seabra também compreendeu claramente o espectáculo e no entanto não lhe agradou, pelo contrário, tem uma certa aversão às nossas 'figuras anti-democráticas'. Portanto, escrevo este post, somente em seguimento/contraste de/com este outro (aqui). Bem sei que também não agrada o Augusto o que por aí (ou aqui) se anda a fazer à crítica. Mas é que nesta dromologia, o primeiro a chegar mais rapidamente a uma resposta (e mesmo sabendo "qu'elle n'existe pas"), vence (e é dentro desta meritocracia que para mim surge a verdadeira democracia no sentido platónico). Se a arte possui já em si uma crítica ao que o Outro faz, então espera-se de um crítico que não faça arte uma elucidação total ou brutal das ferramentas disponíveis para a análise da arte e da cultura. (E esta disciplina quer queiramos quer não tem um nome: Teatro, na Europa; Cultural Studies, nos E.U.A.).
Para que fique claro, J.C. (e as iniciais parecem atingir uma tal redenção i.e. uma redenção que a minha geração está impedida de alcançar devido à sua própria mediocridade) não necessitou de recorrer aos livros do Sloterdijk (e assim fica claro que as referências são traços de fuga ou indicações Debordianas, e não 'imprecações' ao espectador); por não ser criador, aborda o que vê numa perspectiva arqueológica (no sentido foucaultiano da coisa) articulando a nossa História e a sua História (que afinal é a de todos); e não mente inventando "pois a mentira mais impiedosa, é a de inventar Histórias" Prometeu de Ésquilo dixit.
É esta articulação de saber que é o mínimo esperado numa crítica. E é isto que a minha geração Y (provavelmente o 'único' jornal que se vai quedar) nem sequer consegue atingir. E eu lamento, lamento profundamente. Neste culminar das nossas capacidades o nosso Bartleby em vez de dizer "I will prefer not to" passa a dizer "We don't have to". E eu respondo: "Depois não digam que eu não avisei."