AS MINHAS ESCOLHAS (2008)
LIVRO
Ennemis Publics
Michel Houellebecq/Bernard-Henri Lévy
Flammarion/Grasset
Tem maldade?
Tem.
Mas ajuda a avançar?
Ajuda.
Para a frente?
Isso não sei.
É de esquerda?
É.
É de direita?
É.
É filosófico?
Também.
É político?
É.
Dá para rir?
Dá.
É em francês?
Claro.
É platónico?
Sim.
E aritotélico?
Hmm..... também.
Portanto é Estético?
É bonito o livro, sim. É o melhor de 2008. E é megalopsyquico porque NÓS NÃO VAMOS PARAR. "A vida não se faz em dois actos. Estamos no começo. Sacrificamo-nos, sim, mas por um futuro. Somos jovens, (..) falamos inglês, somos coloridos, dançamos, temos sangue novo, veias robustas, sabemos pensar, podemos esperar. Eu e tu. Os dois. O mundo é nosso." Zé dixit in Avarento.
FILME
Ex aequo*:
Namban Japan de André Godinho (ver texto aqui)
e
Speed Racer dos Wachowski Brs. (ver texto aqui)
*ficou fora de competição um Australia 'supostamente megalopsyquico' que não tive tempo de ver.
DISCO
The Presets
Apocalypso
Modular Recordings
"Quem me conhece i.e. Deus ou outro Grande Outro" sabe perfeitamente que o disco tinha de ser este. Aparentemente a par dos MGMT, do Gonzales, do Sébastien Tellier, dos Cut Copy, dos Black Kids, dos Crystal Castles, dos Vampire Weekend, da Santogold, dos Hercules and Love Affair, dos The Faint, dos 'gone' Ting Tings tentando substituir a pirosa Robyn, dos velhos Sparks (VE-LHOS, VE-LHOS, VE-LHOS!) e da velha Leila (VE-LHA, VE-LHA, VE-LHA!), dos Buraka, dos recentes El Guincho + Gang Gang Dance + High Places, e blá blá blá, os Presets foram os reis (o play count do meu iTunes assim o indica).
Músicas mais escutadas: If I know you + Talk like that.
Músicas menos escutadas: My people + A new sky.
Não tenho mais nada a dizer. Os números mostram tudo (a verdade emerge),
CONCERTO
Sébastien Tellier
Casa das Artes de Famalicão (14 de Junho de 2008)
Inserido na programação megalopsyquica de Vítor Belanciano, foi o melhor concerto de 2008. Sébastien, lírico e lúdico, envolvido numa pele sonora 3-D vibrante (e tecnológica), seduziu o público (que maioritariamente só queria ouvir a músical oficial francesa para o concurso Eurovisão) entre vinho, suspiros, luzes 'kadokianas', falhas técnicas e piadas políticas.
SÉBASTIEN É CONSERVATÓRIO.
TEATRO
Caixa 1. Strange Fruit + Caixa 2. Aqui também acabou
Poço dos Negros, 120 (Julho e Novembro de 2008)
(+ info aqui e aqui).
As rabecas (rabeca chuleira ou rabela ou ramaldeira, é um violino popular de braço curto e escala muito aguda) guincham: SÃO AMIGOS. Para esclarecer: tenho alguns amigos que criam coisas que não me seduzem. E como isso não é um problema, também não tem necessariamente de ser uma mais-valia (apesar de só conseguir ser maioritariamente amigo de pessoas que criam coisas BELAS, sim, belas de beleza. Mas isto fica para outro dia).
Ultrapassando isto, o Cão Solteiro (companhia com quem co-produzimos o espectáculo Sobre a mesa a faca) continua a ter um trabalho decididamente high brow, elevando assim a minha vontade de investir sentido nessa coisa nula a que chamamos Humanidade (logo, perpetuando a F.O.D.A., eu já explico). O excesso como verdade? Hmm. Então somos maus.
Estas duas caixas são uma formalização de todo este pensamento.
As caixas, relicários de padrões, reproduzem/criam o padrão Nada. Se Anita vai a Nada, as duas caixas do Cão Solteiro são a agência de viagens do Nada. Ora o Nada, não é o gesto de recusa passivo de Bartleby. Pelo contrário, o Nada do Cão Solteiro é o agenciamento de tudo o que abarroca e dissimula o Nada. Portanto, o Nada com todos os seus pequenos Nadas (em psicanálise denomina-se de Realidade Simbólica, mas eu prefiro o logo F.O.D.A. 'Funcionamento Ordenado Dos Anónimos'). E porque "a vida é feita de pequenos nadas" SG dixit, é que se deve recusar a leitura passiva de Bartleby (o não quero saber, não estou a ver, não quero fazer parte) e preferir a leitura activa (ao contrário de Sloterdijk, prefiro o cinismo à ironia): "Afastarmo-nos o suficiente para podermos observar o que se passa na complexa região contemporânea" de A-Team dixit in Supernova.
Se na primeira caixa temos uma compreensão Macro, o perpetuar da actividade simbólica pós-maçã, na segunda caixa temos um entendimento Micro, a sensação do 'eu-sei-mas-ainda-assim-não-quero-saber' que levou/leva alguém a trincar a/s maçã/s (assim como o burro que segue a cenoura).
Ora, é em toda esta vontade de pensar, capacidade de se voyeurizar, que as duas caixas do Cão Solteiro possibilitam que a sociedade se vá desmarcando. Novos lugares serão ocupados, é verdade. Mas também é verdade que ainda falta a caixa 3. lol Ou não? Ai. hihihihi. e a 4 e a 5 e a 6 e a 7 e a 8 e por aí fora.