terça-feira, 8 de setembro de 2009
Mike Bongiorno
"Apresentador.
Símbolo máximo da mediocridade absoluta.
Idolatrado por milhões de pessoas.
Redução do superman ao everyman.
Não se envergonha de ser ignorante.
Entra em contacto com as mais vertiginosas zonas do conhecimento e delas sai virgem e intacto.
Representa um ideal que ninguém deve esforçar-se por atingir porque, seja quem for, se encontra desde o início ao mesmo nível que ele.
Está firmemente convencido de que A é igual a A e que tertium non datur.
Nele anula-se toda a tensão entre ser e dever-ser.
Não reconhece o paradoxo. Ignora a dimensão trágica da vida."
Assim o descreveu Umberto Eco num famoso ensaio de 1961, "A fenomenologia de Mike Bongiorno", e assim o descrevemos nós no espectáculo Agatha Christie (Culturgest, 2005), enquanto Bongiorno (Diogo Bento) se degladiava com Rita Pavone (Pedro Penim) numa luta sangrenta e mortal...
foto: Ângelo Fernandes
Morreu hoje e percebeu finalmente "a dimensão trágica da vida"...