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(Pausa.)
Volta e meia ensaio este discurso. Como se tudo isto fosse sério. E depois desfaço e comento, como se tudo isto fosse mentira. E depois comento o comentário, como se tudo isto não existisse. E depois desminto o comentário, como se tudo isto fosse a vida.
Já acabei. Recusei os leitores. Não lhes falei ao coração. Perdi as histórias a meio. Procurei a possibilidade, ou seja, a finalidade, mas sem convicção. Dediquei-me a demasiados caminhos. Estou perdido. E ninguém suporta um escritor perdido. São tantas da manhã e eu ando à deriva. Atravesso as tempestades como quem encolhe os ombros. Nada importa. Bati no fundo da ficção. Afoguei-me. E inchei. Aumentei o tamanho e tornei-me grotesco. Ninguém quer olhar para mim. Viram-me as costas como quem vira uma página. O leitor quer ler outra coisa. Quer saber se vamos chegar a algum lado. Quer saber mais de Berlim. Quer estar a par. Quero entrar dentro de ti. Quero saber se estás bem. Quero cheirar os teus cheiros. Quero saber o que comes. Quero ver o parque. Também quero ir ao café. Quero nomes, dados concretos, estações de metro.
(Pausa.)
\. l ppppok7´\
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