terça-feira, 13 de novembro de 2012

BERLIM DIÁRIO (fechar fronteiras) 13


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Voltei! Fui à procura de livros e comprei umas meias. Fui à procura de calças e comprei um bilhete de metro. Fui à procura do almoço e comprei um álbum de fotografias. Fui à procura de uma rua e encontrei um conhecido. Fui à procura de uma história e encontrei um fim.  

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Voltei! Uma Stammkneipe é a tasca, ou seja, o bar, onde se vai todos os dias beber uma cerveja. É vizinhança. Tem alcatifa no chão. O cheiro a tabaco já não sai. É como a sala de estar, um prolongamento da própria casa. Tem cabides tortos. Um balcão. Pouca gente. Às vezes mais. O prefixo “Stamm” significa tudo o que anda perto de tronco, base, estirpe, hábito, e por aí fora. Stammkaffee é o café aonde sempre vou. Stammtisch é a mesa onde sempre me sento no café aonde sempre vou. “Stamm” é a defesa da rotina. Da repetição. Stammbuch é o livro de referência. Stammwort é a palavra que não esqueço. Stamm é a reivindicação do hábito. A apropriação do mundo. A domesticação do caos. A transformação da vida. O absurdo da humanidade. A justificação para uma entrada num diário. 
Talvez devesse ir dormir. 

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Voltei! Palavra do dia: “olarilolela”.

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