quinta-feira, 15 de novembro de 2012

BERLIM DIÁRIO (fechar fronteiras) 15


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Vou aproveitar a deixa do dia anterior para expor o que o protagonista procurou. Assim preto no branco. Já o dei a entender. Disse por outras palavras. Mas pode não ter ficado claro. E desde que cheguei a Berlim que o meu propósito é a clareza. Os dias anoitecem cedo aqui, e por isso a exigência de iluminação é maior. E se não expuser o que o protagonista procura desde o primeiro dia, ninguém reconhecerá o desenlace ou a falta dele. Para o sucesso da história, explico aqui que aquilo que o protagonista procura, e que ninguém ainda sabe se encontrará, é qualquer coisa como a descrição de felicidade que encontrei num livro: morrer, sim, mas apenas se me puder ver a mim próprio morto. Ou ainda, no mesmo livro, mas outra descrição: remar para o meio do lago, largar os remos, deitar-me no barco e deixar-me ficar assim deitado. Ou ainda uma outra descrição:  ver-me a sair daqui. Ou ainda uma outra descrição: regressar. Ou seja, na famosa descrição: descrever o fim quando chegar ao fim. Também se pode chamar liberdade. Não fui eu que o fiz. (Há um livro sobre isto.)

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