sábado, 10 de novembro de 2012

BERLIM DIÁRIO (fechar fronteiras) 9


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Se a seguir à tempestade não vem a bonança mas sim outra tempestade, resta-nos a vontade de abandonar o barco. (Isto não é uma metáfora, é um texto a ser escrito. Chama-se: Tempestade. E não é um texto, são tempestades.) 

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Este diário tem um destino. Mas eu ainda não digo qual é. Não posso revelar o fim. 
Fim.

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Nein! Nein! Nein! Nein! Nein! Nein! Nein! Nein! Nein! Nein! Nein! Nein! Nein! Nein! Nein! Nein! Nein! Nein! Nein! Nein! Nein! Nein! Nein! Nein! Nein! Nein! Nein! Nein! Nein! Nein!

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Filme da vida:
No bar onde estou, em frente a casa, uma sessão de cinema. Estou afastado do ecrã, não o vejo, mas sou obrigado a ouvir o som. É brasileiro, anos 70, talvez série C, com corais de igrejas e berros e cacofonia e sobreposição e umas vozes às vezes a dizer frases soltas, género: Porquê, meu Deus? Não pode ser verdade. Uma delas sempre que fala é em eco. Deve ser Deus. Diz: “A hora da verdade é chegada.” Agora canta-se “Aleluia”. O som está desafinado e envelhecido. Para quem só ouve tornou-se insuportável. Agora a voz diz: “Quem procura o fim terá um fim sem início.” E perguntam-lhe: “E este relógio, não marca as horas porquê?” “Não há maior castigo que o tempo. Dar tempo ao próprio tempo”, responde a voz com eco, ridícula. E perguntam: “Afinal quem é você?” “Não desperte a besta que vive em mim. Deixa que o meu descanso seja a sua...” (e não percebo esta palavra porque o eco aumenta para o final da cena). E agora um órgão toca a “Marcha Fúnebre”. Quem vê o filme ri-se. Mas há uma pessoa que a rir diz: “Não te rias. É suposto chorarmos.” E uma outra pessoa no público grita: “OH MY GOD!” E ouve-se o “Avé Maria”, também ranhoso e desafinado. E o público bate palmas. 
Fim.