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Hoje convivi com bocejos. Não sei se eram dos outros mas ouvia-os tão distintos e volumosos que não podiam ser só meus. À minha frente estava uma plateia que descia bem cheia até a um palco atafulhado de baús e madeira e tecidos creme. A minha vontade era sair dali. Mas estava preso no meio dos bocejos. Não consigo perceber porque não saíram os outros para me abrir passagem. Será que não estavam ali? Terá tudo sido um delírio provocado pelo frio?
E a caminho de casa, intrigado, resolvo ler e na leitura encontro a mesma perplexidade. Qualquer coisa como: Porque continuam as pessoas a querer estar presentes? Porque vêm elas de todas as partes do Império? Porquê?
E a resposta no livro: porque querem. Porque têm boas estradas e meios de comunicação. Porque o metro funciona. E têm dinheiro para pagar o bilhete.
Nas televisões do metro anunciam que o tempo vai aquecer. Entretanto tenho sono.
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