sexta-feira, 24 de fevereiro de 2006

EUROVISION - retoma hoje


foto: Ângelo Fernandes

Um espectáculo do Teatro Praga
Em co-produção com a ZDB e a Transforma AC

Após dois meses de residência criativa na ZDB e ter estreado no A8 Lab na Transforma ; Pedro Penim e Martim Pedroso apresentam a peça Eurovision, inaugurando uma nova etapa desta primeira colaboração entre a Galeria Zé dos Bois e o Teatro Praga.

Um espectáculo multilingue a três tempos: Passado, presente e futuro; Imagem, Babel e discurso; quadro, fragmento e narrativa; Adão, Europa e razão; solidão, saliva e língua.
Com Eurovision, é proposto um espectáculo de visão particular, um objecto tremendo como a Europa e ao mesmo tempo pequeno como um guilty pleasure.
As fronteiras estão finalmente abertas, a partir do velho continente tenta-se a construção de uma narrativa, um concurso longo e viciado em que só o melhor (dos melhores) ganha.

Ficha Técnica e Artística:
Um espectáculo de Pedro Penim e Martim Pedroso
(com a colaboração de André Teodósio e Rogério Nuno Costa)
Produção: Pedro Pires
Interpretação: Pedro Penim e Martim Pedroso
Texto: Pedro Penim, Martim Pedroso e André Teodósio

De 24 de Fevereiro a 18 de Março,
Sextas e Sábados, 21:30 e 23:00

Entrada:6 euros

Contacto e reservas:
Tel. 21 343 02 05 celia@zedosbois.org
+ info:
www.zedosbois.org / www.teatropraga.com / http://teatropraga.blogspot.com

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2006

"Public Figures Of Our Days"



Cosima Von Bulow

Cosima von Bulow (born in 1967) was the daughter of Martha von Bülow and Claus von Bülow, and testified in defense of her father during the famous trial for the attempted murder of her mother. Cosima Von Bulow who was to receive thirty million from her maternal grandmother was disinherited because she sided with her father during the legal battles.

ver também: Sunny von Bulow, Sharon Tate e Patty Hearst

Sunny Von Bulow



Dexter Dalwood, Sunny Von Bulow, 2003, Oil on Canvas,105 x 207cm

In his painting of Sunny Von Bulow, Dexter Dalwood draws poignant comparison between the New York socialite and Pre-Raphaelite representations of Shakespeare's Ophelia. Plagued by depression and mental instability, Sunny slipped into irreversible coma in 1980; her husband, art dealer Claus Von Bulow, was initially convicted and later acquitted of attempted poisoning. Here, Dalwood portrays the heiress as an eternal beauty, trapped in a morbidly poetic slumber. Based on an 1852 painting by John Everett Millais, Dalwood weaves art historical reference into contemporary popular conscience, adding gravitas and reverence of legacy to the transient limelight of today's media culture.

"Public Figures Of Our Days"



Sunny Von Bulow

Martha Sharp Crawford von Bülow (Sunny) (born September 1, 1932 in Manassas, Virginia) is an American heiress and was a socialite and philanthropist in earlier years. She was the wife of Claus von Bülow. Since 1981 she has been in a persistent vegetative state following an unexplained coma. The coma was attributed to hypoglycemia from injected insulin, and her husband was convicted of attempted murder after a highly publicized trial. The conviction was overturned by an appeals court, an incident dramatized in the movie Reversal of Fortune (wherein Bülow as played by Jeremy Irons in an Academy-award winning star turn). Many aspects of her coma remain unexplained and a subject of conjecture and controversy.

ver também: Patty Hearst e Sharon Tate

Disco-Theater

O longo silêncio é devido a estarmos, neste momento, em residência no Espaço do Tempo (Convento da Saudação/Montemor-o-Novo).

(Rodney Graham)
Muitos heróis, muitos maus, muita riqueza, muitos conceitos de Arte (Kunst) Total, muitas projecções de 4 horas, muito alvarinho, muitos cigarros, muitas piadas, muitos atrasos, muitos grelhados, muito frio, muito Wagner, muitos livros, muito fumo, muito barulho, muito café, muito entornar, (acordar) muito tarde, muito maus os almoços, muita fotocópia, muita paisagem, muitos coros, muitas traduções in loco, muitos ir-e-vir, poucos roubos, pouco descanso, pouco calor, pouco sono, pouca vontade de comer migas, pouco tempo, pouca paciência para colocar a loiça na máquina, poucos furos para vir ao blog.

"Passa um dia, passa um dia, estamos sempre". J.M.V.M./Amet: Super-gorila

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2006

Crítica Eurovision



No princípio, são as línguas. Encerrado numa white box acanhada, o público de Eurovision é interpelado por um arrazoado confuso, que intercala as línguas dos países participantes no Festival Europeu da Canção. As legendas projectam-se em "língua franca" (o inglês, hélas!). A proximidade excessiva de Pedro Penim e as suas oscilações de registo - sedutor, intimidador, irónico -, estabelecem o primeiro paradoxo da mais recente criação do Teatro Praga ou o se segue o actor e se perde o significado discurso, ou se lêem as "legendas" e se desvaloriza o valor expressivo dos signos não-verbais (ou - terceira hipótese - conciliam-se ambas as tarefas e entra-se nesta denúncia pop do acto teatral). Depois, é a Europa. Ou melhor uma geografia porosa onde as melodias foleiras do indeclinável Festival da Canção convivem com a argúcia desencantada de um Beckett ou de um Steiner. Segundo paradoxo, então: a identidade europeia como intriga teatral, com inimigos cúmplices à caça de imagens (esta tirania da representação "certa", que hoje se impinge em coletes-de-forças domesticadores, origina uma das sequências mais hilariantes do espectáculo: a tentativa de desenhar as imagens sugeridas por um texto de Beckett). No fim, come-se o bolo. Não há Jogo da Glória sem tabuleiro, vencedor e prémio. Terceiro paradoxo o sucesso duma peça depende de criador e público coincidirem na mesma casa. O chão da white box retalha-se, pois, num tabuleiro. Avançar ou recuar pode significar um salto entre o naturalismo tchékhoviano - nada, num palco, acontece por acaso - e o caos aparente da performance "desconstrucionista". Esta instabilidade obriga os intérpretes a envergarem fatos protectores e a substituírem a iluminação da sala por lâmpadas de espeleologia. Buscam um "esperanto" dramatúrgico. Debalde. O que fazer? Dançar freneticamente ao som de sucessos passados do Festival da Canção e, porque algum "consolo" se há-de levar para casa, oferecer uma colorida fatia de bolo ("este é o meu corpo", disse alguém; e o actor não repetirá dádiva semelhante, a cada nova récita?). E que sentido isto tem? Quatro e último paradoxo o espectáculo terminou. Socorrendo-me dum conceito caro a Pedro Penim, diria que Eurovision foi um didáctico "rizoma" - "labirinto que conduza a toda parte e não leve a lugar algum", definiu-o Umberto Eco -, onde as angústias criativas que o Teatro Praga vem alimentando se entrechocaram numa féerie inteligente, despretensiosa e deliciosamente irónica. Lamenta-se, apenas, a sua curta carreira.

Crítica a Eurovision por Miguel-Pedro Quadrio,
Diário de Notícias, Domingo 12 de Fevereiro 2006

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2006

Eurovision


Reposição:
ZDB - Rua da Barroca, 59, Bairro Alto
de 24 de Fevereiro a 18 de Março
Sextas e Sábados, 21:30 e 23:00
reservas: 21 343 02 05 / celia@zedosbois.org / 96 5264705

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2006

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2006

kunstbody, Bojana Kunst

here are some Good articles to read!
for example:
Dangerous Connections (go to 'texts' 2001)

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2006

"Les frontières sont ouvertes / Que déclarer si ce soir c'est la fête ?"

Eurovision

"3 - O discurso mural

Mais do que ver o mundo, lemo-lo
G. Deleuze

(..) Há tempo que a escrita conseguiu conquistar a independência no respeitante a formas da imaginação que antigamente a constrangiam. Uma experiência comum do habitante da megalópolis moderna impõe ao seu sistema de percepção uma travessia por cenários e fragmentos de uma ordem que se dá só sob a forma de uma ilusão tipográfica, de uma miragem babélica, barroca por excelência. Isso diz-nos que a cidade é livro, albúm de dedicatórias que nos são secretamente destinadas, mas que eludem ao mesmo tempo qualquer desejo de coerência e decifração.
Um discurso - um texto fragmentário e fracturado - disperso pela cidade, promete e adia simultaneamente a reconstrucção final de sentido em nome de um relato, de uma mitologia (não importa se pessoal ou colectiva), ou até de uma lenda. A cidade é o hiperespaço do texto, um lugar que se revela privilegiado para a inserção do sinal linguístico.
(..) Tecido urbano e texto aproximam-se agora da experiência quotidiana da travessia."
Fernando R. de la Flor

Palavras para quê?
Está tudo neste ensaio que o J.M.V.M. me ofereceu.
Tiragem muito pequena.
É comprar (ou roubar) já, que é bastante maravilhoso.
BiBlioclasmo, de Fernando R. de la Flor, Ed. Cotovia
Bibliolitia: Destruição voluntária de livros (BIBLIO-CLASTIA).

Grande Estreia

Eurovision

(foto: José Luis Neves via Melhor Anjo - http://www.omelhoranjo.blogspot.com)

De 1 a 11 de Fevereiro na Galeria ZDB
sessões duplas (21:30 / 23:00)

Info

O festival de línguas do Teatro Praga
de Joana Gorjão Henriques

Eurovision, que hoje se estreia na ZDB, em Lisboa, com Pedro Penim e Martim Pedroso, recupera o festival da canção para falar da Europa e do teatro
É melhor observar o espaço antes que Pedro Penim assuma a personagem de poliglota europeu: ele é francês e inglês, ele é romeno, lituano, norueguês, alemão, húngaro, espanhol, italiano, húngaro, holandês, russo, grego, ucraniano, polaco, checo, dinamarquês, sérvio.... Eurovision, espectáculo de e interpretado por Pedro Penim e Martim Pedroso, que se estreia hoje na Galeria Zé dos Bois, em Lisboa, não é um festival da canção, mas passa por lá. Veja-se uma das paredes, coberta de capas de discos de vinil de artistas que fizeram a história do festival - e o lieu des mémoirs ("lugar de memórias", como eles lhe chamam). Ouvir o actor do Teatro Praga percorrer as línguas europeias (com tradução em inglês projectada na parede) é hipnótico. Soa a uma manta de retalhos sonoros e ao fazê-lo Pedro Penim também assume um pouco as várias nacionalidades. Enquanto joga este jogo de encaixar umas línguas nas outras, vai questionando a relação actor-espectador com um texto que brinca, por exemplo, com a ideia da relação amorosa e da relação espectador-actor: "A one-night stand is not for me" (qualquer coisa como: "Um caso de uma noite não é para mim").Depois entra Martim Pedroso e os dois levam à letra o princípio de Tchékhov, escrito num placard: "Se no primeiro acto há uma espingarda pendurada na parede, no último acto ela tem de disparar" (e lá está ela colada à parede). É a desconstrução constante daquilo que os dois vão fazendo e do espaço descrito pelos próprios minuciosamente, dando a ilusão que contextualizam (é, de resto, uma palavra recorrente no espectáculo), quase como se dissessem: "Não vale a pena pensar sobre o que estão a ver; nós fazemo-lo por vocês." A Europa infiltra-se de uma forma mais explícita nesta segunda parte - aliás, ela está no chão, uma colagem de vários materiais: azulejos, placas de madeira, de plástico e etc. -, sobretudo porque o discurso se torna mais directo (mesmo que bastante irónico), mas eles lá fazem questão de dizer que o espectáculo a que estamos a assistir não é sobre a Europa. Não? Mais ou menos. Pedro Penim diz que pensou na ideia da Europa como um espaço de "multiplicidade e univocidade", com vários Estados e várias línguas, e de como falamos, simultaneamente, da "unidade e das especificidades" do espaço europeu. Conceitos que foram depois aplicados à relação espectador-actor porque Eurovision também é sobre isto (ou não fosse este um espectáculo do Teatro Praga). E, sim, também partiu da vontade de Penim falar várias línguas em palco, da vontade de "provocar esse efeito de estranhamento" não só nele próprio, mas também no espectador, que tem de optar entre olhar para ele ou para as legendas como quando vê um espectáculo estrangeiro. Martim Pedroso diz: "Apesar de sabermos que há várias línguas no espaço europeu, não temos consciência das sonoridades" - e dá para reparar que há muitas que se confundem. Eurovision - festival da canção - é também "uma metáfora das multilínguas e do encontro entre nações", mas "formatada", acrescenta Penim. Há um "movimento de afunilamento" propositado na explicação e descrição exaustiva do espaço, objectos, acções, uma "reacção ao meio", explica Penim, e à ideia de que "no teatro as coisas têm que ser explicadas, ter uma função específica" ou "ser um lugar de identificação". Eurovision é uma co-produção do Teatro Praga com a ZDB e a Transforma e está em cena até dia 11 em duas sessões, às 21h30 e às 23h00.

Público 1 Fevereiro 2006