quinta-feira, 29 de março de 2007

ESTREIA HOJE

O Avarento de Molière
Exercício Final do Curso de Iniciação Teatral do CITAC

Dias: 29 e 30 de Março / 2, 3, 4, 5, 10 e 11 de Abril às 21:30
No Teatro Estúdio do CITAC, Associação Académica de Coimbra
Marcações: 967437098

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White & Black Blues

Se algum jornalista cultural me viesse fazer aquela pergunta medíocre, “Que sentido faz fazer O Avarento de Molière nos dias de hoje?”, eu responderia de forma igualmente medíocre: “Toda!”
Mas só o faria porque estou a fazê-lo no CITAC. E as coincidências que advém desse facto são demasiadas para poder passar por cima delas.
Tal como Elisa e Cleanto sofrem uma “severa economia” às mãos do progenitor e protagonista Harpagão, que substitui a família pela propriedade como objecto do seu afecto, também esta turma deste Curso de Iniciação Teatral do CITAC sofre as consequências de ser a primeira depois das “faustosas” comemorações dos 50 anos desta instituição. Consequências essas que vão muito além das económicas, mas que, sobretudo, impõem a este exercício, e a este momento que vivem os 15 futuros novos “Citaquianos”, a questão da Pós-História.
Este é o grupo fora do livro comemorativo e portanto fora da História.
Assim, é também fora da narrativa de Molière que se encontra este exercício.
Como sinal de reacção contra a velha ordem e o poder paternal (que vai para além do seu significado primordial e familiar), tal e qual como duas referências mais que presentes aqui: Johny Rotten dos The Sex Pistols a uivar God Save The Queen, ou Laura Palmer, assassinada pelo próprio pai, emergindo morta das águas, para fazer justiça.
É definitivamente fora da “Caixa Preta” que sempre estivemos.
Tudo que está neste espectáculo/exercício vem dos novos “Citaquianos” e das suas sugestões, do seu despudor em atacar o texto (e atacar é herança do Johny Rotten também), dos comentários que foram fazendo, das conversas que fomos tendo…
O que está aqui são as impressões digitais destas 15 pessoas (+ eu) sobre o texto de Molière. Umas dedadas brancas muito sujas, reactivas, inconsequentes e anacrónicas.

Ainda assim, e apesar de toda esta “sujidade performática”, acredito piamente que o seu título (O Avarento de Molière), mais do que justo, é seguramente literal. Aqui rói-se até ao tutano qualquer ideia unidimensional de personagens, respeito ao autor, carpintaria teatral ou coerência narrativa… Tal como não conhecemos a totalidade da vida, desconhecemos a totalidade de “todo O Avarento” ou de “todo o Molière”.
E para mim, o Teatro é assim mesmo, um “monstro mutante” esfomeado, ao mesmo tempo vítima e verdugo da “severa economia” por um lado, e da “incompreensível ressaca” por outro.

Pedro Penim, 26 de Março de 2007


A intriga:

Valério, jovem separado da família, após certas perturbações sociais, salvou Elisa do perigo de morrer afogada. Apaixonado pela jovem, resolve vir colocar-se como mordomo do pai desta, Harpagão, que quer casar sua filha com outro homem. Cleanto, irmão de Elisa, ama Mariana, que por sua vez circula entre pai e filho.
É sobre este fundo de intriga amorosa que nós vemos a projecção desse vício medonho: a avareza.


Ficha Técnica e Artística

Direcção Geral: Pedro Penim

Texto: Molière / CITAC 07 / Pedro Penim

Intérpretes: Ana Linda / Cheila / Dana Rodriguez / Filipa Rafael / Gil Mac / José Carlos Pereira / Li / Magui / Männ / Maria Inês Cruz / Pedro Fernandes / Su / Talita / Tessa / Zéquinha

Produção: CITAC 07
Produção Executiva: Ana Aidos
Desenho de Luz: Alexandre Mestre / Pedro Penim
Design Gráfico: Gil MAC
Design: Inês Cruz
Operação de Luz: Alexandre Mestre / Ana Aidos
Operação de Som: Pedro Penim / Diana Meliciado
Agradecimentos: Dirty Pig / Funerária São Sebastião / Alexandre Mestre / Diana Meliciado / Luís Carvalho / Alberto Fernandes / Gustavo Pereirinha / A Escola da Noite / Teatro Praga / Máfia / ACERT / GEFAC / TEUC / Capitão / Ruy Malheiro / Patrícia Frade / Daniela Seixas / Joana Abelho / Nelson / Isabel Festas / Tiago Pereira / João Salavessa / deus / Molière / a todos os formadores / Pais e Filhos…

Workshop O Avarento - CITAC

Dias 29, 30, 31, 32, 33 e 34 – 23/03 a 28/03

Não há nada a fazer. Por muito que se defenda a questão de que o discurso é fundamental e que a ruína do teatro em relação às outras artes advém parcialmente da falta dele (e eu próprio ainda ontem o fiz num debate no Bar da Associação Académica por ocasião do Dia Mundial do Teatro), não há reflexão teórica que aguente a pressão da estreia.
É assim mesmo. Engole-se em seco a teoria. E em compensação fica-se com as unhas pretas de passar cabos e arrastar cadeiras.

O ensaio geral acabou há três horas, e como diz Marina Abramovic:
“One thing I hate is when people come up to me after a performance and want to engage in a deep conversation when all I want to do is have an ice-cream and do nothing.”

Também poderia pôr a sugestão do Johny Rotten para a mesma situação. Mas hoje estou bastante púdico.

A estreia do exercício é já amanhã. Ficam imagens de ensaios.
Estes diários do CITAC acabam aqui.
Esperam-se conclusões nos próximos tempos.

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Workshop O Avarento - CITAC

Dia 25 – 19/03

E começou o countdown.
O CITAC está branco.
Não há lamentos.
Mas há polémica.
O cartaz genial que o Gil concebeu, afecta algumas mentes mais puritanas.
HELP!

Dia 26 – 20/03

SEX PISTOLS - "God Save The Queen"

God save the queen / The fascist regime
They made you a moron / Potential H-bomb (…)
Don't be told what you want / Don't be told what you need
There's no future, no future, No future for you
God save the queen / We mean it man
We love our queen / God saves (…)

Oh God save history / God save your mad parade
Oh Lord God have mercy / All crimes are paid
When there's no future / How can there be sin
We're the flowers in the dustbin / We're the poison in your human machine
We're the future, you're future (…)

No future, no future, No future for you
No future, no future, No future for me
No future, no future, No future for you
No future, no future
For you

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Dia 27 – 21/03

Dia de rescaldo.
Retoma-se a actividade interrompida no dia anterior.
Temos jornalistas a ver o ensaio e a fotografá-lo. Temos o Alexandre que vai tratar da iluminação a ver o ensaio. Temos ex-Citaquianos a ver o ensaio. As suas reacções oscilam entre as risadas e o “isto está muuuuito atrasado”.
A páginas tantas expulsamos toda a gente da sala, porque o Zé e a Li precisam de gravar a sua cena, a sós.
Lá fora surgem as perguntas por parte de alguns dos alunos, perguntas que eu já esperava há muito.
Qual é o tema do espectáculo? O que é significa cada cena? Porque é que não fazemos personagens? Devia haver mais fisicalidade!
Late questions.
Tento dar várias respostas e reafirmar que não há nenhuma certa.
Entretanto também os jornalistas vão fazendo perguntas cá fora aos actores e a mim.
Questionism Time!!!!!

Voltamos à sala.
Vemos a filmagem.
Adoro. Ponto.

Dia 28 – 22/03

Dia de refazer cenas alteradas. O que a uma semana de se estrear o exercício é basicamente um suicídio. But suicide is painless…
Revemos uma das cenas e confirmo neste exercício mais uma citação ao Fire Walk With Me do David Lynch: a sequência arrebatadora da discoteca, onde Laura e Donna se divertem numa longa “loud night club scene”, e em que os seus diálogos são completamente incompreensíveis.

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Laura Lives!

No ensaio da noite fazemos as cenas da Santa Margarida, que está a decorar um papel que não é o seu.

Workshop na E.S.T.C.

1ª sessão

A bordo do Helena Rubinstein depois da diseuse Patty ter actuado no S. Luiz.

LADO A

Ela (a berrar) – VAMOS FAZER COMO ELES LIAM.

Ele - Hihi, que horror.

Ela – Primeiro que tudo, quantos achas que vão desistir?

Ele – Ahhh, bastantes. (Pausa) Eu acho que vão desistir bastantes.

Ela – Mas por que achas que eles estavam à espera de fazer coisas, de a coisa ser mais prática, n’é?

Ele - Sim, é sempre um bocado aborrecido quando estás sentado só a falar.

Ela - Mas sabes que eu senti que alguns estavam contentes por também terem esse espaço. Havia pessoas que... mesmo aquele miúdo que ficou fodido porque não estava a perceber nada, e dizia que achava que não ia perceber nada dos nossos espectáculos.

Ele - Sim.

Ela - Que de repente aquilo também era libertador, eles poderem dizer exactamente o que é que achavam. (Pausa) Não sei se calhar é inocência minha. Naiveté.

Ele- Não, eu acho que sim. Mas... Primeiro eles estão todos cansados, não é, têm aulas durante o dia.

Ela – Pois.

Ele - Portanto, chegar ali e estar a puxar pela cabeça deve ser hiper-cansativo.

Ela - Pois deve, pois deve.

Ele - E depois nós somos completamente caóticos, a falar misturamos as coisas, e estamos completamente codificados, o que imagino que seja às vezes difícil de entrar. Agora... pois não sei. Vamos lá a ver. Eu acho que vão desistir bastantes pessoas. Já por experiência própria, normalmente desiste muita gente.

Ela - Pois. A mim, acho particular, fez-me um bocado confusão, que a maior parte deles não conhecesse o nosso trabalho. Não por não conhecer, mas como é que tu te inscreves num workshop com uma companhia que não conheces o trabalho. O que é te leva a ir lá.

Ele - Eh pá, a escola também tem um horário muito grande e não possibilita ver muitas coisas. E também não somos uma companhia que está aí out there. Não é?

Ela - Sim

Ele - É preciso andar a procurar...

Ela - A questão nem sequer é eles terem visto o trabalho, isso acontece, é normal. Eu também fiquei, pá, o primeiro espectáculo do Teatro Meridional que vi foi há um ano. O que me faz espécie é: como é que então vais fazer um workshop com essas pessoas? Porque pode-se dar o caso...

Ele - ...Isso é bom. Porque é tipo. Podes estás a conhecer uma coisa completamente diferente.

Ela – Pois, sim, sim, de facto.

Ele - Agora, por exemplo. Eu contei alguns fatos de treino.

Ela - Sim roupas para para... para corpo, sim.

Ele - Isso é, é, não sei, é....

Ela - Pois mas se calhar também tem a ver com o facto de não conhecerem o nosso trabalho.

Ele – Sim, sim, sim. Mas mesmo conhecendo o trabalho, por exemplo, ah, havia aquele tipo que acha que o nosso trabalho é uma coisa completamente, que é um trabalho muito formal. Que assenta muito na plasticidade. Que é.... pronto é bom as pessoas também verem isso. Mas não, não é... não é isso. Obviamente que os espectáculos são muito físicos. Tu vês o Private Lives, olha agora este que fizemos em Colónia, era completamente excessivo fisicamente.

Ela - Sim

Ele - Só que não trabalhamos de todo, não temos aulas de corpo. Se calhar infelizmente. Vamos trabalhando com o corpo que temos.

Ela - Pois era aquilo que lhes dizíamos. Levantamo-nos das cadeiras já muito tarde. Não sei...

Ele - Pois, mas uma coisa é compreenderes, outra coisa é sofreres.

Ela - Como assim?!?

Ele - Uma coisa é compreender que se fala muito, e outra é sofrer horas e horas de conversa.

Ela - (Com ritmo e melodia) Pois pois pois pois pois pois pois pois pois pois....

Ele - E é muito mais complicado, isso.

Ela - Olha estou cheia de expectativas para saber quantos resistem. E quando eu saí para ir à casa de banho, depois daquele tipo que disse que não percebia nada, e que se estava a ir embora, sabes qual é???...

Ele – Sim.

Ela - ...estive a falar com ele e disse-lhe, olha se achares que isto às vezes é muito violento e que vamos muito rápido e que saltamos feitos loucos de umas coisas para as outras, e se tiver a dar um nó na tua cabeça diz para pararmos, para explicarmos, mas por favor não desistas. Não desistas só por achares que não és capaz. E ele, Não, não porque eu também estou farto que me digam que ainda não está na altura de perceber determinadas coisas.

Ele - ESTAMOS SEMPRE NA ALTURA, ESTAMOS SEMPRE NA ALTURA DE PERCEBER AS COISAS.

Ela - Eu gostei da atitude dele. De não desistir e de mandar vir...

Ele - Pois porque isso faz parte. Ninguém pode ficar à boleia. Porque isso existia muitas vezes quando estava em exercícios na escola eu ficava à boleia, não estava a apanhar nada.

Ela – Pois. Ele - Era encenado. Basicamente. Olha que eu acho que são só táxis aqui. Não, não são nada. E claro que há sempre uma tendência de haver pessoas que controlam mais, umas que controlam mais o discurso, outras que controlam mais aaaa...

Ela - Sim, mas isso há sempre. Ainda por cima num grupo tão grande muito facilmente os que são mais, ó pá, os que são mais espevitados, ou os que têm a… a… e nota-se que uns têm mais facilidade em entrar no discurso. Pessoas que já fizeram outras coisas antes da escola. Tem a ver com a idade e com a experiência também. Eh pá, fiquei contente com o gajo.

Ele - Sim é importante cada um descobrir o que é que pode proporcionar para um determinado trabalho.

Ela – Claro.

Ele - Porque normalmente isso não acontece. Normalmente tens um ponto de vista geral e tu encaixas-te nele. E é bom, tipo, cada um ter as suas coisas. Ter as suas ideias. Pronto, mas eu acho que a plataforma de conhecimento geral é ainda muito académica. Longe e distante. Portanto eu não sei na verdade, se muitas das coisas que dizemos são compreendidas. São ouvidas, mas eu acho que são compreendidas de uma forma completamente díspar daquilo que são na verdade.

Ela – Pois, a conversa da desconstrucção ontem.

Ele - Pois, e às vezes também entramos em loop nas coisas. Na verdade, nós também não temos certezas nenhumas. São só teorias que nós.... vamos concretizando...

Ela - Altamente mutáveis e mutantes. Não é, que é...

Ele - Pronto, eu acho que também era bom, se calhar no fundo, toda a gente ler o Avarento. Porque só através daquelas cenas...

Ela - (Pigarreia)

Ele - ...não me parece que tenhamos muito material, suficiente. Pronto o Zé também vem na Quarta-Feira. Talvez traga cenas do texto dele. Mas é muito giro isto. Enquanto líamos....

Ela – Sim, sim, sim...

Ele - ...pensava sempre no texto do Zé e no paralelismo e... como é completamente diferente de alguma forma.

Ela - Sim, é muito diferente de facto, mas... sentes que as raízes são as mesmas.

Ele - Sim, mas a tradução do texto dele é melhor que esta tradução do Molière. (Risos Ela +Ele)

Ela - Achas que ele traduziu bem o texto dele?

Ele - Acho que sim

Ela - Eu acho que ele é óptimo. ZÉ TU ÉS ÓPTIMO. UM ÓPTIMO TRADUTOR DE TI.

(+ Risos)

Ele - Também estou um bocado à toa com o texto. Não sei muito bem. Espero que eles comecem mesmo a propor coisas para o espectáculo. Porque nós não vamos propor nada.

Ela - Eu espero principalmente que eles fiquem com vontade de tomar rédeas da coisa. Mesmo que naturalmente as propostas às vezes não sejam, não é certas que eu quero dizer, não sejam tão... afirmativas, nem tão seguras da parte deles, mas que tenham mesmo vontade de fazer daquilo uma coisa deles. E acho que o que era fixe era conseguirmos isso. Claro ajudá-los no que pudermos, e ir orientando daqui e dali, mas sentir-se de facto, percebes, que aquilo é deles.

Ele - Sim, mas mesmo por exemplo, eles sempre que estavam a discutir, acabavam a olhar para nós quase como se nós tivéssemos a explicação, ou fizéssemos o consenso da coisa.

Ela - Sim, mas isso é uma coisa natural...

Ele - Mas não pode ser…/ Eles é que têm de arranjar o consenso...

Ela - Pois não pois não..../ Com certeza que não..... Mas eles se calhar não estão habituados que seja assim. Vais fazer um workshop e estás à espera que te seja ensinado uma técnica ou um modo ou um.... blahhhhhhhh

Ele - Por isso é que eu estava a dizer, mesmo quando lhes dizes que não temos uma técnica, ah, aproximamo-nos das coisas aos poucos, ah, isso é fácil de ouvir, mas no fundo de entender, ou de sofrer...

Ela - Na praxis tu dizes...

Ele - ...é muito complicado. (Longa pausa)

Ele - Mas eu acho que vai desistir muita gente, eu acho que vai desistir muita gente.

Ela - Pois talvez. Provavelmente.

Ele - Se calhar também deveríamos fazer uma espécie de uma lista bibliográfica curta.

Ela - Para eles poderem consultar. Mesmo que não seja para agora. Mesmo que seja para a vida.

Ele - Sim para a vida.

Ela - Isso podia ser interessante.

Ele - Mas nota-se por exemplo que eles têm uma formação muito melhor agora do que nos meus anos. Têm mais questionamento em relação às coisas, por exemplo.

Ela - Isso é bom. Sim, mas ainda assim sentes que as coisas existem de uma forma muito académica.

Ele - ...Por exemplo, já encaram as coisas da performance como já fazendo parte do universo teatral. Continuam a achar que historicamente ainda há diferenças, e há diferenças, mas ainda assim já a aceitam como fazendo parte do teatro.

Ela - Já não sectarizam tanto. Queres dizer com isso que há esperança para as novas gerações?

Ele - HÁ ESPERANÇA PARA AS PRÓXIMAS GERAÇÕES.

Ela - (Gargalhadas). Eu fiquei muito contente ontem. Ia assim com um bocadinho de medo. Mas fiquei contente. Bom, acho que levaram com a bomba pelos cornos abaixo, não, aquilo também foi pum pum pum toma lá toma lá toma lá, toma lá o Deleuze, toma lá mais isto, toma lá toma lá toma lá...

Ele - E não levámos metade das coisas...

Ela - Pois bem sei...

Ele - Ainda falta muita...

Ela - Bem sei...

Ele - Não vamos trazer, mas pronto, ainda falta muita, não se pode trazer tudo.

Ele - Claro que não. Nem sequer podemos ter essa pretensão de em duas semanas... podes dar assim umas luzes do que é que a malta anda a pensar, whatever that means...

Ele - Ou se a malta anda a pensar...

Ela - Pois ou não, ou talvez, tem dias... Mas achei.... E há uns mais caladinhos, não é, que não abriram a boca...

Ele - Pois mas esses temos de puxar mais, para falar. As pessoas têm de discutir, não podem ter medo de discutir. Eles é que têm de encontrar soluções para as coisas, não somos nós...

Ela - Pois claro André, mas isso também deve ter a ver com fragilidades...

Ele - Nós já somos institucionais...

Ela - Que tristeza... Coisa tão triste de se dizer...

(Historieta cortada pelo lápis azul)

Ela - Há fibrosa. Há fibrosa. Isso é bom. Agora é perceber onde é que isso bate nos outros. Porque há uns que claramente vês que se expõem mais, porque se dão mais à conversa, agora é isso que tu dizes, é perceber nos outros onde é que a coisa bate, e o que é que lhes interessa, e o que é que andam a pensar, se andam se não andam, o que é que lhes apetece fazer de facto. Gosto de pensar nisto como: estamos a criar desejos de autonomia.

Ele - Sim é exactamente isso. Exactamente isso. Eles têm de ser autónomos, têm de ser absolutamente autónomos. Não podem defender mais nada. Têm de ser autónomos.

Ela - Sinto-me num programada da Bárbara Guimarães. Assim a conduzir e a falar com o maestro.

Fim do Lado A

LADO B

Ele - Dizia eu que se calhar era mais fácil ter escolhido o texto do Zé.

Ela - Pois, o Molière é mais rico, no sentido em que, (inglês com sotaque russo) ZÉ I LOVE YOU, YOUR TEXT IS GREAT, mas é mais rico no sentido: tu perceberes onde é que eles entram em falácia. Percebes... Pois porque era aquilo que dizias, agora o Avarento é o ministro, nesse tipo de correspondência fajuta. Dar-lhes-á mais trabalho no sentido... até porque a informação que eles têm do Molière vai-lhes pesar de alguma maneira. E tudo isso são preconceitos teatrais. E como é que tu combates esses preconceitos. Era a história da Macha de verde fluorescente. Eu não tenho problema que ela vá de verde fluorescente. Mas porquê?? Porque é que há de vir de verde fluorescente?? Só porque é a antítese do preto?

Ele - Pois pois pois. É a forma, é sempre forma. Eles têm de largar a forma. Têm de perceber que a forma e o conteúdo são duas coisas que funcionam em conjunto. Não pode ser só uma coisa, não pode ser só forma, ou um conteúdo mínimo. Não tem de ser um conteúdo máximo e uma forma assim-assim. QUALITY NO, ENERGY YES.

Ela - YEAH. (Pausa) Acho que eles vão ficar loucos quando chegar à fase do eu quero fazer xis, e nós com os porquês, queres fazer mas porquê, explica-me lá. Aí vai ser a demência. Acho que aí vai ser uma zona dura. No sentido em que queres por a Macha de fluorescente, está óptimo, agora porquê??

Ele - Sim, devemos trabalhar num sentido mais prático mas sem deixar o lado da conceptualidade.

Ela - Sim, nunca nunca.

Ele - Porque senão cometemos um erro enorme que é deixar fazer... fazer. Temos que encontrar sempre a plataforma de entendimento anteriormente ao fazer. Não é, ah agora vamos lá fazer o Molière. Se não há coisas entendidas não podes estar a fazer o Molière.

Ela - Não podes. Não podes saltar etapas. Senão vamos parar à zona dos equívocos. E aí não estás a ser nem fixe para eles nem para nós. Fixe no sentido em que nem eles estão a descobrir coisas novas, nem nós.

Ele - E ainda não falámos da questão do gosto. Não se discutiu o Gosto.

Ela - Ainda. Disseste bem. Aflorou-se um bocadinho mas ninguém quis pegar na coisa.

Ele – Pois.

Ela - Quando eles perguntavam, então e se quando apresentas um espectáculo se as pessoas te dizem que está mal. E que eu dizia, o pá se me explicarem porque é que está mal por a + b e o que é que está errado por a+ b, eu vou pensar no assunto, se me disserem que está mal porque eu não gosto... (pausa)... não gostas, não gostas. Também não quero, nem parece que seja a nossa missão ali, whatever that means, que é obrigar as pessoas a gostar do que eu gosto. É descobrir o que é que eles gostam, e dar-lhes ferramentas para eles defenderem o que gostam com unhas e dentes.

Ele - Eu devia estar a aprender este caminho. Este caminho não tem um carro!!

Ela - É óptimo não é?! (Pausa)

Ele - Bem uma coisa é certa, nenhum deles quer fazer Molière à la Molière. Agora a questão é, então o que fazer.

Ela - Então o que é que querem fazer.

Ele - Isso é giro, pelo menos já têm isso garantido que não vale a pena fazer aquilo de uma forma antropológica, já está garantido. Ainda assim, lutar contra o soninho, é uma coisa importante. Se calhar devíamos arranjar bandejas de café.

Ela - E Coca-Colas.

Ele - Fazer shots de café e de Coca-Cola.

Ela - Tipo nós no Discotheater? Sobrevivíamos a café e Coca-Cola?

Ele - Pois.

Ela - Da minha parte não há nada acrescentar. Expectativas para hoje. Só.

Ele - Já agora acabamos a horinha de cassete.

Ela - Sabes o que é que eu acho de valor? É que vamos conseguir comer.

Ele - Isso é de valor. São 6:39. Sabes que também durante o tempo do workshop eu ia pensando no que a Rita estaria a fazer, tanto tempo fechada, o que é que estaria a destruir?(Final censurado pelo lápis azul)


Fim do Lado B

quinta-feira, 15 de março de 2007

Reposição

de 19 a 25 de Março / 21:30
Hospital Miguel Bombarda


4 papéis, 6 actores – mas quem representa que papel?
Fazer teatro – sem conhecer o próximo passo.
Um espectáculo diferente cada noite, cada noite um espectáculo novo!

quarta-feira, 14 de março de 2007

Teatro Praga em Colónia

O Teatro Praga está desde dia 10 e até dia 18 em Colónia, a participar no Festival de Teatro Luso-Alemão, uma organização da Studiobühne.
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Sábado, dia 17 de Março 20h00
“Private Lives” a partir de Noel Coward
4 papéis, 6 actores – mas quem representa que papel? Fazer teatro – sem conhecer o próximo passo.
Um espectáculo diferente cada noite, cada noite um espectáculo novo!
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Workshop: Sexta-Feira, 16. Março, 14h - 16h
Teatro Praga, A conference/demonstration
In two hours we will discuss, analyse, observe, criticize and foresee what is yet to come, regarding the work of teatro Praga. Together with all the participants we will find ways to continue the communicability process. A conference like a workshop. A space full doubts.

Sobre o Festival:
«O nosso programa internacional com grupos convidados começou em finais dos anos 60. Desde 1982 que a de Colónia é, com seu projecto regular »Europa em Cena«, um fórum para o teatro internacional.
Do desejo de abertura a nível internacional surgiu um festival binacional, onde de cada vez participa outro país convidado. Foi há 20 anos que, conscientemente, optámos por um encontro e intercâmbio entre grupos de teatro alemães e dum país parceiro, para propiciar o ambiente de um evento internacional e multinacional. Para a abertura internacional do festival, convidámos observadores de festivais de cidades espalhadas pelo mundo inteiro, que, por sua vez, escolhem grupos de teatro para os seus festivais. »Europa em Cena« é uma semana de intercâmbio intenso sobre os modos de trabalho e, naturalmente, das produções dos grupos participantes. Estes jovens grupos profissionais de teatro, de dança, os conjuntos de música moderna e das áreas da performance e dos média encontram-se neste cruzar de fronteiras.» Georg Frank, Director

Universitätsstr. 16 a 50937 Köln
tel.: 0221 / 470 4513 Fax: 0221 / 470 5150
s-f@uni-koeln.de / www.studiobuehne.eu

segunda-feira, 12 de março de 2007

Workshop O Avarento - CITAC

Dia 24 – 16/03

Continuamos o trabalho de ontem. Principalmente com a cena de abertura do espectáculo e seguindo algumas das ideias que os citaquianos ontem puseram em cima da mesa.
Dirigir cenas com 17 pessoas poderá ser um passeio no parque para o La Féria ou para o Thomas Ostermeier (mutatis mutandi), mas para mim é abracadabrante.
Depois da cena de conjunto, passamos para duas cenas que estavam ainda num estado de esboço muito ténue. Acho que ainda não chegámos lá, em ambos os casos. São duas cenas particularmente complicadas. A primeira é a partir da Cena IV do Primeiro Acto, o momento em que Harpagão confronta pela primeira vez os filhos Cleanto e Elisa, o que na versão do CITAC quer dizer: três malucas a fazer uma cena revisteira e desbragada. A segunda é a partir das cenas 2 e 3 do Quinto Acto, o momento em que Harpagão encarrega o Comissário de encontrar o seu tesouro roubado, o que na versão do CITAC quer dizer: três malucas a fazer uma cena revisteira e desbragada. Grau de dificuldade máximo para ambas. Havemos de ir a Viana!
Entretanto: Liliana e Zé, com a ajuda da Su e da Margarida, andam a mergulhar nas fontes de Coimbra, à procura da essência do cadáver afogado de Laura Palmer. Com a ajuda de muita maquilhagem azul. No fim do ensaio vêm, molhados, mostrar os resultados.

Despeço-me da Caixa Preta. Dos 50 (eu repito: 50) anos de Caixa Preta!
O CITAC vai pintar-se de branco. Até lá os ensaios estão em espera.
It’s the end of an era!!!!
(Meu Deus! Só agora percebi que já vesti definitivamente a camisola.)
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(foto: Rodrigues)

Os diários do CITAC serão retomados no dia 19 de Março.

sexta-feira, 9 de março de 2007

ESTREIA HOJE

Gift
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um espectáculo de: André Teodósio, Andres Lõo, In-Jung Jun,
Lotte Rudhart e Romeu Runa; Cenário: Frank Imsiepen.

Dias 9 e 10 de Março
Tanzhaus NRW, Dusseldorf

Mais informações aqui.

Workshop O Avarento - CITAC

Dia 23 – 15/03

Hoje é o dia.

Vamos então à receita da “maionese modernista" (De Duve by Nuno Costa):

Ingredientes [Para 3 dl. de molho (que é como quem diz: CADA UM DOS DIAS DE ESPECTÁCULO) e para cada gema de ovo (que é como quem diz: CADA UM DOS 17 ACTORES)]:
- 1 colher de sobremesade vinagre ou sumo de limão (que é como quem diz: FRASES DOS SEX PISTOLS MISTURADAS NO MEIO DO TEXTO DO MOLIÈRE, QUE É NESTE MOMENTO, E COMO SE ESPERAVA, O GRANDE PERDEDOR DA NOITE)
- 1 colher de chá de mostarda (que é como que diz: PEIXEIRADA COMO NA FEIRA DA VANDOMA)
- 1 colher de café de sal fino (que é como quem diz: UMA CANÇÃO DA OLIVIA NEWTON-JOHN)
- pimenta (que é como quem diz: REFERÊNCIAS AO TWIN PEAKS A CADA ESQUINA)
- 1,5 a 2 dl. de azeite (que é como quem diz: TINTA BRANCA SACRÍLEGA PARA PINTAR O CITAC) ou óleo (que é como quem diz: WRESTLING! WRESTLING! WRESTLING!)

Preparação:

Numa tigela (que é como quem diz: O CITAC), e com uma colher de pau (que é como quem diz: EU), dissolva a gema (que é como quem diz: OS CITAQUIANOS) com o sal (que é como quem diz: O AVARENTO de MOLIÈRE), pimenta (ver acima), a mostarda (ver acima) e dois terços da porção de vinagre ou sumo de limão (ver acima). Deixe descansar durante 5 minutos (que é como quem diz: ENSAIAR DURANTE DOIS MESES). Adicione depois o óleo ou o azeite (ver acima) gota a gota (que é como quem diz: DE SEGUNDA A SEXTA DAS 20 ÀS 24) , mexendo sempre com a colher de pau (ver acima). Assim que a maionese começar a engrossar (que é como quem diz: AO 23º DIA), pode juntar o azeite ou óleo em maiores quantidades (que é como quem diz: ANDAR TUDO Á PORRADA!). Quando tiver a impressão que a maionese não comportará mais azeite adicione o restante vinagre ou sumo de limão e mexa muito bem até o incorporar na maionese (que é como quem diz: SE VIRES QUE HÁ MUITA MERDA, TENS DE PARAR DE VEZ EM QUANDO PARA PENSAR!). Adicione finalmente o restante azeite em pequenas porções (que é como quem diz: VAI MANDANDO CALAR QUEM ESTÁ A PERTURBAR A REFLEXÃO). Depois da maionese pronta (que é como quem diz: DIA 29 DE MARÇO), escalde com uma colher de sopa de água a ferver (que é como quem diz: RELAX DON’T DO IT IF YOU WANNA CUM) e misture-a rapidamente na maionese (que é como quem diz: DESPACHA-TE, QUE SÓ FALTAM DUAS SEMANAS!).

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Workshop O Avarento - CITAC

Dia 20 – 12/03
Dia 21 – 13/03
Dia 22 – 14/03

As cenas (12) são trabalhadas individualmente. "Trabalhar" quer dizer, resolver problemas. E criar outros.
Receio que não haja mais nada sobre estes dias de ensaio que justifique menção no blogue. E temo que este seja o “trend” dos próximos dias.
Na verdade a “urgência performativa” tomou conta da situação. Is in da house, mesmo. Como seria de esperar.
Sempre soube que estava no CITAC para dirigir um “espectáculo”. E é a esse “espectáculo” que urge agora deitar as mãos.

Os pensamentos que me vêm à cabeça neste momento têm sobretudo a ver com:

- Os materiais que vão aparecer no espectáculo vêm quase exclusivamente dos Citaquianos.
- Estou a ser completamente permeável a ideias, textos e referências que estão nos antípodas do meu universo criativo, e isso é o que me parece que está a ser realmente arriscado neste processo.
- Estou também a ser muito receptivo a ideias, textos e referência que estão dentro do meu universo criativo. Meowwww…
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- Para curso de iniciação teatral, estamos com “ambições grandiosas”.
- O exercício do 4º dia foi absolutamente definitivo para tudo o que se está a passar neste momento. E a lista de ideias que daí surgiram, está incrivelmente (e às vezes inconscientemente) a ser cumprida quase na íntegra.
- Estou a desenvolver toda uma teoria à volta da ideia que o 4º dia de ensaios é um dia em que não se espera nada (por ser justamente e apenas o 4º dia) mas é o dia em que o “universo” trata de decidir tudo pelo projecto.
- Apesar de assim contrariar aquilo que faria normalmente, sinto que o material que está nas minhas mãos carece agora de uma reflexão global e de uma “encenação” (go figure!).
- Estou definitivamente como peixe fora d´água e isso agrada-me.
- Estou definitivamente obcecado pela Laura Palmer. A viva e a morta.
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- Quero comprar a filmografia completa da Liliana Cavani.
- Quero usar frases dos Sex Pistols. E está na altura de elas aparecerem! Chega de “respeito” ao morto.
- A Liliana (não a Cavani, mas a Abreu) arranjou um caixão!!!
- Não paro de fazer futurologia e tentar imaginar se alguma coisa que está aqui irá parar ao Avarento do Teatro Praga.

Workshop O Avarento - CITAC

Dia 19 – 02/03

As duas últimas cenas são apresentadas.

Em uma frase:

Cena 1 – You were only playing love games!
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Cena 2 – “different genres ‘collide’ in a scene that, on a larger level, has no genre”
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Discussão:

Fantástico trabalho de texto na primeira cena. Estes actores estão definitivamente a dizer o que querem dizer. Tal como pretendia, para os seus, o “mestre” Cassavetes (isto entre os estaladões na cara para puxar o sentimento dos actores e os berros da praxe).
Discussão sobre: como acabar a cena. Ultimamente essas são as perguntas mais frequentes: “Como começa?” e “Como acaba?”. Ora está visto que não faço a mínima.
Discussão sobre os possíveis registos a utilizar na segunda cena. O esperado ou o surpreendente?
E vem a sugestão da noite. Do Gil, claro: THE UNDERTAKER!!!
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A personagem do wrestling que já por aqui andou nestes diários…
Ideia comprada imediatamente. Agora só nos falta o caixão.

Para a semana juntamos as cenas novas com as mais antigas.
Veremos se esta “maionese modernista” (De Duve by Nuno Costa) da marca Molière terá grumos ou será daquela boa, da que faz o Javi, com aquele azeite de acidez x.p.t.o., que não me lembro se é 0.3 ou 0.4…

No tempo que nos resta antes do fim-de-semana, corrigimos a articulação e a dicção dos actores que participam na cena que decorrerá na rua. O sotaque do Porto é sexy mas quando atinge a velocidade de cruzeiro… magoa.

sexta-feira, 2 de março de 2007

Workshop O Avarento - CITAC

Dia 18 – 01/03

Uma primeira hora bastante caótica.
Hoje é mais um dia de apresentações.
Começo por chegar mais cedo, convidado que estava a participar numa sessão fotográfica de um dos grupos.
Umas fotografias no mínimo particulares. Perdi o pouco respeito que ainda tinha, digamos.
Depois percebi que me esqueci de um cabo. Fui a casa buscá-lo. Depois não foi necessário.
Mais umas confusões e lá começam as apresentações.

Numa frase:

Cena 1 – Show me what it takes to be a real rich bitch!
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Cena 2 – Paiva, Pica, Charro, Ganza, Charuto, Porro, Canhão, Pampa, Charlie, Cacete…
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Cena 3 – Pós Modernos
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Cena 4 – Coimbra by night
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Cena 5 – Num filme de Liliana Cavani
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Conversa – resumo:
Gostámos todos muito do que se conseguiu com os textos.
Algumas ideias são muito inventivas.
Subsistem os problemas técnicos na maioria dos actores.

Amanhã há mais duas cenas.

Workshop O Avarento - CITAC

Dia 17 – 28/02

Os grupos continuam a trabalhar em bom ritmo. Descompassado mas bom.
O CITAC parece um verdadeiro estaleiro. Os grupos a trabalhar em simultâneo num espaço tão reduzido provocam o caos.
Há grupos que se encostam às paredes e conversam.
Há grupos que desesperam.
Há gente pelas ruas de Coimbra a dar espectáculo.
Há grupos à procura das palavras certas.
Há gente nas “técnicas” do CITAC a tentar furar pelo meio do lixo.
Há gente no armazém do CITAC a experimentar perucas.
Há gente a vestir roupas inacreditáveis.
Há grupos que parecem padecer da tal “preguiça performativa” do Rogério Nuno Costa.
Há grupos que parecem contagiados por ideias bizarras e maravilhosas.
Há grupos a jogar playstation.
Há gente a fazer cenas em cantos.
Há gente a pedir silêncio para se poder ouvir o som abafado de uma câmara de vídeo digital.
Há grupos a lutar contra o Molière.
Há grupos a despedaçar o Molière.
Há grupos a reescrever o Molière.

Só não há grupos a aborrecer o Molière. Nem a mim.

Frase da noite: Mas o que é que não entra neste espectáculo?!
Everything but the kitchen sink.

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Podia ser o subtítulo do espectáculo.

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Matrioska
(peça infantil 6-10 anos)
de Tiago Guedes / RE.AL
no Centro Cultural de Belém
de 3 a 11 de Março 2007
3 Março > 15h30 \ 4 Março > 11h30
de 5 a 9 Março >11h
10 Março > 15h30 \ 11 Março > 11h30 e 15h30

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A nossa Matrioska, em vez de ser uma grande boneca com outras similares lá dentro (tal como a famosa boneca russa), é uma espécie de lugar que, devido ao seu dispositivo permite trabalhar dentro, fora, atrás, à frente, escondido e à vista, fazendo com que diferentes camadas da realidade se descubram umas às outras numa espécie de caleidoscópio de imagens e situações.
O que está dentro disto? O que estará atrás daquilo? O que é aquela sombra? Estará alguém dentro dela? Que língua canta esta cantora? O que se esconde debaixo desta forma?

Ficha artística
Direcção e coreografia Tiago Guedes Interpretação Inês Jacques, Pietro Romani Cenografia e figurinos Catarina Saraiva Sonoplastia Sérgio Cruz Desenho de luz Mafalda Oliveira e Tiago Guedes Produção RE.AL Co-produção Le Vivat, Armentières (França); Centro de Pedagogia e Animação (CPA) do Centro Cultural de Belém, Lisboa (Portugal); RE.AL, Lisboa (Portugal) Apoio Lusitânia Companhia de Seguros Projecto financiado pelo MC (Ministério da Cultura) / IA (Instituto das Artes)