quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007
Workshop O Avarento - CITAC
Divisão do grupo.
Mais sete novas cenas para serem apresentadas na Quinta-Feira.
Sete noivas para dezassete irmãos.
Fico espantado e feliz ao ver como as dúvidas iniciais que inibiam o processo criativo se transformaram em dúvidas que incitam ao processo criativo.
E como o trabalho de reescrita do texto é cada vez mais estimulante e novo.
E como Molière está cada vez mais presente.
E como gosto disso.
E como parece que a liberdade e a responsabilidade estão realmente a passar por aqui.
Frase da noite: Tu tens uns dias de radical, mas hoje estás em conservador.
Na mouche!
Workshop O Avarento - CITAC
Mais quatro grupos. Uma hora para cada um.
Gil + Talita – Confusão de horários. Como não se podia trabalhar falámos de Zé Celso e Antunes Filho.
Cheila + Pedro – Ensaio puro e duro. Com algumas marcações, passagens e correcções de texto. É muito boa a forma como alguns dos alunos reescrevem o texto. Este workshop está também a entrar no terreno lamacento da bela “escrita criativa”.
No que diz respeito ao trabalho das personagens (é bom escrever isto sem represálias) parece-me que os actores querem sempre fazer mais do que aquilo que é preciso. Querem! Querem! Querem! Está na altura dos "meninos" deixarem de ter esse género de "quereres".
Mariana + Zékinha – Mais “trabalho de palco”. Estou a tirar estas expressões todas do baú. Mas foi isso mesmo que fizemos. A nobreza obriga.
Nesta cena estamos a pensar usar uma canção que também sai directamente do baú: Hopelessly Devoted To You da Olivia Newton-John. Me loooooves it!
Su + Ana Linda + Marta + Filipa – Aparentemente tínhamos um problema nesta cena com uma maldita fita-cola que faz barulho a mais. Resolvemos a questão fazendo um lindo bailado a fazer lembrar os saraus de ginástica. Também resolvemos uma certa aparência e tendência monolítica que o texto parecia exigir. Aproveitámos para isso o barulho ensurdecedor que é costume ouvir nos corredores da Associação Académica de Coimbra. Cada dia há invariavelmente uma festa. Hoje era a do karaoke. Respondemos assim a um anseio da lista de ideias, trazer o barulho para dentro do CITAC.
Acabamos a cena. Parece-me que a Filipa tem aqui um desafio à altura. Mais uma vez a tendência era “more more more” e eu acho que a cena (ou a ideia) pede “less less less”, que neste caso não é “more” mas é mesmo “less”. Monte More e Pop Less...
Amanhã novas cenas, novas viagens, novos grupos, novas dúvidas, novos problemas.
Workshop O Avarento - CITAC
Cada grupo trabalha comigo uma hora. O objectivo é perceber o que é cada uma das cenas e perceber as suas potencialidades.
Liliana + Zé – Continuamos a apostar na ideia de cenas que são filmadas enquanto o espectáculo decorre e depois mostradas ao público. Valério e Elisa são agora uma espécie de Bonnie & Clyde. Personagens (sim, personagens!) que jogam num registo alternativo ao resto do espectáculo e que eventualmente no fim se juntarão ao universo de Molière.
Escolhem-se possíveis cenários para os short-films da dupla.
Tessa + Dana + Maria Inês – A conversa vai no sentido do exagero total em relação ao registo desta cena. Falo no Teatro de Revista e não me parece minimamente despropositado. Talvez se torne a cena mais molieriana de todo o espectáculo: perucas, roupas anacrónicas, muita desgarrada.
Experimentamos fazer a cena com música aos berros e com as actrizes a explorarem um lado mais solto e anárquico. Parece sempre pouco. A “distanciação molieriana” (acabei de inventar) é aqui necessária como pão para a boca, porque senão vejo-as cair invariavelmente no registo dos bêbedos dos Malucos do Riso.
Margarida + Manel – Tentamos uma abordagem mais física a este jogo duplo. Os actores transformaram um diálogo entre Farpas e o seu patrão Harpagão em dois monólogos. Falamos da importância da direcção do texto, que aqui é dito para o público. Aumentamos ao texto alguns trechos que eu acho importantes e que tinham sido retirados. Parece que os actores concordam.
Nota: Ao contrário do que alguns dos alunos estarão neste momento (eventualmente) a pensar, estamos claramente, neste momento do workshop, num território muito teatral, no sentido mais óbvio do termo e não no sentido do Ortega y Gasset*. Pouco radical no que diz respeito à abordagem do objecto que estamos a criar. Falamos e tratamos essencialmente (pesando logicamente todas as conversas e referências das primeiras aulas) de questões do teatro, técnicas e dramatúrgicas. Estamos a trabalhar um clássico e isso nota-se. Tento imaginar onde estaríamos se não tivéssemos a referência do Avarento e acabo a pensar que essa é uma questão bizantina.
Estamos a fazer um espectáculo clássico de teatro, partindo de um texto teatral, colocando-lhe as questões dos (18, eu incluído) criadores.
Acho que nunca tive grandes dúvidas que assim seria. Nem fiz grandes esforços para contrariar isso.
“Isto é um canto e não um lamento. Já disse o que sinto, agora façamos o ponto…”
e continuemos…
Segunda-Feira há mais 4 grupos.
* “A coisa chamada teatro como a coisa chamada “homem” são muitas, inumeráveis coisas diferentes entre si que nascem e morrem, que variam, que se transformam a ponto de, à primeira vista, uma forma não se parecer em nada com a outra”
sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007
Workshop O Avarento - CITAC
Retomamos as apresentações. Apresentam os dois últimos grupos.
Em uma frase:
1ª Cena – Rage against the fita-cola.
2ª Cena – An apple a day keeps the other actor away.
Falamos essencialmente de problemas técnicos das duas cenas. Há dificuldade em reter aquilo que realmente interessa, deixando de lado os azares e inaptidões das inefáveis primeiras vezes. Em relação ao texto o que parece é que em ambas as cenas é insuficiente. Tentamos encontrar outras possibilidades.
Os grupos dividem-se para finalizar os seus textos, segundo o que apresentaram ontem e hoje. Estas cenas serão objecto de trabalho Sexta e Segunda.
Parece que estava quase tudo feito e acaba-se depressa.
quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007
Workshop O Avarento - CITAC
Dia 12 – 21/02
Uma hora para últimos preparativos e é hora de começar. Nem todos os grupos apresentam hoje por motivo de doença/exames.
As cenas numa frase:
Cena 1 – Sexo, velas e um portátil.
Cena 2 – Droga de baloiço.
Cena 3 – Jogo do empurra.
Cena 4 – A revista é (realmente) linda!!
Cena 5 – Foi o vinho, Meu Deus, foi o vinho…
Discussão e aferição.
As reacções são positivas aos exercícios que se apresentaram, mas…
Surgem algumas dúvidas nalgumas pessoas:
Mas isto vai ser mesmo assim?
Não há um fio condutor?
As pessoas vão perceber a história?
Mas então porque é que estamos a fazer o Molière?
Então mas isto assim não é uma peça. São happenings.
Tens de ter um elo!
Mas onde é que está o sentido?
É preciso uma cena que ligue todas as cenas.
Normalmente há uma linha.
Há personagens com actores diferentes! Ninguém vai perceber!
Está cada um a construir a sua história, não faz sentido.
Tudo belíssimas perguntas e comentários. (not)
Mais reacções:
Quando nos deram O Avarento pensámos que ia ser outra coisa.
Eu estou a curtir, mas não estou a perceber nada.
Eu acho que tu sabes o que vamos fazer!
Eu reafirmo: “Não sei o que vai acontecer.”
Pelo meio surge o rizoma (Malvado! E nem fui eu a trazê-lo).
E surge a frase da noite, já no auge do desnorte:
“Porque é que a nossa peça não é um blogue?”
Amanhã apresentam-se as duas cenas que ficaram em falta.
Meow…
Workshop O Avarento - CITAC
Continuação dos trabalhos em grupo com vista a uma apresentação informal na quarta-feira.
Cada grupo trabalha sobre uma ou mais cenas do primeiro e segundo actos de O Avarento.
Algumas ideias que foram sendo desenvolvidas:
- Pegando na ideia do questionário e das respostas verdadeiras ou falsas, ficcionar uma suposta entrevista de Elisa e Valério. Surgem dúvidas em relação a como se colocam as questões e como será o tom geral da conversa/entrevista.
- Uma cena em que o texto é transformado, mantendo-se a estrutura de Molière, mas mudando o final e a função da cena. Jogar com as expectativas do que poderá ser uma cena molieriana.
- Um diálogo (3 do 1º acto) transformado em dois monólogos. Alguns elementos perturbadores na cena, a dificultarem a elocução do texto. Música de fundo?
- Uma cena particularmente complicada. Harpagão dita sentenças aos seus dois filhos, Elisa e Cleanto. O grupo que ficou com esta cena é composto por três mulheres. Questões em relação à distribuição e aos sexos das personagens. Como contextualizar?
- Uma cena em que a comida é arma de arremesso (literalmente).
- Referências pop transformam um diálogo entre Harpagão e Eufrosina numa cena à teatro inglês.
- A imagem do Maurizio Cattelan, do galerista colado à parede, sobrevive. Veremos em que circunstâncias. Ainda neste cena, diálogos divididos pelas actrizes, o que nem sempre resulta bem. Tentativa de tornar os diálogos mais orgânicos e menos cantados.
Amanhã veremos os resultados destas primeiras abordagens.
terça-feira, 20 de fevereiro de 2007
Workshop O Avarento - CITAC
Vemos os vídeos e fotografias que o Zékinha sacou na net, a propósito do wrestling.
Tudo entre o muito bom e o genial.
Falamos de algumas das personagens do wrestling:
- André The Giant e os OBEY stickers
- The Undertaker
Divisão em grupos. Cada um tem de apresentar uma cena na Quarta-feira a partir de algumas cenas da peça de Molière.
Workshop O Avarento - CITAC
Discussão --> Lista de ideias.
Objectivo: Riscar o que não interessa.
Pelo meio --> Discussão de um mito urbano:
Uma coreografia de um coreógrafo francês apresentada num teatro de Paris, em que o público era convidado a ter relações sexuais com os bailarinos e bailarinas do elenco em compartimentos privados.
Alguém sabe? Alguém viu?
Conclusão: Pano para mangas. Muitas objecções ao conceito. Muitas críticas. Muita discussão exacerbada. O que é a arte afinal? Limites da arte. Mecanismos da arte. Limites da moral humana. Circuitos artísticos e circuitos comerciais. Arte vs. prostituição.
na foto: Annie Sprinkle
Frase da noite: “Eu não consigo ver o jackass, mas era capaz de ir ver esse espectáculo”
A Lista de ideias ficou dividida entre “sim”, “não”, “talvez”, “ideias gerais”, “ideias boas mas aparentemente impossíveis” e “ideias metafóricas”.
Workshop O Avarento - CITAC
Começamos com alguns materiais que algumas (poucas) pessoas foram trazendo. Objectos pessoais, textos, imagens e outras coisas…
O Gil trouxe uma gravata de uma das personagens do wrestling, objecto de colecção.
A Li trouxe também alguns objectos, itens de sex shop.
A Ana trouxe uma letra de uma canção da Lisa Germano.
“A couple of schizophrenics /A couple of schizophrenics /Trying to figure out which one is which /And what and where is home”
Comentário do Gil:
Roses are Red, Violets are blue
I’m a schizophrenic, oh you are too…
Fazemos um exercício prático recorrendo à noção de “persona”, já discutido anteriormente. Uma “persona” como o resultado da interacção de uma pessoa com um determinado contexto (o performativo neste caso).
Música do Discotheater, e vários minutos de deambulação pelo espaço sem objectivo preciso a não ser pensar nessa relação.
Interrompemos para fazer um jogo de perguntas à la Quizoola!.
Fazes nódoas negras com facilidade?
Como é que se formam as nódoas negras?
Já ficaste bêbedo com Whisky?
Estás a controlar?
De onde é que vem toda essa violência?
Estás-me a esconder alguma coisa?
Achas que o teatro é revolucionário no sentido em que atrasa o tempo produzido?
Tens alguma doença séria? (Amor não conta.)
Se tivesses de ser agarrado a uma droga, qual escolherias?
Qual a posição que o dinheiro ocupa na tua vida?
Qual é a relação entre a arte e o dinheiro?
Qual é o teu preço?
Descreve as diferenças entre pais e filhos.
As respostas poderiam ser verdadeiras ou falsas.
Voltamos às improvisações e a mais música do Discotheater, desta vez as “personas” interagem umas com as outras. O resultado é bizarro. Alguns insistem em fazer farsa, com gestos e tiques. Muito fingimento (beijos, pancadaria e situações relacionadas com a peça). Outros ficam à toa, muito auto-conscientes. Outros tomam o espaço para si, e muito bem. Num misto entre a consciência e a ficção do seu corpo no espaço.
Conversa. E chegamos a algumas definições. Exemplos:
Um Harpagão - Charles Manson em oposição a um Harpagão - Hitler.
Uma Elisa egoísta, calculista e dissimulada.
Um Valério que lhe segue as pisadas.
Um Cleanto apaixonado pela heroína.
Uma Mariana rebelde em busca do amor.
sábado, 17 de fevereiro de 2007
Workshop O Avarento na Escola Superior de Teatro e Cinema - inscrições abertas
na Escola Superior de Teatro e Cinema
Período - 26 de Março a 6 de Abril
de 2ª a 6ª Feira, das 19h30 às 23h30
Nº minimo de participantes: 8
Nº máximo de participantes: 15
Formadores: Cláudia Jardim + André e. Teodósio
As inscrições serão feitas através dos contactos do Teatro Praga abaixo mencionados e os participantes não pagarão qualquer taxa de participação.
O workshop tem uma apresentação informal prevista para os alunos da escola.
Se as inscrições ultrapassarem o nº máximo de 15 participantes, a Praga reserva-se o direito de seleccionar os mesmos pela ordem de inscrição.
Sinopse do projecto
Durante muito tempo evitámos os autores vivos. Gostávamos mais dos mortos: mais caladinhos, mais permissivos e menos propensos a confrontos violentos e definitivos (sobretudo os que não têm representantes legais).
Sabíamos porém que não iríamos evitar os vivos por muito tempo.
Super-gorila foi o primeiro espectáculo em que encarámos esse facto. Em Montemor-o-Novo, na Black Box do Espaço do Tempo, num dueto entre André Teodósio e José Maria Vieira Mendes.
A partir daí surgiu a ideia de voltarmos a trabalhar em conjunto e o José Maria sugeriu, para 2007, uma adaptação dele de um clássico de Moliére, O Avarento, partindo do princípio de que as diferenças geracionais, que são motor da intriga, se confrontassem com a homogeneidade das idades dos nossos actores.
Aos vivos não se recusa nada. Aos mortos acreditamos que podemos fazer tudo.
O Teatro Nacional S. João e o seu director acolheram com entusiasmo esta proposta e estrearemos no Porto o resultado final. Entre mortos e vivos alguém escapará.
CONTACTOS
Pedro Pires - ProduçãoRua Melvin Jones, nº12, 7ºdtº1600-867 LisboaTelef. 21 726 92 25 Fax. 21 726 61 45 Tm.: 96 526 47 05 91 854 70 50 NIF.: 503 900 958
producao@teatropraga.com / www.teatropraga.com
quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007
PUBLICIDADE - Workshop com Rogério Nuno Costa no Porto
[Núcleo de Experimentação Coreográfica]
Depois do seminário intensivo que dirigi na Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha para os alunos do 3.º ano do Curso de Teatro, e do workshop que teve lugar em Torres Vedras para o Festival A8 LAB (inserido no " Projecto de Documentação"), a versão atelier do 'Vou A Tua Casa' segue agora para o Porto, já em Fevereiro próximo, numa iniciativa do Núcleo de Experimentação Coreográfica . Tal como aconteceu para as duas edições anteriores, este workshop tem por objectivo último seleccionar pessoas (não necessariamente artistas) para o projecto que se segue ao final da trilogia e respectivo "Projecto de Documentação". O novo projecto, intitulado 'A Oportunidade do Espectador', tem estreia prevista para Outubro de 2007. Depois do Porto, e ao longo deste ano, o mesmo formato de workshop será apresentado em várias estruturas nacionais e estrangeiras. Mais informações sobre os workshops e o novo projecto no blog: www.vouatuacasa.blogspot.com
foto: Rogério Nuno Costa [ 'vou a tua casa', caldas da rainha, outubro 2006 ]
Texto:
O "Vou A Tua Casa" é feito de pessoas. Pessoas que conhecem pessoas. Pessoas que se encontram com pessoas. Pessoas que visitam pessoas. Pessoas apaixonadas por pessoas. E cidades. Transpor isto para uma acção de formação ausente de disciplina específica será um dos maiores desafios que alguma vez este projecto me colocou. Terei que ser muito mais psicólogo, urbanista, sociólogo, historiador de arte, geógrafo, animador sócio-cultural, teórico da contemporaneidade, terapeuta e vidente do que artista. Aos meus pupilos, exigirei apenas que se disponibilizem para "ficar", realidade copulativa que significa: deixar que as ideias (sobre)vivam até ao limite da sua veracidade, sem que a coisa "espectáculo" as mate primeiro. É este o plano de sessão.
Datas 21 a 24 de FevereiroHorário 10h-13h/14h-17h
Público Alvo Este workshop destina-se a profissionais das artes performativas (teatro, dança, performance, etc.), das artes plásticas e visuais, críticos, pensadores e teóricos de arte, professores, estudantes e, de uma maneira geral, todas as pessoas que, profissionalmente ou não, desenvolvem qualquer tipo de trabalho em diálogo com qualquer tipo de manifestação artística.
Inscrição 75,00 € [amigos e associados do n.e.c. ] 52,50 € (desconto de 30%)
N.º Máximo de Participantes 10
Mais info aqui.
quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007
Workshop O Avarento - CITAC
Visionamento do filme L’Avare de e com Louis de Funès
Choque.
"Isto é exactamente aquilo que não queremos."
Voltam as perguntas sobre a Cena 1: "Não será um bocado chato, sexo, sexo, sexo?"
Quebra.
Bloqueio.
Tento animar fazendo o número do “é bom bloquear”.
Não resulta.
See you tomorrow.
“Às vezes quando não sabemos o que fazer, ou quando estamos bloqueados é bom parar tudo e olhar para o palco, para o cenário. Bloquear. Bloquear muito. É bom quando se bloqueia porque se podem fazer perguntas muito difíceis sobre o material produzido. Do género: gostamos do material, depois bloqueamos e de seguida odiamos o material.”
In Agatha Christie by Teatro Praga
Workshop O Avarento - CITAC
Leitura das primeiras abordagens às cinco cenas do primeiro acto pelos cinco grupos que haviam sido enviadas por mail.
Surgem ideias e dúvidas de continuidade.
Pergunta: Se tivessem de escolher uma personagem agora, qual escolheriam?
Respostas:
3 Harpagões(onas)
1 Mestre Tiago(a)
1 Valério
1 Farpas e meio
3 Marianas
3 Eufrosinas
1 Comissário
2 Elisas (ou mais, se deixar de ser xoninhas)
1 Anselmo
0 Cleantos… (hmmmmmmmmmmmmm…)
Os grupos continuam o seu trabalho.
Algumas preocupações com eventuais cortes feitos no texto de Molière.
Noutros grupos essa preocupação nem existe.
Alguns viajam imediatamente para a lista de sugestões.
Outros ficam inevitavelmente presos à linha da acção.
Voltamos a reunir o grupo todo. Algumas reacções menos positivas à cena imaginada pelo Grupo 1 (Uma “durational” com dois actores (Valério e Elisa) que vão exemplificando a concretização do seu amor. Sexo a mais. O que é demais enjoa? Demasiado sexo? Demasiado? Sex Overload?!!
A tua cena não cola com a minha. Dúvidas…
Conclusão: Grupos a trabalhar a bom ritmo. E ficam de enviar resultados via mail.
Wokshop O Avarento - CITAC
Retomamos exactamente no ponto em que estávamos.
A Maria Inês explica a sua ideia: cobrir todo o espaço do CITAC com uma grande manta de tecidos. (Hello Christo!)
Continuam as ideias:
- Actores nús como cenário. (uh-ha Cheeky Girls)
- Caixote amontoados como se o espaço estivesse em mudanças.
- Ringue de Boxe.
- Ringue de Wrestling. (BINGO!!!!!!)
- Uma jaula.
- Luz negra e sensores. (Hello Adriana Sá!)
- Um elefante a brincar com um camarão morto. (A chatice vai ser arranjar o camarão)
- Pintar o Citac de branco. (Subversivos ao poder!!)
- Uma cena dicotómica.
- Cadeiras de escritório.
- 1 espectador para cada actor. (Hello… boredom)
- Um labirinto em que só podes ver alguma coisa se errares.
- Actores num palco elevado.
- Um coro de queixas. (Hello Helsinki Complaint Choir -
http://www.youtube.com/watch?v=ATXV3DzKv68)
(thanks Rogério Nuno Costa)
- Que o barulho cá dentro fosse tanto como lá fora.
- Lixo, ruínas, tudo sujo.
- Posters de ídolos.
- Cada personagem com um ídolo.
- Cada actor com uma personagem.
- Cada personagem com um Super-Poder.
- Super-heróis mascarados de pessoas normais como em Os Incredibles
- Crianças nuas e bêbedas e aos beijos na boca. (Hello Master Cassavetes)
- Adolescentes nus e bêbedos e aos beijos na boca.
- Twin Peaks em Teatro.
- Elisa como Laura Palmer, afogada.
- Não usar projectores de teatro.
- Uma série de apanhados.
- O episódio dos marretas em que vai lá tocar o Elton John.
- Momentos ridículos em que as pessoas ficam realmente ridículas e feias.
- A morte do Pinochet em Teatro. (Papa est mort!!!)
- Várias mortes em Teatro.
- Uma pessoa do público que é apanhada com os bolsos cheios de dinheiro.
- Um karaoke do Money dos Pink Floyd.
- O momento em que a PIDE invade o CITAC, mas em Teatro.
- Elisa afogada no Mondego e Valério a salvá-la.
- Alguém a dizer: Eu sou um 20!
- Pessoas a ter prazer.
E agora o que fazemos com isto?
Pergunta da noite: Mas tu só fazes perguntas?!!
Sugestão: Divisão das cinco cenas do 1º acto por cinco grupos. Trabalho de grupo. Regresso ao Molière depois de vaguear por aí. Entrega via mail no fim-de-semana.
Fazemos isto. Mas as perguntas continuam…
segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007
Aula 6, 7 e 8
Vimos o filme Wittgenstein do realizador Derek Jarman e conversámos sobre o que nos interessou: a essencialidade com que a narrativa e a plasticidade são geridas.
Discutiu-se a proposta que temos vindo a desenvolver de fazer sinopses de cada cena de todos os actos por se poder tornar num material textualmente extenso e por isso pesado.
Decidimos em relação ao 2º, 3º, 4º, e 5º acto procurar adaptações livres das divisões pelos actos, mais subjectivas em relação ao material da peça e num percurso mais implicado, onde se pode prever a contaminação por outros textos que surjam de uma pesquisa mais individual.
Aula 7 e 8
“Que vazio da alma me move? Como assim? Isso é afirmar à partida que a minha alma tem um vazio. Há qualquer coisa que lhe falta, é isso? É um buraco? Um buraco negro? A minha alma tem um buraco negro? Pois, não sei, se calhar tem, tem uma falha, um rasgão, um espaço a mais que falta encher…
Se calhar tem… mas isso nota-se? Quero eu dizer vocês olham para mim e vêem? Vêem esse vazio? (…)”
“(…) Se quiserem, se se esforçarem mesmo, observam que a minha alma é absolutamente plena… vive em êxtase de espiritualidade alcançada, numa perfeita harmonia. Não há cá vazios, nem buracos, nem procura de absolutos.”
- Em que ano é que nasceste?
- Qual é a cor das tuas cuecas?
- És daqueles que mijam na rua?
- Gostas de pornografia?
- És viúvo?
- Preferes a vitima ou o herói?
- Branco ou preto?
- Qual é o maior risco da tua vida?
- Comes com talheres ou com pauzinhos?
- Mentes muitas vezes?
- Quando é que isto acaba?
Sugestões para improvisar
“ Justiça não significa que as mesmas regras sejam sempre aplicadas a todas as pessoas”
T. Barry Brazelton
“No que chamamos as artes, uma pessoa com critério progride (…) ao falar de juízo estético sobre uma coisa, não nos limitamos a ficar boquiabertos e dizer ai que maravilha (…) se uma pessoa vai admirar a poesia inglesa tem de saber inglês (…) “
Ludwig Wittgenstein
“Uma pessoa pode cantar uma canção com expressão e sem expressão. Então porque não deixar de parte a canção - poderíamos ter ainda a expressão.”
Ludwig Wittgenstein
Lista de cenas
- Tipo onda vuummm
- Rua sem nome
- Créditos
- Mesa
- Questionário
- Semi-círculo
- Expressão
- Porta
- Reacção estética
Escolhe a tua personagem. Explica porque é que a escolheste. E que razões tens para ficar com ela.
sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007
Workshop O Avarento - CITAC
Começamos com os comentários ao filme do Cassavetes.
Questões que o realizador põe permanentemente ao público:
- Sentem? Quanto?
- Sabem? Quanto?
- Apercebem-se disto?
- Viram isto?
- Conseguem lidar com isto?
- Que problemas têm que eu também tenho?
- Que parte da vida gostaria de conhecer melhor?
Personagens multi-dimensionais.
Amor como tema principal. (Começo a gostar desta coisa das grandes temáticas. Daqui a pouco dou por mim a discutir o poder, tema de 90% dos espectáculos de teatro feitos em Portugal.)
Não conhecemos a totalidade da vida em momento nenhum. Inclusivamente destas personagens.
Visão da condição humana não baseada apenas na psicologia.
Chamadas constantes para a realidade.
Loucura como pretexto para uma indefinição
Todo o filme é bipolar.
Como todas as questões técnicas se deixam abalar pela sensação que alguma coisa está realmente a acontecer entre aqueles actores.
Como os actores reclamam para si a inventividade do que estão a fazer, para além do texto escrito. E como reclamam as personagens em oposição à composição d'O Método.
Perguntas e dúvidas: é difícil fugir aos estereótipos de O Avarento.
Só se quisermos.
Mais Ortega y Gasset: “Prosa e verso há fora do teatro – no livro, no discurso, na conversação, no recital de poesia – e nada disso é o Teatro.”
Actores que dizem as deixas que querem. Como isso é importante no filme e no nosso workshop.
Leitura do quinto e último acto. E agora? O que fazemos com isto?
Discussão:
Pensar no espectáculo por correspondências. O Avarento é um dono de um bordel ou um dealer. (Ou seja, contrariaríamos tudo o que acabámos de ver no filme.)
Exemplos de actualizações de peças de Shakespeare: A 1ª guerra, a 2ª guerra, a Guerra do Iraque (tema de 90% dos espectáculos feitos nos últimos dois anos em Portugal, com “o poder” sempre à espreita claro).
Fugir da convencionalidade e do óbvio como o Diabo da cruz.
Ideias melhores: O Avarento “craves cocaine”.
Todos são Avarentos, ou cada um tem a sua tara.
Ideias piores: personagens demultiplicadas, do género: 2 avarentos cada um representando um estado de espírito diferente.
Silêncio.
Exercício (afinal fazem-se):
Olhar durante quinze minutos para a cena vazia.
Pergunta: “O que é eu gostaria de ver aqui feito, que nunca tenha visto ser aqui feito, nem aqui nem noutro sítio qualquer?”
Tempo. Go.
Sugestões:
Pessoas coladas com fita tape à parede. (Hello Maurizio Cattelan! Nota: já alguém reparou que ele é o spitting image do John Cassavetes??)
Cleanto preso (literalmente) ao pai. (Hello Simbolismo!)
Uma televisão gigante.
Galinhas.
Raios infra-vermelhos. (I love it)
Um tabuleiro de xadrês. (I hate it)
Pessoas penduradas do tecto. (Hello 60’s)
Percursos marcados no chão. (Hello 60’s, 70’s, 80’s, 90’s and 00’s)
Caras e mãos pintadas de branco. (Hello UAU @ CCB)
Pessoas-Marionetas.
Um aquário.
Fazer buracos na parede.
Um bailado clássico. (the best!)
Um leilão de actores. (the second best!)
Um espectáculo do TEUC. (the meta-best!)
Um espectáculo em rewind.
Espaço dividido em compartimentos. (Aparentemente ninguém quer o espaço tal como ele é.)
Pessoas em jaulas.
Pessoas no chão cobertas de nhanha.
Escuridão.
Pessoas penduradas no tecto.
Pessoas penduradas no tecto.
Pessoas penduradas no tecto. (Um clássico desde já.)
Um final infeliz.
Bastidores visíveis.
Espectadores que entram em diferentes fases do espectáculo. (Hello Durational Performance)
Coisas que se alteram e acontecem de forma diferente, tendo como referência os filmes Smoking/No Smoking. (um + na caderneta para a Ana Linda, já!)
Coreografias.
Gritos de guerra. Como no rugby. (Sai um + para a Filipa. Hehehehe)
Mais confusões na geografia do espaço.
Uma acção perturbadora durante o espectáculo, que não tem qualquer ligação com a suposta acção principal. (Filipa rules!!!)
Público que não pode pisar o chão.
Mais divisões da sala.
Cronologia das cenas trocadas e depois organizadas pelo público.
Uma manta tecida por todos… Não se percebeu bem esta ideia. Alguém falou do Nody. E já era hora de terminar. A Maria Inês começa no dia seguinte com a questão da manta.
quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007
Workshop O Avarento - CITAC
Workshop O Avarento - CITAC
Leitura dos resumos dos actos (ou atos) 1 e 2.
Tema de discussão: Paternalismo
Desenvolvimento:
Paternal vs. Paternalista.
Paternalismo como materialização de um conflito geracional.
Paternalismo como poder imposto.
Gerações que se sucedem no exercício do paternalismo. Substituição de um velho poder por um novo poder.
Poder paternalista exercido nas universidades. (Que tema!)
Primeira frase da noite: “Eu sou um 20.”
Desumanização.
Movimentos artísticos que se sucedem, procurando o antagonismo com o movimento anterior.
Dionisíaco vs. Apolíneo (certamente a explorar mais!!)
Demanda do público por espectáculos leves, divertidos, legíveis e unidimensionais.
Conforto na leitura. Desconforto com o pensamento.
Quando e como pode o Teatro ser paternalista?
“Não nos interessa fazer um teatro mais ou menos paternalista, mesmo que a lição do papá pareça certa.”
Tragédia grega como forma imposição de uma norma social em antagonismo com rituais pagãos.
Imposição de valores através do exercício teatral.
Valores fin-de-siécle que perduram no Teatro. Apesar de TUDO!
Importância de Brecht na história do Teatro (a explorar mais também)
Destruição da “Quarta Parede”. (Alguém sabe quem a construiu?)
Leitura do acto 2.
Muita gente a cantar… o texto.
Retomando a conversa. Sim.
Inquérito sobre o workshop da Performance que os citaquianos tiveram com o Vvoitek Ziemilski.
O que é a performance?
“O autor morreu” vs. “O autor sou eu”
O que é performance e o que é teatro.
Segunda frase a noite: “A performance é uma coisa mais moderna.”
“O nosso teatro actual não está à la page da nossa sensibilidade e é a ruína do teatro.”
Ortega y Gasset
Catalogação dos géneros nas artes performativas.
Erótica generalizada nas artes performativas.
Poder e contrapoder. A especialização vs. a erótica.
O que é que esta conversa está mesmo a pedir?? RIZOMA!!!
Generalidades sobre o termo e as suas implicações, por exemplo, na narrativa.
Narrativa simples vs. narrativa fragmentária. (Tema a regressar brevemente.)
Limites da arte e dos artistas.
Teatro, novamente. A coisa chamada teatro.
“A coisa chamada teatro como a coisa chamada “homem” são muitas, inumeráveis coisas diferentes entre si que nascem e morrem, que variam, que se transformam a ponto de, à primeira vista, uma forma não se parecer em nada com a outra”
Ortega y Gasset
Teatro do “Aqui e Agora”.
Teatro do “auto-questionamento”.
Mais Ortega y Gasset: Teatro como combinação entre Hiperactivos e Hiperpassivos.
Ainda mais: Teatro como o sítio onde é preciso ir, seja lá onde for.
Auto-crítica.
Como lidar com as críticas duras.
Condescendência como morte do processo.
Leitura do Acto 3.
Continuam as cantigas.
Workshop O Avarento - CITAC
Primeiras impressões:
Uma black box a fazer lembrar o Blue Elephant Theatre ou a Casa de Teatro de Sintra.
50 anos de história (revolucionária) em cima desta pequena sala. “Cool Vibes, why don’t you kill me?”
Passaram por aqui nomes como: Yvette Centeno, James Coleman (!!!), Isabel Carlos, Ricardo Pais, Sinde Filipe, Emílio Rui Vilar, Nigel Rolfe, Ernesto de Sousa, Vítor Garcia, Ricardo Salvat, Paulo Castro, Hélder Costa, Carlos Avilez, Luis de Lima, António Barreto, Alberto Pimenta, Carla Bolito, Nuno Cardoso, Nuno Pino Custódio, os Visões Úteis, a PIDE (que fechou e perseguiu o CITAC em 1970), etc.
Na parede uma mensagem do meu ex-colega de conservatório Tiago de Faria, que já não vejo provavelmente desde essa altura, e que foi o anterior formador deste grupo.
“Na nossa forma de trabalho encaramos o texto através do corpo. Nunca nos sentamos a discuti-lo.” (Jacques LeCoq)
Muita merda para além das teorias.
Hmmmm… “There may be trouble ahead?”
Como é óbvio, sentamo-nos a discutir. Havíamos de fazer o quê?!
17 alunos, novos “citaquianos”.
A saber: Pedro (Medicina), Filipa (Medicina), Gil (Designer Gráfico), Margarida (Escultura), Talita (Literaturas e línguas estrangeiras), Tessa (Estudos Europeus), Liliana (Turismo), Su (Professora de Ed. Musical), Dana (Jornalismo), Zé (Medicina), Mariana (Jornalismo), Marta (Direito), Zékinha (Artes), Manel (Geografia), Maria Inês (Design de Comunicação), Cheila (Relações Internacionais) e Ana Linda (Medicina).
+ Deus (o Ricardo que está a fazer uma tese de mestrado na área de Antropologia)
Os médicos lideram.
Falamos, falamos. Sobre mim e o Teatro Praga: responsabilidades partilhadas, liberdade do actor, Teatro como edifício cheio de (…), muita discussão, muitos materiais para partilhar, autor vivo/autor morto, morte às personagens, prazer. “Ter sempre a certeza da dúvida.” Umas caras assustadas outras contentes por não fazermos exercícios de descontracção, energia e concentração. God forbids.
Surge a pergunta da noite: “Mas isto vai ser uma anarquia?” Claro que sim/não.
Fun.
Intervalo de 15 (!!!) minutos para fumar. Pelo menos não se fuma dentro da sala. Desconfio que é medida dos anos 90. Bem haja.
Fico a saber que o CITAC vai marchar pelo “Sim”. Com performance pelo meio. Eu e a Rita lá estaremos na Sexta-Feira. Ela com maior propriedade sobre o assunto.
Leitura dos dois primeiros actos de O Avarento de Molière. O Manel (que é francês) não percebeu metade e passou a seguir a versão original. Fica certamente mais bem informado que qualquer um dos outros.
Muitas ligações em J. Como em: as(j)outras. Aparentemente é comum por estas paragens. Sinto-me em Faro.
Fora isso: muito entusiasmo.
Cool Vibes.